sexta-feira, 20 de outubro de 2017

COLUNA DO DANILO LIMA (Direto de Roma) - Tempo, tempo, tempo...



Tempo, tempo, tempo...

 Olho o calendário e tomo um susto: 20 de outubro! Como assim, dia 20, se o mês começou ontem!? Você, assim como eu, tem a impressão de que o tempo está passando cada vez mais rápido? Parece que estamos sempre com pressa, não é mesmo? As 24 horas do dia são poucas. Sempre deixamos trabalhos para o outro dia. A semana passa voando; o final de semana, então, nem se fala.

E nessa correria louca da vida, infelizmente, não encontramos mais tempo para, simplesmente, parar. Não encontramos tempo para refletir, ou seja, olhar para nós mesmos, como num espelho. O ócio (que é o contrário de negócio) parece estar cada vez mais ausente. Parece pecado reservar algum tempo para não fazer nada. Apenas para ser!

Compartilho uma definição clássica sobre o tempo, escrita por Santo Agostinho (Séc. IV), no livro XI de suas Confissões.

“Que é o tempo? Quem poderia explicá-lo de maneira breve e fácil? Quem pode concebê-lo, mesmo no pensamento, com bastante clareza para exprimir a ideia com palavras? E no entanto, haverá noção mais familiar e mais conhecida usada em nossas conversações? Quando falamos dele, certamente compreendemos o que dizemos; o mesmo acontece quando ouvimos alguém falar do tempo.

Que é, pois, o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; mas se quiser explicar a quem indaga, já não sei. Contudo, afirmo com certeza e sei que, se nada passasse, não haveria tempo passado; que se não houvesse os acontecimentos, não haveria tempo futuro; e que se nada existisse agora, não haveria tempo presente. Como então podem existir esses dois tempos, o passado e o futuro, se o passado já não existe e se o futuro ainda não chegou? Quanto ao presente, se continuasse sempre presente e não passasse ao pretérito, não seria tempo, mas eternidade.

Portanto, se o presente, para ser tempo, deve tornar-se passado, como podemos afirmar que existe, se sua razão de ser é aquela pela qual deixará de existir? Por isso, o que nos permite afirmar que o tempo existe é a sua tendência para não existir. [...]

O que agora parece claro e evidente para mim é que nem o futuro, nem o passado existem, e é impróprio dizer que há três tempos: passado, presente e futuro. Talvez fosse mais correto dizer: há três tempos: o presente do passado, o presente do presente e o presente do futuro. E essas três espécies de tempos existem em nossa mente, e não as vejo em outra parte. O presente do passado é a memória; o presente do presente é a percepção direta; o presente do futuro é a esperança.”

Renato Russo, na música Tempo Perdido, dizia: “Todos os dias quando acordo não tenho mais o tempo que passou, mas tenho muito tempo. Temos todo o tempo do mundo!”.  Lulu Santos, por sua vez, em Tempos Modernos, canta: “Hoje o tempo voa, amor. Escorre pelas mãos, mesmo sem se sentir.” Por fim, Caetano Veloso, o define como “um Senhor tão bonito”.

Convido você, caro(a) leitor(a), a parar um pouco hoje e pensar sobre a maneira como você está vivendo o seu tempo.
Tempo, tempo, tempo...
Bom final de semana a todos!

Danilo Alves Lima