quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Brasil tem primeiro bebê do mundo concebido em útero transplantado de falecida.


Resultado de imagem para brasil tem primeiro bebê do mundo concebido em útero transplantado de falecidaO primeiro bebê do mundo concebido a partir de um útero transplantado de uma doadora falecida nasceu no Brasil há um ano, informou nesta quarta-feira a revista científica The Lancet. Sete meses após o nascimento, o bebê - uma menina com 7,2 quilos — e sua mãe estão bem, segundo o Hospital Universitário de São Paulo, que realizou o procedimento em 2016.
Foi a primeira vez, após uma dezena de tentativas fracassadas nos Estados Unidos, República Tcheca e Turquia, que um transplante de útero a partir de uma doadora morta permitiu um nascimento.  Também foi o primeiro nascimento mediante transplante de útero na América Latina.

Desde a primeira doação de útero a partir de uma mulher com vida, em 2013, na Suécia, foram realizados 39 transplantes, dos quais 11 permitiram dar à luz. "O recurso à doadoras falecidas poderá ampliar consideravelmente o acesso a este tratamento" por parte das "mulheres que sofrem esterilidade de origem uterina", declarou o doutor Dani Ejzenberg, que dirigiu o procedimento no Hospital Universitário de São Paulo.

Até o momento, "a única gravidez decorrente de um transplante de útero retirado post mortem havia ocorrido em 2011, na Turquia", resultando em um aborto espontâneo, recordou o doutor Srdjan Saso, do departamento de obstetrícia do Imperial College de Londres.

Esta bem sucedida experiência no Brasil apresenta "várias vantagens em relação a um útero de doadora viva: o número potencial de doadoras é maior, o custo é menor e evita riscos para a doadora viva".

A operação foi realizada em setembro de 2016. A mulher que recebeu o útero tinha 32 anos e nasceu sem o órgão (síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser). Antes do transplante, se submeteu a uma fecundação in vitro (FIV). O útero foi retirado de uma mulher de 45 anos morta por um derrame cerebral e doadora de vários outros órgãos (coração, fígado e rins), de fator Rh 0 positivo.

A operação durou dez horas e trinta minutos e foi seguida por um tratamento imunossupressor para evitar a rejeição. Cinco meses após o transplante, a mulher teve a primeira menstruação normal e dois meses depois, com a transferência do embrião, engravidou.

A gravidez transcorreu sem dificuldades e o bebê nasceu - de cesariana - após 36 semanas de gestação, no dia 15 de dezembro de 2017, em estado ligeiramente prematuro mas considerado oportuno pelos médicos para se evitar complicações. O bebê pesava então 2,550 quilos e estava em perfeito estado de saúde. O útero foi retirado durante a cesariana para permitir a suspensão do tratamento imunossupressor. A criança e a mãe tiveram alta em apenas três dias. 

*Da redação do Blog do Farias Júnior com dados do Diário do Nordeste*