sexta-feira, 23 de novembro de 2018

COLUNA DA HISTORIADORA FÁTIMA ALVES - DONA BIDA, mulher de fé

DONA BIDA, mulher de fé


Sinto-me honrada em conversar com Dona Bida, nesta tarde de novembro, apesar do clima quente a conversa dispersou o calor e o desenrolar do diálogo foi agradável que nem sentimos a tarde passar. Sempre admirei dona Bida e Sr. Horácio Mariano (in memoriam). Exemplo de casal e que encaminhou seus filhos no caminho do bem.

Maria Concebida de Morais Xavier (Dona Bida), nasceu no dia 26 de junho do ano de 1935 na cidade Porteiras, exatamente na comunidade de Cancelas. Com 83 anos de idade ela recorda sua infância foi trabalhando na roça, lavando roupa, enfim, ajudava seus pais: "Puxando cova para os pés, com uma enxadinha, ajudando meus pais, plantando e eu cobrindo com os pés".  Os pais de Dona Bida se chamavam Artur Gomes de Sousa e Maria Angelina da Conceição. Dona Bida revela que seus pais eram muito ciumentos, principalmente seu pai. 

Ao chegar na adolescência seu amor por Sr. Horácio desponta. Segundo Dona Bida, Horácio tinha fama de namorador e seu pai não permitia o namoro dos dois. Na época tinha um rapaz que também gostava dela e queria atrapalhar o namoro dos dois levando conversa ao seu pai e aí seu pai não aceitava de jeito nenhum. Sempre ia as renovações, festas ou casamentos, mas sempre acompanhada. E entre risos diz: "Eu e Horácio namorava escondido". Mas esse rapaz chamado Zé Vivim com interesse em Dona Bida tecia fofoca de Horácio para seu pai. Certa vez vinha ela com um pote de água na cabeça, e depois de tanta conversa de Zé Vivim, seu pai veio com raiva aguarda o retorno de Dona Bida com uma trave da porta na mão, mas seu irmão corre na frente e vai avisá-la que seu pai estava com muita raiva e que ela não fosse para casa. Dona Bida destemida diz que respondeu o seguinte: "Eu vou, se eu nasci para morrer por Horácio eu vou, não tem quem me empate, só Deus". Dona Bida enfrenta a raiva de seu pai, pois este pergunta se ela quer casar com ele. Mas ela responde dizendo a verdade que realmente amava Horácio. O amor era reciproco, pois Sr. Horácio, segundo dona Bida, revelou que se seu pai impedisse a carregava, ou seja, fugia, e iria pedir permissão ao padre, pois só Deus empatava dela casava. O seu casamento se deu por intermédio de sua avó materna, Dona Angélica, pois esta conversou com Horácio, sondou os interesses dele quando certa vez este passava em sua porta. E diante da conversa, Dona Angélica, resolve conversar com Sr. Artur para que o casamento de sua neta ocorresse dignamente.  E assim aconteceu, ela disse que sofreu muito para casar, mas não se arrependeu. Um homem bom demais. 

Depois de casados o casal resolve vir morar em Brejo Santo, e ao chegar na cidade Sr. Horácio não escolhe trabalho. Na cidade de Porteiras trabalhava na moagem de cana, depois como feirante. Sempre fazia a feira nas cidades circunvizinhas Jati, Jardim, Jamacaru e Porteiras, transportando a mercadoria em animais. Com seus oito filhos: Francisco (Badá), Maria do Socorro, Maria das Graças, Binha, Joselice, Francinaldo (Naldo), Aparecida (Cida) e Aldo. E aos poucos Sr. Horácio vai se estabelecendo na cidade de Brejo Santo, trabalha de pedreiro, e começa a investir em imóveis, mas sempre com sua banca na feira. Dona Bida sempre ajudou a Sr. Horácio, enquanto sua banca era de miudezas, dona Bida vendia confecção. Liça intervém neste momento e diz que sempre tinha alguém que eles adotaram como filho ou filha, e estas pessoas ajudavam na criação dos filhos, como exemplo Fátima sobrinha de Sr. Horácio e todos a tem como irmã. Um legado que fica gravado e erve de exemplo para as famílias de hoje é que Dona Bida e Sr. Horácio ensinou o oficio a cada filho e filha, deu a cada um uma banca, fosse de sandálias ou bombom. O filho mais velho sempre passava a banca para o filho mais novo. E a vida dos dois oi de conquista, mesmo diante das adversidades da vida, inclusive um acidente que ocorrerá com os dois em uma rural comparada por Sr. Horácio e os dois saíram ilesos. Outro registro interessante é que Sr. Horácio ainda colocara uma bodega, seus filhos revessavam o trabalho e alugava quartos também. 

Mas as coisas ocorrem no ritmo de Deus, e dona Bida fala com tristeza da partida de seu esposo Horácio com o coração enternecido de saudades e das perdas de seu filho Badá e sua nora-filha Régia. Hoje dona Bida esta amiga da cidade, que junto com toda sua família compõe a nossa história cotidiana, vive com todos ao seu redor: filhos, filhas, netos e bisnetos que lhe rendem momentos de alegrias. GRATIDÃO Dona Bida por partilhar um pouco da sua história e de sua composição na história de Brejo Santo. Mulher de fé e coragem, que só tem a nos ensinar que o amor é bem maior como diz a canção.