Parabéns Dona Giseulda Arraes: “Uma mulher com limites e com uma incrível vontade de aprender a amar”.
Primeiramente parabéns Dona Giseulda pelos seus 70 anos de Vida, comemorado neste dia 12 de junho. Hoje irei traçar um pouco destes anos vivido pela senhora. Faço reverência a esta mulher especial, que muito nos honra em compor o cenário histórico de nossa cidade. Mas quem é Dona Giseulda? “uma mulher com limites e com uma incrível vontade de aprender a amar” assim se intitula.
Faço uma analogia de sua personalidade com de algumas mulheres bíblicas como exemplo: SARA: Cheia de fé; MARIÃ: líder de louvor; RAABE: Corajosa; DÉBORA: Juíza e líder de guerra; RUTE: Leal, dedicada; ANA: mulher de oração; ESTER: sensata; MARIA: Obediente; PRISCILA: professora; Sempre que converso com Dona Giseulda veja sua mansidão e sua maneira sábia de expressar a Palavra de Deus.
Dona Giseulda Arraes de Araújo nasceu em Umari, uma cidade próxima a Paraíba, chegou a Brejo Santo com apenas 5 anos de idade. Filha do Casal dona Constância e do Tenente Arraes, proveniente de uma família de 7 irmãos, sendo que três destes, nascera em Brejo Santo e uma Irmã do primeiro casamento, visto que o Tenente Arraes era viúvo quando se casou com Dona Constância. Dona Giseulda ao falar de Brejo Santo retrata o ditado: “Quem bebe da água da cacimbinha, jamais deixará de amar esta cidade”. Ficou apaixonada por Brejo Santo desde o primeiro momento.
Dona Giseulda ao recordar de sua infância algumas lhe vem a mente como, por exemplo, as luzes da cidade que apagavam as 9 horas da noite e a limpeza pública que era feita em um carro de boi e o boi se chamava Tatá dirigido pelo Sr. Expedito Cocholó. O boi Tatá era manso e o Sr. Expedito após o expediente, final da tarde soltava o boi e as crianças aproveitavam para brincar com ele, subia, fazia a montaria, enfim tudo muito sadio. Assim era Brejo Santo, pacato, onde as pessoas sentavam nas calçadas a contar histórias.
Um dos fatos que marcara a infância de Dona Giseulda foi a coragem de sua mãe Dona Cosntância, ajudar uma prostituta. As mulheres na época eram marginalizadas e certa vez na cidade de Porteiras um policial agride uma prostituta, ferindo-a, houve apenas um atendimento farmacêutico realizado pelo então Sr. Vicente, tio de Benone e pai de Vicelmo. Pois bem, após o atendimento a mulher foi levada para a delegacia, a qual ficou presa. No outro dia quando Dona Cosntancia chegou para deixar o café da manhã ao Tenente Arraes, ouviu a mulher chorando de dores. Com o espirito generoso, Dona Constância perguntou ao esposo o que tinha acontecido e este disse. Mas com o grande coração que possuía, pediu ao Tenente que soltasse a mulher e resolveu ajudá-la tratando dos ferimentos com o farmacêutico Vicente. Levou para sua casa cuidou dela até que ficasse curada. Esta mulher ficou agradecida e deu um belo pote bem e este ficou com Dona Constância por mais de 40 anos. Revela Dona Giseulda que as mulheres que tinham vida livre não podiam fazer a feira no mesmo horário que as demais da cidade, as senhoras faziam pela manhã e elas só ao meio dia, momento em que elas não podiam se encontrar com as outras. Assim sua mãe fora esse exemplo de bondade. Lembra que seu pai era um homem pacato. Segue o exemplo da mãe e mesmo criança resolve ajudar as famílias dos policiais, principalmente com as crianças. Apesar da sua família não ter problema com álcool, ela já enfrentava ajudando as famílias dos policiais, como por exemplo, um fato cômico que é de Dona Santa. Dona Santa era baixinha e seu esposo o Araujão o qual bebia, mas ela batia nele sempre que chegava bêbado e depois ia fazer a denúncia na delegacia. Resultado: Araujão prestava serviço na delegacia por uma semana e dona Santa de agressora passava a ser vitima. Como afirma dona Giseulda de fato ele era vitima. Diz: “Me apaixonei por esse povo que quer abrir as janelas do passado e descobrir no passado beleza, mas também momentos tristes é preciso ter coragem para abrir as janelas do passado e ver nele tanto o positivo como o negativo”.
Na sua juventude achava que ia ser Freira, mas namorou 10 anos com Hélio Nicodemos, alcoólatra na ativa e a este ensinou a rezar no banco da praça, momentos felizes, até que os pais consentiram o casamento e deste foram dois filhos Aline e Anderson e 3 netos, os quais são seu maior presente. Encontrou muitas dificuldades, foi muito, muito difícil, passou por momentos sofridos: “Encontrei anjos, precisamos de Deus, mas também de gente que nos ajude” reforça ainda e se emociona: “A melhor coisa de minha vida foi casar e a pior foi ficar viúva”. Dona Giseulda trabalhou como professora nas escolas: Joaquim Gomes Basílio, João XXII, José Matias e Padre Viana, neste último estudava pela manhã e ensinava a tarde. Seu primeiro contrato foi ofertado por Emilio Salviano. Na escola João XXIII trabalhava com a Pedagogia do amor, alguns de seus alunos: Dr. Emicles, Dr. Bebeto e Dra Isabel Brasil (cirurgiã plástica). Revela Dona Giseulda que a Pedagogia do Amor não dera certo na escola pública. Neste momento traz ainda na memória sua primeira professora que foi Dona Balbina (Bina) a mãe de Bernadete e esta por sua vez foi sua professora também e diz que Dona Pedrosina era sua parenta, a primeira professora de Brejo Santo.
Dona Giseulda reporta-se a história de Brejo Santo e começa a viajar pelo tempo e refere-se ao crescimento e as mudanças ocorridas nestes anos e como se considera uma coruja, pois dorme tarde e aos doze badaladas, segundo ela, acorda para orar pelas pessoas, pelos filhos, pelos netos em especial por pessoas que sofrem de câncer, pelo grupo do Alanon, as pastorais, os padres em especial Monsenhor Dermival, Padre Luciano e Padre Edvan. Em meio a estas mudanças e orações noturnas diz: “Sou sonhadora e como sonhadora gosto de rezar pela madrugada e encontro as madrugadoras nas redes sociais, a qual é um leque de informações, pois apesar de ter uma vida reservada não me encontro alheia aos acontecimentos, vibro com cada vitória da cidade, principalmente com a educação nota 10”. Ela refere-se ainda a Dona Terezinha Landim como sua mentora, mãe de Dr. Welington Landim: “Educou a família e deixou um legado”. Vem a mente a pessoa de Dr. Welington, e conta um fato inédito sobre a liderança dele na infância: “Mesmo criança ele tinha um espirito altruísta, levava dois lápis quando ia para a escola, por que se algum colega não tivesse ele dava o outro. Certa vez subiu em um caixão de lixo e começou a discursar. Vi tanta beleza naquela família”. Enaltece o progresso de Brejo Santo, diz que existe um Brejo antes e depois de Dr. Welington. Ela conta que ficou honrada com primeira visita de Nossa Senhora quando era recém-casada, por intermédio de Dra. Wegila e Lidia de Amadeus ainda crianças, tiveram a idéia de pedir a santa a Dona Zefinha e sair de casa em casa rezando o terço. Hoje nas suas orações coloca Dra. Teresa primeira mulher prefeita, pois se já é difícil governar sua casa imaginem uma cidade.
Don Giseulda faz um reconhecimento de outras pessoas que também enalteceram a história de Brejo Santo. Reconhece o trabalho de uma primeira dama que muito fez pelo social: Socorrinha Lucena, uma mulher dotada de fé que revolucionou com suas ações, ajudava a todos que precisassem. Foi beleza e crescimento. Outro fato foi a vinda das Irmãs Sacramentinas, para ela Monsenhor semeou, mas as Irmãs Fertilizaram. Sentimos falta do trabalho, mas precisamos fazer o desligamento emocional, diz com suas sábias palavras. Diante do exposto Dona Giseulda faz referência as Paróquias do São Francisco e do Sagrado Coração de Jesus nas pessoas dos Padres Arnaldo e Pedro. “Padre Arnaldo não está só modificando o templo, mas o espiritual.” Segundo ela, apesar de serem duas Paróquias, somos franciscanos e do Coração de Jesus. Além da nossa religiosidade faz menção a Educação nota 10 na pessoa de sua afilhada: Ana Jaqueline Braga, filha de sua madrinha Erulina: “Quando a vejo na internet, comemorando seu aniversário arrodeada de super heróis como se fosse uma criança, sempre foi uma criança feliz e sempre passou amor”. Refere-se as outras irmãs de Jaqueline. Josélia e Normélia que também a chama de madrinha: “Espero que nunca sejam cometas, mas que sejam eternas estrelas para tornar o mundo mais belo”.
O amor pelo ECC é enorme, fez no ano de 1986 e no ano de 1988 implantou com outros casais na paróquia: Dr. Lucena e Socorrinha, Anetilia e Amancio, Arlete e Wedson, Socorrinha e Hilton, Fátima e Aloisio, Moura e Rita. Porém teve que se afastar por que segundo o setorial, viúvas não podem participar.
Após a morte de Hélio Dona Giseulda se apegou com Nossa Senhora, por que ela sempre tem um titulo que nos ajuda nas horas difíceis e na hora da morte porque ela experimentou este mesmo sentimento de dor. Hoje trabalha com O EJC e a chamam de vovó e para ela é uma nova geração que se levanta fruto da oração de pessoas que vivem no anonimato e que oferece seus filhos ao serviço da Igreja.
Encerro este texto com a frase desta mulher sábia e adorável: “Deus no nosso dia a dia nos casa com um grupo heterogêneo de pecadores para aprender a amar”.
Felicidades nestes seus 70 anos bem vividos e amado!
Brejo Santo, entrevista realizada em 22 de maio do ano de 2018