Nos últimos dez anos, os municípios brasileiros
receberam um total de R$ 294 milhões do Governo Federal para a substituição de
casas de taipa por outras de alvenaria. É o único recurso em todo o País
executado diretamente para o controle de Doença de Chagas. O problema: o
dinheiro nem sempre chega onde devia. Em tese, para as pessoas mais pobres. Não
moram em casa de taipa por ser ela mais sustentável, rústica ou ecológica. É
pobreza mesmo. A falta de manutenção desse tipo de moradia, de paredes cujas
frestas abrigam os insetos barbeiros, é um dos maiores problemas dessa
população mais pobre.
Somente no Ceará, um dos maiores beneficiários, o
programa atendeu a 124 municípios nos últimos dez anos. Desses, 20 municípios
cearenses apresentam pendências ou atrasos nas obras. Entre 2008 e 2018, eles
receberam R$ 27 milhões para substituição de casas de taipa. Alguns contratos foram
cancelados com parte do dinheiro já liberado. Uma proporção bem menor dos
valores foi recuperado após ações de improbidade movidas pelo Ministério
Público Federal (MPF).
Nos últimos três anos, pelo menos seis municípios
cearenses foram investigados por suposta apropriação ilícita de recursos
públicos: Umari, Poranga, Lavras da Mangabeira, Nova Russas, Quiterianópolis e
Acarape são alguns deles. Os ex-gestores foram investigados criminal e
administrativamente. Como as pendências atrapalham a continuidade de recursos,
os gestores que assumem tentam rever a situação.
*Da redação do Blog do Farias Junior com dados do Diário do Nordeste*