sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

COLUNA DA MICHELINE MATOS - O artesanato de Brejo Santo quer o seu espaço

O artesanato de Brejo Santo quer o seu espaço


Uma cena de novidade vai desenhando o fim de ano em Brejo Santo e não é a decoração de natal que envolve a cidade. Diversas artesãs se uniram para mostrar que aqui existe gente que tem o dom de fazer arte com as mãos e quer mostrar isso.
Nunca se viu um movimento tão forte de eventos ligados ao artesanato acontecendo na cidade. Primeiro foi o Encontro da artesãs de Brejo Santo em novembro e agora em dezembro, devido a expectativa de visitas, vendas e encomendas ter sido superada, esse grupo de mulheres artesãs realizou mais um encontro. São cerca de dez mulheres que decidiram unir suas artes e ir em busca de um público ainda em formação, pois aqui ainda não temos a cultura de valorizar e comprar o feito a mão.

Para Angela Leite, uma das organizadoras do Primeiro Encontro de mulheres Artesãs de Brejo Santo, a ideia do evento surgiu durante uma conversa com outra amiga também artesã.

“Sentíamos essa necessidade de mostrar a riqueza desse artesanato de boa qualidade produzido por aqui e que muita gente não conhecia”. Recorda Ângela, frisando que devido ao sucesso dos dois eventos decidiram realizar periodicamente as feiras.

Dezembro ainda não acabou e seguimos vendo eventos desse tipo acontecendo. O Balacobaco nome do mais novo coletivo de arte da cidade realizou sua primeira edição no início do mês na Associação Atlética Banco do Brasil- AABB. O evento juntou artesãos, contadores de histórias, músicos e bailarinos em um bazar de dois dias.


As edições seguintes estão mais enxutas, acontecendo na praça central aos sábados. São cerca de vinte artesãos que produzem desde fraldas personalizadas a panelas e artigos de barro.

Os artesãos participantes são guerreiros pois sabem que estão apenas começando a construir um movimento que merece tomar fôlego ao longo de 2018. Ambos grupos não têm vínculo algum com órgãos públicos e buscam entre si ou nas empresas privadas, o patrocinio que necessitam.

É notório que para uma cidade sem uma identidade cultural definida como a nossa, o despontar de um movimento de arte é sempre bem vindo para que futuramente possamos dizer: Isso é tipico daqui! Não temos um suvenir que nos represente por exemplo.

Para Acrislaine uma das organizadoras do Balacobaco, a maior dificuldade encontrada dentro do coletivo é trazer para o movimento, os próprios artistas locais que ainda desacreditam a força que pode ter um coletivo de arte.

“Organizar um coletivo de arte dá muito trabalho pois como não somos somente um bazar aonde cada um produz e vende suas coisas necessitamos de alguns patrocinios. Alguns artistas locais por ainda não saberem a força que um movimento desses pode ter ao longo do tempo, geralmente se negam a participar se não receberem pelo menos um cachê básico. Juntar artesãos tem sido fácil e muito enriquecedor ver como a cada edição eles têm mais vontade de participar.” Explica a organizadora.
Comprar de quem produz é alimentar uma cadeia produtiva consciente. Uma verdadeira corrente do bem, pois nessa cadeia não existe exploração em nenhum nível, só amor pelo que faz. Quer algo mais bacana do que alimentar isso?


Micheline Matos
Fotógrafa, jornalista, mãe de menina e de cachorros. É consumidora fiel de produtos handmade.