Uma triste noite de domingo
Neste domingo ao chegar da missa, fui ver o facebook quando me deparei com uma noticia que literalmente me deixou muito triste: um incêndio de grandes proporções destruía o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, Zona Norte do Rio.
Não consegui no primeiro momento assimilar muito bem a manchete. Como assim o Museu Nacional? Aquele que completou 200 anos em 2018 e que já foi residência de um rei e dois imperadores e que abrigava no seu interior mais de 20 milhões de itens entre fosseis, múmias, registros históricos e obras de arte?
Ver as chamas consumindo todo um passado histórico parecia surreal. Não conseguia assimilar tamanha destruição em um patrimônio histórico cultural.
Na segunda- feira li uma postagem do que Jornal francês Le Monde enfatizava a indignação de pesquisadores e historiadores com o descaso do governo, que teria resultado no incêndio que consumiu o que eles chamam de "joia da cultura brasileira". Eles também destacavam um protesto em frente ao museu.
Neste momento vejo uma postagem de uma amiga querida: Thay. Uma jovem que vence a cada dia os desafios de morar numa favela no Rio de Janeiro. Universitária, faz parte de movimentos estudantis e participou comigo do 18º Diálogo da Educação, na Globo do Rio de Janeiro. No primeiro momento já fiquei fã da Thay pela sua coragem e determinação.
A postagem mostrava ferimentos em sua perna. Thay estava junto a mais de mil pessoas que estavam no local, a maioria estudantes e pesquisadores, cobrando responsabilidades pela tragédia. Um tumulto e bombas de efeito moral, e spray de pimenta foram lançados sobre os manifestantes.
No entanto, eles continuaram a gritar sua indignação perante uma tragédia anunciada.
Em um post, o grande educador Cesar Nunes da Unicamp, escreveu:
A destruição do Museu Nacional abalou minha visão de mundo. Sempre achei que a cultura, os museus, as bibliotecas e as galerias de artes eram santuários da humanidade, catedrais da dignidade e da história humana. O Museu Nacional era um orgulho bom, ainda que pudéssemos ver o abandono em que paulatinamente se materializava. Perdemos todos. Perdemos muito. Além de seu acervo perdemos um pouco de nossa esperança. Da lucidez e da esperança. Mas, não concordo que seja o país a ser criticado e condenado. O incêndio do Museu Nacional é responsabilidade dos poderes constituídos. Todos os níveis e esferas. É um crime de lesa-pátria, não um acidente.
E realmente nossa visão de mundo foi abalada.
Por uma humanidade melhor!
Jacqueline Braga