Francisca Gabriel de Melo (Quinha da Banca)
Venho hoje homenagear uma guerreira, destemida e que não mede esforço para trabalhar, começou desde cedo a lutar pelas conquistas da vida. Na nossa história cotidiana ela representa todas as mulheres da nossa cidade nesse dia 08 de março: DIA INTERNACIONAL DA MULHER. Nasceu em Brejo Santo na Rua Coronel Ferraz, antiga Rua Velha, seus pai se chamavam Pedro Gabriel de Melo (in memoriam), e Maria Ana da Conceição (in memoriam). São seus irmãos Juarez (in memoriam), Zezinho Gabriel (in memoriam), o memorável Xavier (in memoriam), Francisco e Maria. Os pais de Quinha eram agricultores, e ela trabalhava na roça ajudando sempre que precisava. Quinha estudou até o quarto pedagógico, mas por falta de oportunidade resolveu trabalhar e colocou uma banca na feira. Quinha é solteira, namorou ainda por 10, mas não deu certo. Quinha diz que o local onde hoje se localiza o Banco do Brasil era um açougue, seu pai foi marchante também.
A história de vida de Quinha está presente em cada canto da cidade, principalmente no comércio, cotidianamente, ali na sua banca de temperos, de chás, e principalmente de acolhimento feito por ela. Quem passa vê Quinha alegre, satisfeita com sua banca, com sua simplicidade. Ela relata que acorda todos os dias uma hora da manhã e sai de casa as três horas. Ela mesma monta e desmonta a banca e isso acontece mais de 50 anos. Quinha tem sua filha do coração: Edilânia, e sempre a acompanhou, desde bebê, seu primeiro berço foi um carroça de mão, onde Quinha ia levava a filha. Foram várias cidades “tirando” a feira, Andou por Mirandiba, Porteiras, Barro, Jati e quinzenalmente Juazeiro, mas atualmente só em Brejo Santo. Quinha possuiu três bancas, a primeira foi de confecção, depois de calçados e por último de temperos até hoje. Ela é quem faz o colorau, artesanalmente, pisa diariamente e torra. Além de vender na feira, fornece para os hospitais e lanchonetes.
Quinha é uma pessoa disposta, um exemplo de superação, nunca mediu esforço em trabalhar, pela manhã coloca sua banca, a tarde depois de preparar seu coloral vai ao cemitério para limpar os túmulos sob sua responsabilidade, as pessoas pagam pra esse oficio. Ela lava, água as plantas, enfim faz com satisfação mais esse trabalho. Pergunto a Quinha se tem medo desse trabalho, ela diz que não, mas ao chegar em casa se der 6 horas não entra. Certo Domingo pela manhã uma oito horas, ela estava sozinha e tinha feito a limpeza de três túmulos, mas teve medo, já tinha lavado mais um o da família, não teve coragem nem de beber água. Pediu coragem a Deus, e ao olhar de lado viu uma criança. Perguntou a criança mas quem ele andava, e ele tinha um animal ela não lembra se era gato ou cachorro bem branquinho. A criança pergunta se ela estava com medo, e diz que ela não tivesse medo por que estava com ela. Ela torna a perguntar mais quem ele andava, mas ele não respondeu, silenciou. Após este momento ela já ficou com coragem. E ela foi mudando de lugar e ele acompanhava. Quando ela terminou disse pra ele ir pra casa, por que ele não dizia de onde era, e nem quem era. Ele reponde que ela não tivesse medo e que muitas pessoas já tinham sido enterradas se tivesse morrido de medo. Após esse episódio Quinha disse que não teve mais medo, fica a qualquer hora no cemitério. Que missão corajosa!
Assim aos 74 anos, Quinha faz a nossa história cotidiana, atualmente ela vive com sua filha Edilânia, seus netos Mariana e Claudio Filho e seu Genro Claudio muito conhecido por todos um dos enfermeiros mais bem vistos e dotado da cidade. Quinha Não deixa sua rotina, acredito que esta a faz forte e destemida. Quinha assim nos representa nesse mês dedicado as mulheres, representa a garra e a força das mulheres nordestinas que não teme a luta. Nossa gratidão a Quinha por compartilhar junto com toda sua família a sua história cotidiana a história cotidiana da cidade.


