quarta-feira, 20 de junho de 2018

COLUNA DO PROFESSOR PIXOTE - Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.

Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.



Hoje vamos trabalhar com a Habilidade 2  da Competência  1 da área de Ciências Humanas.  Mas antes amos fazer um recorte sobre MEMÓRIA.
 
PRIMEIRO VAMOS CONSULTAR O SEU SIGNIFICADO
A memória é a capacidade de adquirir, armazenar e recuperar (evocar) informações disponíveis, seja internamente, no cérebro (memória biológica), seja externamente, em dispositivos artificiais (memória artificial). Também é o armazenamento de informações e fatos obtidos através de experiências ouvidas ou vividas. Focaliza coisas específicas, requer grande quantidade de energia mental e deteriora-se com a idade. É um processo que conecta pedaços de memória e conhecimentos a fim de gerar novas ideias, ajudando a tomar decisões diárias. https://pt.wikipedia.org/wiki/Mem%C3%B3ria

AGORA QUE TEMOS MAIS CLAREZA, VAMOS CONHECER UM POUCO DE MITOLOGIA GREGA.  PROFESSOR PIXOTE ESCLARECE
 
MNEMOSINE era filha de Urano (o Céu), e de Gaia (a Terra). Ela era a deusa da memória e uma das seis TITANIDES ao lado de  Febe,  Rea, Téia ou Tia, Têmis e Tetis.
 
     Zeus venceu a guerra contra os Titãs e tornou-se o líder dos deuses dos olímpicos e queria manter viva as suas glórias pois temia ser esquecido. Encontrou uma maneira de preservar seus grandes feitos: disfarçou-se de pastor e seduziu Mnemosine (a deusa Memória). Durante nove noites seguidas Zeus a possuiu na Pieria e dessa união nasceram as nove Musas.  Elas tinham por missão presidir às artes e ciências, isto é, às diversas formas de pensamento.  
 
Calíope era a musa da poesia épica, Clio da História, Euterpe da música e das flautas, Erato da poesia lírica, Terpsícore da dança, Melpomene da tragédia, Talia da comédia, Polímnia dos hinos sagrados e Urânia da astronomia.
 
     A explicação serve um pouco para ilustrar o valor da memória nas sociedades. Ela se apresenta por meio de relatos orais, imagens e monumentos, documentos escritos, mas também por meio de mitos e lendas. A memória procura preservar o que não se deve esquecer, além de transmitir para as demais gerações as experiências e significados humanos. Logo, inexistem sociedades sem memória.
UM POUCO DE LITERATURA FILOSÓFICA E CIÊNCIA
 São Tomás de Aquino considerou a Memória parte da virtude da Prudência, juntamente com a Inteligência e a Providência, Sigmund Freud procurou distinguir memória de lembrança.  
 
PENSADORES CONTEMPORÂNEOS
Uma das funções mais importantes da memória é ser fonte de respostas às questões que intrigam o ser humano - a sua origem, identidade e a sua posição e papel no mundo - por isso é muito significativo que Mnemosyne esteja ligada à faculdade da orientação e da desorientação no tempo e no espaço ( FABIANA SANTOS DANTAS)
Memória é a capacidade humana de reter fatos e experiências do passado e retransmití-los às novas gerações através de diferentes suportes empíricos (voz, música, imagem, textos, etc.).
Existe uma memória individual que é aquela guardada por um indivíduo e se refere as suas próprias vivências e experiências, mas que contém também aspectos da memória do grupo social onde ele se formou, isto é, onde esse indivíduo foi socializado.
 
Há também aquilo que denominamos de memória coletiva que é aquela formada pelos fatos e aspectos julgados relevantes e que são guardados como memória oficial da sociedade mais ampla. Ela geralmente se expressa naquilo que chamamos de lugares da memória que são os monumentos, hinos oficiais, quadros e obras literárias e artísticas que expressam a versão consolidada de um passado coletivo de uma dada sociedade.  ( Olga Rodrigues de Moraes VON SIMSON.
 
AGORA, AS QUESTÕES DO ENEM COM A HABILIDADE 2
O que o projeto governamental tem em vista é poupar à Nação o prejuízo irreparável do perecimento e da evasão do que há de mais precioso no seu patrimônio. Grande parte das obras de arte até mais valiosas e dos bens de maior interesse histórico, de que a coletividade brasileira era depositária, têm desaparecido ou se arruinado irremediavelmente. As obras de arte típicas e as relíquias da história de cada país não constituem o seu patrimônio privado, e sim um patrimônio comum de todos os povos.
 
ANDRADE, R. M. F., Defesa do patrimônio artístico e histórico. O Jornal, 30 out. 1936. In: AVVES FILHO, I. Brasil, 500 anos em documentos. Rio de Janeiro: Mauad, 1999 [adaptado].
1 – (ENEM, 2012) .A criação, no Brasil, do Serviço do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (SPHAN), em 1937, foi orientada por ideias como as descritas no texto, que visavam
A. submeter a memória e o patrimônio nacional ao controle dos órgãos públicos, de acordo com a tendência autoritária do Estado Novo.
B. transferir para a iniciativa privada a responsabilidade de preservação do patrimônio nacional, por meio de leis de incentivo fiscal.
C. definir os fatos e personagens históricos a serem cultuados pela sociedade brasileira, de acordo com o interesse público.
D. resguardar da destruição as obras representativas da cultura nacional, por meio de políticas públicas preservacionistas.
E. determinar as responsabilidades pela destruição de patrimônio nacional, de acordo com a legislação brasileira.
 
Resolução - D
A criação do Serviço do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (SPHAN), em 1937, tinha como objetivo proteger o patrimônio artístico e histórico brasileiro. Essa instituição surge durante o Estado Novo (1937-1945), período no qual o governo autoritário de Getúlio Vargas tinha como pano de fundo o nacionalismo e patriotismo, que valorizava o patrimônio histórico e artístico nacional como forma de preservar a identidade e a memória da nação.
 http://educacao.globo.com/provas/enem-2012/questoes/13.html
 
Quem construiu a Tebas de sete portas? Nos livros estão nomes de reis. Arrastaram eles os blocos de pedra?
E a Babilônia várias vezes destruída. Quem a reconstruiu tantas vezes? Em que casas da Lima dourada moravam os construtores? Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China ficou pronta?
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem triunfaram os césares?
BRECHT, B. Perguntas de um trabalhador que lê. Disponível em: http://recantodasletras.uol.com.br Acesso em: 28 abr. 2010.
 
2 – (ENEM, 2010).Partindo das reflexões de um trabalhador que lê um livro de História, o autor censura a memória construída sobre determinados monumentos e acontecimentos históricos. A crítica refere-se ao fato de que
A. os agentes históricos de uma determinada sociedade deveriam ser aqueles que  realizaram feitos heroicos ou grandiosos e, por isso, ficaram na memória.
B. a História deveria se preocupar em memorizar os nomes de reis ou dos governantes das civilizações que se desenvolveram ao longo do tempo.
C. os grandes monumentos históricos foram construídos por trabalhadores, mas sua memória está vinculada aos governantes das sociedades que os construíram.
D. os trabalhadores consideram que a História é uma ciência de difícil compreensão, pois trata de sociedades antigas e distantes no tempo.
E. as civilizações citadas no texto, embora muito importantes, permanecem sem terem sido alvos de pesquisas históricas. 
 
RESOLUÇÃO - C
Em seu texto Berthold Brecht (dramaturgo e poeta que viveu entre 1898-1956) critica a tradição historiográfica que destaca os feitos das elites e dos governantes, deixando de lado a participação dos trabalhadores e das pessoas comuns. Para ele, a participação do povo é mais importante do que dos seus governantes, pois foi o povo que construíram os grandes monumentos e formaram as grandes civilizações.
http://educacao.globo.com/provas/enem-2010/questoes/20.html
 
A partir de 1942 e estendendo-se até o final do Estado Novo, o Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio de Getúlio Vargas falou aos ouvintes da Rádio Nacional semanalmente, por dez minutos, no programa “Hora do Brasil”. O objetivo declarado do governo  era esclarecer os trabalhadores acerca das inovações na legislação de proteção ao trabalho. GOMES, A. C. A invenção do trabalhismo. Rio de Janeiro: IUPERJ / Vértice. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1988 [adaptado].
3 – (ENEM, 2009) .Os programas “Hora do Brasil” contribuíram para
A. conscientizar os trabalhadores de que os direitos sociais foram conquistados por  seu esforço, após anos de lutas sindicais.
B. promover a autonomia dos grupos sociais, por meio de uma linguagem simples de fácil entendimento.
C. estimular os movimentos grevistas, que reivindicavam um aprofundamento dos direitos trabalhistas.
D. consolidar a imagem de Vargas como um governante protetor das massas.
E. aumentar os grupos de discussão política dos trabalhadores, estimulados pelas palavras do ministro.
 
RESOLUÇÃO - D
Uma das características do governo de Getúlio Vargas foi a busca do apoio popular (populismo). Dessa maneira, utilizou dos meios de comunicação para fazer propaganda de seu governo. Um deles foi a “hora do Brasil”, programa de rádio em que Getúlio fazia discursos baseados na valorização do trabalho e do trabalhador e dos símbolos nacionais, buscando popularizar sua imagem como “pai dos pobres”.]
http://educacao.globo.com/provas/enem-2009/questoes/62.html
 
I – Para consolidar-se como governo, a República precisava eliminar as arestas, conciliar-se com o passado monarquista, incorporar distintas vertentes do republicanismo. Tiradentes não deveria ser visto como herói republicano radical, mas sim como herói cívico religioso, como mártir, integrador, portador da imagem do povo inteiro. CARVALHO, J. M. C. A formação das almas: O imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
II – Ei-lo, o gigante da praça, / O Cristo da multidão! É Tiradentes quem passa / Deixem passar o Titão.
ALVES, C. Gonzaga ou a revolução de Minas. In: CARVALHO. J. M. C. A formação das almas: O maginário da Republica no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
 
4 – (ENEM, 2010)A primeira República brasileira, nos seus primórdios, precisava constituir uma figura heroica capaz de congregar diferenças e sustentar simbolicamente o novo regime. Optando pela figura de Tiradentes, deixou de lado figuras como Frei Caneca ou Bento Gonçalves. A transformação do inconfidente em herói nacional evidencia que o esforço de  construção de um simbolismo por parte da República estava relacionado
A. ao caráter nacionalista e republicano da Inconfidência, evidenciado nas ideias e a atuação de Tiradentes.
B. à identificação da Conjuração Mineira como o movimento precursor do positivismo brasileiro.
C. ao fato de a proclamação da República ter sido um movimento de poucas raízes populares, que precisava de legitimação.
D. à semelhança física entre Tiradentes e Jesus, que proporcionaria, a um povo católico como o brasileiro, uma fácil identificação.
E. ao fato de Frei Caneca e Bento Gonçalves terem liderado movimentos separatistas no Nordeste e no Sul do país.
 
RESOLUÇÃO - C
Assim como na História da Independência, o processo de proclamação da república no Brasil foi praticamente monopolizado pelas elites, ou seja, não contou com participação popular. Nesse sentido, visando construir uma memória nacional de apelo popular a figura de Tiradentes passou de rebelde inconfidente para “herói cívico-religioso”.
 
http://educacao.globo.com/provas/enem-2010/questoes/26.html
É difícil encontrar um texto sobre a Proclamação da República no Brasil que não cite a afirmação de Aristides Lobo, no Diário Popular de São Paulo, de que “o povo assistiu àquilo bestializado”. Essa versão foi relida pelos enaltecedores da Revolução de 1930, que não descuidaram da forma republicana, mas realçaram a exclusão social, o militarismo e o estrangeirismo da fórmula implantada em 1889. Isto porque o Brasil brasileiro teria nascido em 1930. MELLO, M. T. C. A república consentida: cultura democrática e científica no final do Império. Rio de Janeiro: FGV, 2007 [adaptado].
 
5 – (ENEM, 2011) O texto defende que a consolidação de uma determinada memória sobre a Proclamação da República no Brasil teve, na Revolução de 1930, um de seus momentos mais importantes. Os defensores da Revolução de 1930 procuraram construir uma visão negativa para os eventos de 1889, porque esta era uma maneira de
A. valorizar as propostas políticas democráticas e liberais vitoriosas.
B. resgatar simbolicamente as figuras políticas ligadas à Monarquia.
C. criticar a política educacional adotada durante a República Velha.
D. legitimar a ordem política inaugurada com a chegada desse grupo ao poder.
E. destacar a ampla participação popular obtida no processo da Proclamação.
 
Resolução - D
Ao colocar fim a Primeira República, a Revolução de 1930 além de representar a insatisfação de grupos oligárquicos dissidentes – principalmente dos estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul – pretendia obter o apoio de classes que estavam gradativamente mais presentes em uma sociedade cada vez mais urbanizada, estes eram os proletariados e a classe média (representados principalmente pelo tenentismo). Sendo assim, ao chegar ao poder Getúlio Vargas; iniciando neste período a Era Vargas; busca criticar e desqualificar todo o período caracterizado como República Velha, para legitimar nova ordem política e buscar adesão desses novos segmentos da sociedade.
http://educacao.globo.com/provas/enem-2011/questoes/62.html
 
REFERÊNCIAS  BIBLIOGRÁFICAS
CARAZZAI, Emilio; WERTHEIN, Jorge. Memória, um lugar a ser visitado. In: UNESCO. Patrimônio mundial no Brasil. Brasília: UNESCO: Caixa Econômica Federal, 2000.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2001.
DANTAS, Fabiana Santos. Direito fundamental à memória. Curitiba: Juruá, 2010.
KURY, Mário da Gama. (1990). Dicionário de Mitologia  Grega e Romana. Jorge Zahar Editor Ltda. Rio de Janeiro, RJ. pp. 405.
VERNANT, Jean-Pierre. Mito e Pensamento entre os gregos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
http://www.lite.fe.unicamp.br/revista/vonsimson.html