sábado, 14 de julho de 2018

COLUNA DO MARCOS GOMES - Casa de taipa


CASA DE TAIPA

Numa casa de taipa eu escrevi
Os rascunhos da minha mocidade
Dentro dela recordo que aprendi
Os princípios de ter honestidade
As primeiras lições da minha vida
E os sinônimos da tal felicidade.

De manhã eu tomava um cafezinho
As 10 horas o almoço concluído
12 horas o mel de rapadura
Com cuscuz para nós era servido
E na janta o baião era sagrado
Bem quentinho por nós era engolido.

Era parte da minha obrigação
Moer milho cedinho pra o cuscuz
Lavar trem em bacia no oitão
Muitas vezes pra mãe eu me propus
E de noite a família só dormia
Sob as graças e bênçãos de Jesus.

Peguei água no jegue de ancoreta
Na pequena cacimba que pai tinha
Limpei milho e feijão todos os dias
Chupei manga, goiaba, comi pinha
E o tempero da janta todo dia
Era língua de vaca torradinha.

Foram tantas histórias que não dá
Pra listá-las com muita precisão
Fiz aqui o registro de algumas
Dos arquivos da imaginação
Mas se fosse contar sem faltar nada
Minha história era um livro do sertão.


Marcos Gomes de Sousa
Poeta, Radialista e Administrador.
Um incansável defensor da cultura popular.
Filho de Brejo Santo – CE, nascido no Sítio
Cachoeirinha – Distrito do Poço do Pau - Brejo Santo - CE.
Cantoria de viola é sua festa preferida.