segunda-feira, 25 de junho de 2018

COLUNA DO DAVID JR. - A CRISE POLÍTICA AFETA NOSSA FORMA DE “SENTIR” O MUNDO?


A CRISE POLÍTICA AFETA NOSSA FORMA DE “SENTIR” O MUNDO?

Alguém com quem gosto muito de conversar me fez essa pergunta. E achei interessante refletir sobre ela, visto que parece que estamos vivendo em um estado generalizado de angústia, de ausência de possibilidades, de incredulidade...

Os nossos processos de vida, o que sentimos, como sentimos e o que somos derivam da influência de vários aspectos ambientais, emocionais, biológicos, fisiológicos, psicológicos, e também políticos, sim, políticos. 

A política, enquanto ciência, responsável pelas inúmeras transformações culturais, sociais, estruturais, também influem na forma como o ser humano percebe o mundo, claro que alguns são mais afetados do que outros, psicologicamente falando, mas isso também faz parte das transformações (ou estagnações) que a política é capaz de causar (o que depende muito da maneira como ela é utilizada).

A política enquanto instituição é responsável pelo funcionamento social, pela forma como as pessoas se relacionam, com elas e com o mundo. É a organização (ou desorganização) política que toca direto ou indiretamente nas pessoas, em suas vidas, e em sua percepção de si e dos outros, e pode está relacionada com a autoestima, com a vontade de poder, de ser, de fazer, oferecendo mais caminhos de improdutividade do que qualquer outra coisa. A política também deve ser vista como responsável pela saúde mental das pessoas, sendo capaz de proporcionar aos sujeitos possibilidades de encontros e contextos que promovam saúde, e não o contrário – fazendo com que as pessoas sintam-se inúteis diante da própria vida (ou das decisões sobre ela). 

Além dos investimentos em políticas públicas que oferecem à população caminhos alternativos para o cuidado consigo, a política e os políticos precisam se perceber enquanto sujeitos influenciadores para a vida das pessoas, são neles que muitas pessoas se projetam, se enxergam, mas se frustram, desacreditam, se afetam. 

Temos nos apresentado, muitas vezes, como povo sem esperança, refém das decisões alheias, e que em muitas vezes, não consideram nossas perspectivas enquanto povo, enquanto gente, enquanto sujeito, enquanto cidadão, e isso tem sim a ver com a credibilidade dos nossos gestores 9em todas as esferas), tem a ver com a forma de como o país se comporta economicamente, socialmente, politicamente. Qualquer mudança (positiva, é claro) é capaz de nos empolgar, de vislumbrarmos outras oportunidades, mas a realidade, os discursos, as atitudes voltam a nos banhar com água gelado, contraindo nossas expectativas, limitando nossas reações. 

Nos últimos anos a nossa forma de sentir o mundo tem sido sim, e muito, atingida pelas “frustrações” que a política tem nos oferecido, pelas problemáticas sociais – que quando não “podem” ser resolvidas, devem, no mínimo, ser prevenidas. É um fato. 

Pois bem, que nos resta enfrentar os traumas políticos que sofremos todos os dias, tentando nos resguardar na resiliência que a vida e a cidadania nos permitem, superando e esperando o surgimento de outras possibilidades, para fazer, para se refazer. 
Uma Ótima Semana. Até a próxima. 

David Junior – Psicólogo