sexta-feira, 30 de novembro de 2018

COLUNA DA HISTORIADORA FÁTIMA ALVES - SR. PEDRO DA FAZENDA, homem servo e fiel a Deus.

SR. PEDRO DA FAZENDA, homem servo e fiel a Deus.

Hoje, dedico o espaço na história cotidiana ao Sr. Pedro, o qual nasceu no ano de 1941 no Sítio Rio do Gato, município de Jardim, hoje pertencente a Jati. É filho do casal José Martins de Sousa e Maria Romão de Sousa. Seu pai era irmão de Dona Sinhá, mãe de Antônio Martins. Quando criança seus pais se mudaram para o Distrito do Poço, Sítio Cachoeirinha. Ao chegar na comunidade começou a estudar, mas Sr. Pedro revela que as escolas eram "atrasadas" e tinha dificuldades. O Sr. José Alvino de Tinin era o professor do município naquela época. Sr. Pedro estudou até o 4º ano primário naquela comunidade e concluiu o 2º grau, magistério depois de casado, já residindo na Cidade de Brejo Santo. Pergunto qual brincadeira marcou sua juventude, ele diz que era o coco, uma dança, onde as pessoas cantavam e cada um tinha um par, fazia-se uma roda e depois de várias voltas, dançavam. Sr. Pedro diz que o interessante eram as músicas que as pessoas cantavam: "Meu vaqueiro novo na serra, meu boi novo na malhada" e segundo ele todos rodavam várias vezes e depois trocavam de par. Que bonito é poder conversar com Sr. Pedro, com seus 77 anos, rico em memórias.
 

Surge uma curiosidade a respeito da localidade de Cachoeirinha: Ele diz que era uma vila grande e uma festa tradicional acontecia todos os anos. Era a festa de Senhora Santana, onde ia muita gente da cidade de Brejo Santo. Tinha parque e na época quem coordenava era a mãe de Antônio Martins, Dona Sinhá, com quem foi morar. Como o esposo dela estava doente, seus pais o deixam morar com a tia e por intermédio de Dona Sinhá Martins ele se engaja na Igreja e começa a coordenar a festa na década de 1960, até os dias atuais. Dona Sinhá era responsável pela parte social e por todo o desenvolvimento da festa espiritual também. Assim no ano de 1967 Sr. Pedro começa a coordenar com a ajuda de várias pessoas, entre elas Bidida, (mãe de Tica de Chico Eufrásio) com a qual tenho parentesco, que até o ano de 1971, ajudava a cantar a festa junto com Maria Chico. Sr. Pedro vai conversando, e uma história puxa a outra. Ele então diz que foi em um desses momentos que conheceu sua esposa Iracema, pois como uma ajudante do coral estava doente, foi contratado um coral do Giqui, Distrito de Palestina no município de Mauriti. Coral este coordenado por Francinete Gomes, (Esposa de Indé Martins) que trouxe sua irmã Iracema, que também fazia parte do coral do Giqui. Nessa ocasião Sr. Pedro e Iracema começam a namorar em 1968 e no ano de 1971 casam-se. Casaram na residência de seus sogros João Pimenta e Ventura Gomes no Sítio Giqui e foram morar no Sítio cachoeirinha. Da união conjugal nasceram os filhos: Joaquim Martinei de Sousa, Marcos Gomes de Sousa, Marta Gomes de Sousa e Márcia Gomes de Sousa.

Em 1979 devido uma grande enchente teve que sair da Cachoeirinha, momento em que a vila foi destruída pelas águas. Sr. Pedro descreve o momento: "Era professor do Mobral e do município, vivíamos felizes, pois lá não tinha energia, mas a gente clareava com lâmpada a gás butano, algo que era novidade na época. Quando foi três horas da manhã a casa encheu de água, conseguimos sair por cima da porta de baixo, pois a mesma não abria devido a força da água. Eu, Iracema e os meninos, conseguimos chegar a residência de Antônio Martins com a ajuda do amigo Cicero Cardoso, que nessa noite dormia em nossa residência. Segundo Sr. Pedro morreram três pessoas nessa enchente, entre elas, dois filhos dos Seus compadres José Gerônimo e Zuleide. A enchente destruiu quase todas as casas e acabou com a vila, ficando somente a Igreja e a casa da família Martins porque se localizavam num local um pouco mais alto. A enchente foi no verão devido uma chuva forte que estourou vários açudes. Depois desse episódio morou por nove anos no Sítio Giqui de Palestina em Mauriti, onde também foi professor. Ele diz que na gestão de Juarez Sampaio, mesmo morando no Giqui vinha duas vezes por semana à cavalo na função de fiscal das escolas do poço, saia umas 5 h e 30 minutos e chegava no intervalo ( 6 e 30 ou 7h)  uma hora  de viagem, inclusive ia até ao sitio da Canabravinha, um dos lugares mais longe do poço.
 
Sr. Pedro sempre foi um profissional exemplar e muito conhecido. Ele recorda que a escola Maria Martins foi fundada por Dr Lucena, então Prefeito da época, e Sr. Pedro foi o primeiro professor da escola, além de assumir a função de coordenador. Que história bonita, digna de reconhecimento. Prossegue Sr. Pedro dizendo que depois veio morar na cidade de Brejo Santo e houve um concurso, mas assume como estável por 15 anos na escola Mestre Zé Luís e outros momentos na escola Chico Leite e na Creche ABAF. Ele revela: "Gostava muito de trabalhar com as crianças", recorda que assumiu a função de secretário e as diretoras da época eram Carmem e Tânia, mas como tinha o período da  política, e elas eram envolvidas, ele ficava com a gestão do trabalho e sempre deu de conta, mas teve que se ausentar por que sua esposa adoeceu e ele se dedicou a cuidar dela por 22 anos até que Deus a levou a eternidade.

Sr. Pedro serve a Igreja, participa do Coral Povo de Deus, ainda hoje vai ao Poço, participa da catequese como catequista de Crisma no Sítio Umbuzeiro a pedido de Socorrinha Martins (a qual também é catequista). A sua função maior na Igreja é rezar as renovações do Sagrado Coração de Jesus. Ele diz que quase toda noite tem renovação para celebrar. Sempre que possível se faz presente nas missas ou enterros do pessoal do poço. Certo dia estava na Igreja e em um desses momentos e o Monsenhor o chama para servir como Ministro da Eucaristia. Sr. Pedro tenta convencer o Monsenhor que ele não era ministro, e no momento apareceu outro Ministro que assim, agiu com presteza atendendo Monsenhor, pois Sr. Pedro sabia da responsabilidade de servir no altar como Ministro. “Considero que este momento é de reconhecimento a quem tem um excelente trabalho na Igreja”. Sr. Pedro disse que sempre acompanhava Monsenhor como Ministro extraordinário nas missas e festividades nas comunidades do Distrito Poço.



Faço alusão ao trabalho desenvolvido por Sr. Pedro na educação de Brejo Santo, na Igreja e na comunidade como um todo. Está inserido na construção de nossa história cotidiana. Parabéns a toda família por Sr. Pedro ser um homem dotado de sabedoria e do dom de servir. Nossa gratidão Sr. Pedro.