E eu com o lixo?
E eu com o lixo?
E eu com isso? É uma frase bastante usada quando queremos dizer para alguém que não nos importamos com determinada coisa. Com o lixo não é diferente, a maioria de nós não têm interesse algum em saber para onde vai, como é processado, se pode ser reciclado ou até mesmo acredita não ter responsabilidade alguma sobre as toneladas de dejetos que são despejados a cada minuto nos sólos e águas da terra.É impossível falar sobre esse tema sem dar atenção a maior protagonista dessa história triste: As sacolas plásticas. Na cadeia de impacto ambiental o plástico é o resíduo que mais degrada.
Segundo informações de uma reportagem especial da Nacional Geografic, o plástico foi criado no fim do século XIX para substituir produtos feitos a partir do marfim dos elefantes. No início era desenvolvido a base de celulose, mas logo foi substituído pelo petróleo a fim de baratear e garantir mais durabilidade ao material.
Mas o que foi criado pensando em poupar a vida de alguns animais, hoje é responsável por uma matança desenfreada na fauna e flora do planeta.
Números Assustadores
Por ano são 100 mil pássaros e mamíferos mortos por ingestão desse tipo de material. Sem contar os peixes e tartarugas que confundem o plástico com comida e acabam morrendo nos rios e oceanos. Uma sacola plástica leva simplesmente 200 anos para se decompor. Agora o mais inacreditável: O mundo consome cerca de 1 milhão e meio de sacolinhas por minuto! Já existe uma pesquisa que mostra que em 2050 teremos mais plástico do que peixe nos mares, caso continuemos a consumir assim desenfreadamente.
Está duvidando? 10% do nosso lixo são sacolas de plástico! Esse material quase não é reciclado e se quer existem números comprovando a reciclagem. O Brasil só consegue reciclar 3% de todo o lixo produzido. Pouco não? 35% de todo o plástico consumido no mundo é usado uma única vez e por poucos minutos. São sacolas, talheres, pratos, copos e toda parafernália descartável.
Estamos abusando no consumo de sacolas, isso é fato. Agora vamos trazer esse assunto para mais perto? O mar e alguns rios estão a algumas centenas de quilomentros de nós aqui em Brejo Santo, mas o nosso lixo apesar de desaparecer das nossas calçadas toda tarde quando o caminhão coletor passa, segue em parte tendo vida própria, já que nem tudo que jogamos no lixo tem um descarte correto.
As sacolas são as principais causadoras de entupimentos nas passagens de água nos córregos e bueiros retendo o lixo nos períodos chuvosos.
Você pode pensar: Eu uso as minhas sacolinhas para descartar o lixo doméstico. Mas já parou para refletir que levamos para casa muito mais do que reutilizamos? Quem não tem um cantinho das sacolas de plástico em casa? E quem nunca reparou que as sacolas não cabem todas ali?
O desafio
Sem a consciência de que somos responsáveis pelo lixo que produzimos estamos contribuindo para uma catástrofe anunciada cada vez mais próxima. Ai você pensa: Isso não tem mais jeito! E Se eu quiser fazer algo? O que seria?
Ao meu ver os que têm interesse em unir forças ao trabalho de formiguinha dos que contribuem com o meio ambiente existem algumas atitudes muito bem vindas. Repense o seu consumo e comece a recusar mais sacolas, reduza o uso desse material, reutilize para outros fins e quando puder recicle.
As pequenas atitudes levam a passos maiores. Somos consumidores e a nossa carteira hoje vale até mais do que o nosso voto. Quem compra consciente quebra o atual paradigma do consumo imediatista e excessivo, considerando as consequências do mesmo.
Eu ando mais cuidadosa acerca desse tema.Trago sempre na bolsa um kit de sacolas e saquinhos de pano. Na feira da cidade já encontrei quem me olhasse feio por não aceitar as sacolas de plástico e já ouvi um sonoro: É limpinha não precisa ter nojo! Eu tento explicar que não uso, pois tenho as minhas e que as sacolas terminam prejudicando o meio ambiente. Mas há também quem olhe com curiosidade e admiração. O meu convite é: Vamos às compras com as nossas sacolas retornáveis e levemos o menos possível de plástico para casa. Um passo fácil, pequeno mas que se transforma num hábito saudável.Depois disso vai querer dar outros passos e vai deixar de me achar eco chata. Aqui em casa já demos alguns outros mais e seguimos nesse caminho em busca de uma vida com menos lixo e degradação.
Micheline Matos
É fotógrafa, jornalista, mãe de menina e de cachorro...Atualmente tentando contribuir para uma cidade/ planeta com menos lixo. Vamos?
