É motivo de honra e alegria hoje na nossa história cotidiana retratar a pessoa de Josefa Braga Sampaio (Josélia). É uma pessoa que muito contribuiu e ainda hoje contribuí na área educacional, e esta por sua vez está entrelaçada na história da cidade. Hoje é o dia de “bordar” mais uma história fascinante, permeada com “linhas coloridas” de risos e de descontração. É assim conversar com Josélia Braga, ela oferece a marca da vivência de quem muito aprendeu e muito tem a nos ensinar.
Josélia começa revelando a historia de seu nome, ela mesma descreve: “A história do meu nome é bem engraçada, mamãe colocou em homenagem a vovó, é Josefa. E como na época, eles diziam que Josefa era um nome de gente já idoso, então eles disseram vamos chamar Josélia. Quando descobri que meu nome era Josefa já estava na 5ª série, ia fazer o exame de admissão ao ginásio”. Segundo Josélia foi uma decepção, ela disse que chorou muito. A mãe dela tentou convencê-la da utilidade no nome Josefa. Além de ser uma homenagem a sua avó, havia algo em questão. Dona Erulina explicou que Josélia nascera laçada pelo cordão umbilical. E a pessoa que nasce laçada carrega uma “sina” de morrer afogada ou queimada e para quebrar, teria que ser chamada de Josefa, se for mulher e José se for homem. Por conta desta questão, entre risos Josélia disse que não aprendeu a nadar e passa longe de fogueira.


Josefa Braga Sampaio nasceu no município de Milagres no dia 06 de julho de 1954, filha do casal João Cardoso dos Santos (in memoriam) e Maria Erulina Braga Cardoso (in memoriam). Josélia fala com orgulho dos pais e revela que seu pai não dominava a escrita, sabia pouco ler e escrever e aprendeu tempos depois a escrever o sobrenome Santos. Mas como a profissão dele era caminhoneiro, sabia o nome de todas as placas e andava por todos os estados o Brasil e sabia distinguir tudo através da leitura de mundo. Para Josélia isso era incrível. Dona Erulina cursou até a 5ª Série e foi professora na cidade de Mauriti, e uma boa professora. Josélia vem de uma prole de 7 irmãos, sendo ela a mais velha, na sequência de nascimento ela aos poucos vai descrevendo seus irmãos: João Eudes, Demontier, Normélia , Jaqueline, Adriana e Janaina. Ela diz que João Eudes e Demontier nasceram em Mauriti os demais em Brejo Santo. Um dos fatos marcantes é que sua mãe engravidou de Janaina quando todos já estavam adultos, ela estava pra casar e Dona Erulina escondeu por vergonha, e só veio revelar quando Janaina estava pra nascer. Josélia revela que sua mãe se envergonhou por questões de cultura da idade da época. Josélia considera Janaina como uma filha. E ela dá seu testemunho de família: “Somos todos muito ligados um ao outro, mesmo sendo diferente, cada um tem o seu temperamento, o seu jeito, mas na questão da união, estar juntos, somos todos iguais, de estar bem pertinho um do outro”. Josélia diz que as pessoas se admiram da unidade dos irmãos, mas ela revela que foi a convivência como família e esta é um legado deixado por sua mãe. Não foi uma vida fácil, casa pequena, um quarto para os irmãos e outro para os pais.
Josélia durante a conversa ela enaltece a pessoa da sua mãe, pois diante dos desafios da época, esta era muito inteligente e sábia, pois, que não demonstrava para os filhos os problemas que ela enfrentava junto com Sr. João. Incentivava os filhos, que cada um poderia vencer e lutar. Pois Dona Erulina ajudava Sr. João a pagar as despesas do caminhão, vendia o que tivesse, só não vendia máquina de costura. Dona Erulina foi costureira, costurava para a alfaiataria de Adisio Alfaiate, e tudo ela fazia para ajudar financeiramente seu esposo. Todos foram criados com suas obrigações domésticas, ou outras, os irmãos João Eudes e Demontier prontos para ajudar no que fosse preciso. Então cada um foi criado para vencer: “Mamãe dizia que todo trabalho era digno”.
Josélia mergulha no passado e diz que todos trabalharam, porém os mais novos já não enfrentaram as dificuldades como os mais velhos já foram diferente, outros tempos. Uma das profissões de sua mãe que Josélia aprendeu foi a de costurar, fazia toda roupa de casa dos pais e dos irmãos. Ela conta um fato cômico: “Quando fazia faculdade tinha o prazer de levar as meninas pra festa na Praça da Sé, da padroeira Nossa Senhora da Penha e tinha brinquedos. Certa vez fiz dois vestidos iguais, um para Jaqueline e outro para Adriana e elas foram vestidas, só que Jaqueline começou a pular e o vestido descosturou, não lembro como fizemos para concertar esse fato”. Começamos a sorrir do fato e a história prossegue.



A infância de Josélia foi muito boa, com muita responsabilidade, lembra-se das amigas da época: Fátima de Sr. Zezinho Chicote, Lúcia de Dona Ester, Auxiliadora e outras. Josélia estudou na escola do Professor Macedo e depois foi para o colégio Balbina. A adolescência também foi tranquila, de passear na praça com as amigas e de mãos dadas, era um prazer, ficava rodando e tinham hora de voltar para casa, saiam às 6 horas e retornavam as 8 h e as 10 h tinha o toque de recolher na cidade e todas dentro de casa. Uma das recordações deste período é o fato de sua mãe sentar todos os filhos na calçada e contar as histórias Sagrada, de Judite a Ester, enfim sobre as prensagens bíblicas, não exatamente a Bíblia por que era difícil o acesso ao Livro Sagrado, mas das histórias contidas nela. Na época a BR 116 não era asfaltada e sim carroçável. Próximo tinha um hotel de Dona Amália, a mãe de Eduardo e de Maria Pichilinga. Tinha o hotel de Dona Peta do outro lado da rodagem. As brincadeiras eram de moça de fora, se vestiam com as rupas da mãe, brincos e os sapatos e brincávamos. Como também ouvir músicas de roberto Carlos com a Radiola e ia ouvir com Gracinha a mãe de Junior, sentava e ficava ouvindo as músicas; os telefones começaram a surgir inclusive no hotal de Dona Peta. Uma das primeiras televisões era na casa de Sr. Dió e dona Consuelo não deixava assistir e ficávamos assistindo, muita gente, era uma fila.
Mas o tempo passa e Josélia começa a trabalhar no FUNRURAL e lá conhece Saul, seu esposo. Com seu jeito cômico ela diz que conheceu Saul no FUNRURAL e na Garapa. Por que? A pergunta assustada. Ela diz que como os dois trabalhavam no mesmo local, sempre iam lanchar Garapa com pão doce enfrente, na Garapeira de Albenor. Começo a sorrir e ela diz: “Saul começa a pagar o lanche pra mim”. Pois bem, namoram e casam-se e deste enlace matrimonial nasce os filhos Antônio Neto, Tatiana, Saul e Moisés. Hoje todos casados, Antônio Neto com Israeline, Saul com Samara, Moisés com Alderlânia,. Ao todo são 6 netos: João Antônio e Maria Lis, Clara Maria, Maria Isabel e Geovanna. Josélia diz que ser avó é algo inexplicável, é um amor que não se mede. Ama a todos igualmente, João Antônio e Maria Clara sempre conviveu com ela. Realmente uma família linda.
Prosseguimos nosso diálogo e no momento peço para Josélia falar da sua vida de educadora. Começamos pelo Educandário Aurélio Buarque ela diz “Foi um sonho nosso, meu e de Jaqueline”. Ela revela que tudo nasceu quando surgiram as greves no estado na década de 90 e ai pensou-se em atingir s educação privada. Ela e Jaqueline visitaram outras escolas, mas não sabiam da dimensão o que iam implantar. Mas nasceu a escola e todos nós somos gratos por esse legado. Quantos profissionais, alunos, pais não são gratos ao coração grande de acolhimento da família Educandário Aurélio Buarque em nossa cidade? É uma história bonita, fica gravada cada passo dado em beneficio de um bem maior: a educação de uma cidade. Faço aqui uso das minhas palavras: fui funcionária por 17 anos do Educandário Aurélio Buarque e hoje sou grata ao aprendizado e a profissional que sou a todos que fizeram a escola e principalmente e Josélia Braga, esta mulher de coração gigante que sempre empregou a afetividade no ambiente de trabalho. Coração materno. Brejo Santo é grato por todos os ensinamentos.
Atualmente Josélia Braga se dedica a educação de Brejo Santo, na Escola Municipal Professora Maria Heraclides Lucena Miranda, como Coordenadora de Projetos. Está na luta e não se cansa, pois a educação é um amor incomensurável. Josélia faz parte do Apostolado da Oração e participa ativamente das atividades religiosas da nossa Igreja. Faço uma última pergunta e ela acha difícil responder, quem é Josélia Braga? Mas, resume tudo em uma palavra que significa muito: sonhadora.
Não tenho palavras para agradecer sua disponibilidade em colocar um pouco da sua história e da sua família. Obrigada pela dedicação e participação na nossa história. Encerro fazendo uma pergunta que foi muito usada: “Qual o Brasil que eu quero”? Um Brasil com muita Josélia, filha, esposa, mãe, irmã, avó, educadora, amiga e SONHADORA.



