sexta-feira, 13 de abril de 2018

COLUNA DA HISTORIADORA FÁTIMA ALVES - Didi e sua maneira descontraída de encarar a vida

Didi e sua maneira descontraída de encarar a vida
 

A cada semana um personagem surge de forma singular, pessoas que vivem sua história de forma insubstituível, com sua maneira de contar seu dia a dia. Hoje, 11 abril, do ano de dois mil e dezoito converso com a Sra. Didi, de personalidade forte e descontraída que  entre uma pergunta e outra me leva a sorrir com sua maneira de encarar os fatos da vida. 

Ao chegar a sua casa, horário de 10 h da manhã, lá vem ela com um sorriso e já brincando: “Isto é horas pra entrevista, retirar a gente da hora de fazer o almoço” (risos). Começo a sorrir com sua maneira irreverente. Mas prontamente expõe sua casa e sua vida como forma de ensinamentos de que tudo na vida tem um lado bom por mais difícil que seja. 

Maria do Socorro Rocha Teles cujo apelido é Didi. Quem é afinal Didi? “É aquela pessoa do tempo em que o Brejo era outro Brejo, um Brejo verdadeiro, que todo mundo via a gente e que como pobre todo mundo dava valor, hoje se você não tiver o dinheiro você não é bem recebida nos cantos, hoje só vale o que tem...” Pra Didi esta é sua visão do Brejo antes e depois. Didi faz uma colocação interessante do passado: “No tempo de Juarez Sampaio, ninguém passava fome no Brejo, Juarez Sampaio dava comida a todo mundo, ninguém saia de lá sem nada não, pra mim ele foi o maior homem do mundo foi a pessoa que devo mais favor na minha vida”.
 
 Com sua irreverência peço a Didi para prosseguir com a conversa e ela diz: “Sim, pois vamos”. Sigo com a seguinte pergunta: E você foi casada com quem? Didi prontamente responde: “Fui casada com Antônio Teles Sobrinho um grande homem” e se emociona. Peço pra que ela fale sobre ele. Didi me faz sorrir quando diz: “Aí meu Deus, vai bulir ai, ai eu choro. Foi um homem bom trabalhador, quarenta anos de casada e  formou as filhas vendendo água nas ruas do Brejo, plantando, um grande agricultor, sobrinho de Miguel Anselmo, com ele tive seis filhos, tive Gêmeos, Cosme e Damião, Maria de Fátima (Fafá), Fabiana e Louro. Tenho 9 netos e 3 bisnetos”.

Pergunto a Didi sua origem familiar. Vem com sua maneira descontraída: “Sou da gêmea (risos), gema, família Ambrósio, Rocha, Lucena e Elizeu”. Didi é Filha de Neco Ambrósio e Mundinha. Pergunto a Didi quem são seus irmãos: “Pifita, que já morreu, bebeu tanto que morreu né, Zé que morreu aos 45 anos era casado com Gracinha de Rosendo, Bebé, Noquinha, Fátima e Mocinha”. Faço uma pergunta comum sobre sua infância. Não dá para ficar séria diante da resposta, pois em meio aos risos Didi responde: “Triste. Lavando roupa na nascença, não tive infância, trabalhei desde os 9 anos de idade, fui doméstica de cozinha na casa de Santa de Mauro Ferreira. Devo toda minha vida”. Por que este trabalho tão jovem? Didi: “Por que não tinha nada na vida, não tinha nem o que comer naquele tempo, hoje todo mundo tem as coisas, não existia aposento, era uma vida cansada, uma vida sofrida”. 

Vamos conversando, sorrindo, e surge a pergunta de que como foi sua juventude. Didi diz que já melhorou, foi diferente, principalmente depois de casada: “Fui ser uma princesa de Antônio Teles Sobrinho”. Teve suas filhas que cresceram estudando, Fafá e Fabiana se formaram. Prossegue Didi: “Morei 18 anos na Lagoa do Mato, as mil maravilhas! Pensei que o mundo era um paraíso que nunca ia ter fim, mas me enganei, Deus levou um e deixou outro. Mas sou feliz porque tenho meus genros que gostam de minhas filhas, Pedro que é um grande homem, Forte que é uma pessoa da Igreja Evangélica, todos felizes”. Quanto a melhora de vida das pessoas Didi enfatiza: “Hoje todo mundo tem as coisas, se não tem muito, mas tem, todo mundo é aposentado”. 

Didi revela que vários fatos marcaram sua vida e que a maior aventura foi no tempo da Prefeitura Velha, em que fora um comício com Bebé sua irmã, na Serra comício de Juarez Sampaio: “Bebé com a manga do vestido arrancada e que tinha extraído um dente... (risos) Didi se reporta ao Brejo Santo em que às dez horas da noite se desligavam as luzes, tudo ficava no escuro, era a motor e que a carne que abastecia a cidade era trazida em carro de boi”. Neste intervalo pergunto sobre seu pai o qual tinha um trator que transportava o lixo da cidade, em sua homenagem o matadouro tem o nome dele, conhecido como Neco Ambrósio.

A manhã foi descontraída, com risos e a sinceridade de Didi. Ao concluir o momento ela diz: “Hoje levo minha vida rindo, gosto de todo mundo, e o que Deus fez tá feito, o homem não desfaz, não tenho vingança, não tenho ódio de ninguém, pra mim todo mundo é bom e amigo”.



Assim é Didi, esta mulher que vive seu dia a dia, frente às dificuldades, mas que supera os desafios nos ensinando que sorrir pra vida é o melhor remédio e que a sinceridade é a fortaleza dos fortes. Agradeço esta manhã, tão rica, pela disponibilidade em relatar algo tão pessoal que é sua vida e seu dia a dia.