sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

COLUNA DA HISTORIADORA FÁTIMA ALVES - PEDRO PEREIRA NETO

PEDRO PEREIRA NETO
O IRMÃO, PROFESSOR, DIRETOR, AMIGO DE TODAS AS HORAS



 Você meu amigo de fé, meu irmão camarada”, é assim PEDRO PEREIRA NETO, pessoa dotada de sabedoria, inteligência e acima de tudo de humanidade. Hoje nossa história cotidiana traz a pessoa de Pedro, conhecido por todos nós, principalmente por se dedicar a vida em prol da educação de Brejo Santo, precisamente da Escola Afonso Tavares de Luna e de todos que fazem a Timbaúba, a nossa conhecida serra de São Felipe.

Pedro Pereira Neto é filho do Casal Manoel Joaquim de Oliveira e Maria do Socorro de Oliveira (in memoriam). Em sua autobiografia Pedro se descreve vinda de uma família humilde, seus pais lavradores e que sua mãe lhe ensinava as trilhas para alcançar seus objetivos principalmente no que se refere a honestidade, humildade, ética e valorização da família, e de fazer tudo com amor e fé em Deus. 
 
 
Aos 13 anos de idade Pedro começou a trabalhar na lavoura com seus pais, ajudava nos afazeres de casa, pois, entre os quatro primeiros filhos só tinha Maria Eugenia sua irmã. A infância de Pedro não foi fácil, permeada de dificuldades e sua vida escolar começa a ser trilhada na Escola Joaquim Pereira de Oliveira no sitio em que morava, onde cursou a alfabetização e o primeiro ano. No ano de 1982, vem do sitio Luciano para estudar em uma extensão do “Grupim” Pedro Basílio, como era chamado anos anteriores, a qual funcionava em uma das salas do prédio do Sindicato dos Trabalhadores rurais. Mas Pedro retorna ao sitio, onde cursa o terceiro ano (3ª série) com a professora Maria Eugenia (sua irmã). Mas as dificuldades para estudar continua devido a distância entre sua casa e a escola mais próxima, a qual ficava a 7 km. Mas Pedro é perseverante e não desiste, continua a luta pelo seu bem maior que é os estudos. Mesmo estudando ajudava seu pai na olaria, no período intermediário, e mesmo cansado, sua mãe o incentivava, dizendo que queria uma vida diferente para os filhos. Pedro enfatiza: “Minha mãe arriscou tudo para me ajudar”.
 
Pedro mostra-se resistente e um desbravador e no ano de 1985 retorna a cidade para continuar seus estudos e resolve morar nas casas de familiares, amigos, colegas e de pessoas que nem conhecia. “Não foi fácil”, revela Pedro, “mas com determinação consegui ajuda de algumas pessoas”. Pedro então, se matricula na Escola Padre Pedro Inácio Ribeiro e cursou da 5ª a 8ª série. No ano em que concluiria a 8ª série, no segundo semestre é transferido para a escola Joaquim Gomes Basílio, por que esta ficava mais próxima do seu trabalho. Pedro contou com o apoio de seu tio Morais (in memoriam), o qual oferecia carona para chegar até a cidade.
 
Pedro um jovem destemido, consegue seu primeiro trabalho no Mercadão dos Tecidos, no ano de 1987 na função de continuo, ou seja, serviços gerais. Pedro descreve que seu patrão era muito rígido e quase o levou a desistir: “mas a vontade era tão grande de conseguir vencer que Deus me ajudou e cheguei a surpreender os colegas e depois de oito meses na empresa já fazia vários trabalhos como ficar no caixa, conferência e ajudar a atender os clientes no balcão”. E Pedro prossegue sua história de vida, depois que a loja fechou ele consegue emprego na Loja Nova Aurora, na função de balconista. Depois trabalhou na empresa Eletrossom com Dr. Zenaldo Madeiro e no ano de 1992 retorna para loja Nova Aurora. 
 
A vida de docência de Pedro estava escrita nos planos de Deus e no ano de 1993, recebeu a proposta de voltar ao sitio Luciano para assumir a coordenação de uma escola e sala de aula, local onde permaneceu por seis meses. Pedro relata que foi uma fase de experiência, mas em busca de algo mais. Ainda no ano de 1993 se dedica ao reforço escolar domiciliar, substituições de professores inclusive na Escola Casinha da Criança. Muitas vezes Pedro não cobrava pelos serviços de aula de reforço, só para adquirir experiência e conhecimentos na área da docência. No ano de 1994 Pedro cursava o ensino médio e fora convidado pela Diretora Lúcia para lecionar a disciplina de História dos 5º ao 9º ano (5ª a 8ª série), no turno noturno e no diurno assumiu uma turma da 4ª série. Mas a docência foi sua paixão e deixou o curso cientifico para se dedicar ao LOGOS a fim de acelerar seus estudos e assegurar o contrato temporário de professor. 
 
A luta é dura, mas Deus é fiel e a força de Pedro serve-nos como testemunho de vida de superação. Pedro presta vestibular pela Faculdade de Ciências Humanas no Sertão Central de Salgueiro (FACHUSC) no curso de Pedagogia. Muitas vezes não tinha dinheiro para pagar a faculdade ou até mesmo o lanche, e na maioria das vezes levava seu jantar, mas não dava tempo, pois ia estudando para as provas e aproveitava o intervalo das aulas para jantar. Mas a vida traria mais um desafio para Pedro, a doença inesperada de sua mãe. Em setembro de 1996, momento em que já havia cursado metade da graduação, veio o diagnóstico da doença de sua mãe: câncer. Toda a família ficou abalada, ele diz que seus planos era dar a sua mãe o presente da realização do sonho que era vê-lo graduado. Todos se uniram e em pouco tempo sua mãe partiu para a eternidade com apenas 54 anos de idade, deixando muitas saudades, revela Pedro. Pedro diz que a base da família era sua mãe: “mas a vida tinha que continuar, com fé e força em Deus e a ajuda de amigos, aprendi a superar e continuar a vida”. No ano do falecimento de sua mãe Pedro era um jovem engajado na Igreja, participava do grupo Jovens Caminhando com Cristo (JCC), local onde encontrou amigos e uma segunda família.
 
 No ano de 1997 Pedro participa como sócio do Centro Educacional Pierre Vigne até o ano de 1999 com a função de Diretor e professor na instituição. Pedro conclui o curso de Pedagogia no ano de 1998, mas com o coração saudoso, pois, desejava a presença de sua mãe naquele momento a qual seria sua madrinha e aquele momento seria ímpar, uma vitória carregada de muitas lutas e dificuldades financeiras. 
 
No ano de 1999, Pedro procura o então Prefeito Wider Landim para que este concedesse um espaço de trabalho e o mesmo o encaminhou a Secretária da época Herbênia Miranda para que este assumisse a direção da Escola Afonso Tavares de Luna, o qual permanece até os dias atuais. Pedro enfrentou problemas de saúde no ano de 2000 nas cordas vocais, mas fez cirurgia e mais uma vez batalha vencida. Depois veio o problema de glaucoma, doença que pode levar a cegueira. Mas vence também com muita altivez através de um tratamento realizado pelo SUS no HGF em Fortaleza. O pior estava por vir, no ano de 2013 após acordar com fortes dores de cabeça, foi socorrido no Hospital Geral de Brejo Santo e foi diagnosticado com meningite bacteriana, doença que pode levar a morte, mas ele mesmo descreve: “Mas graças a Deus venci todas as lutas, vivo uma vida normal ao lado da minha família e meus amigos e muito agradecido a Deus por tantas vitórias”.
 
Gostaria de elencar a fortaleza, dedicação, sinceridade, humildade e responsabilidade, de Pedro, sua em tudo que ele faz. Não poderia ser diferente as conquistas de Pedro, pois ele abraçou seus irmãos José Nilson (Didi) e Geovane (Gelson), principalmente suas irmãs Maria Eugenia, Cícera e Andréia com muito amor, coisa rara ver um amor fraternal tão intenso e quem frequenta a casa de Pedro sabe do aconchego e da receptividade de todas. É uma história de vida que deve ser copiada e realizada por aqueles que não acreditam na força de vontade e na fé em Deus. 
 
Gratidão ao meu amigo Pedro que se dispôs a publicar sua história de vida na nossa história cotidiana.