quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

COLUNA DA JACQUELINE - Gaiolas ou Asas

Gaiolas ou Asas

Nestes  últimos  dias vivenciei com mais intensidade a importância do trabalho em equipe.
A cada dia que passa  percebo que a educação  nunca será um processo solitário. Diante das grandes demandas da educação  pude perceber  que o trabalho coletivo faz toda diferença.
É fácil trabalhar coletivamente? Com certeza  para alguns não. Mas para mim é algo indispensável. A coletividade nos leva a compreender nossas limitações e como precisamos uns dos outros.
Outo fator que nos leva a uma reflexão é que o trabalho em equipe só surte efeito se existir entre os atores envolvidos, o que chamo de amorosidade. Ninguém faz nada bem feito por opressão, ou por obrigação. Podemos até fazer, mas mecanicamente. Mas o que torna o fazer diferente é a alegria impressa em cada gesto, em cada ato do que buscamos  fazer.
O psicólogo Romeno Serge Moscovici enfatiza nos seus estudos que trabalhar em equipe estimula a criatividade, desenvolve o companheirismo, a solidariedade, e tende assim a produzir resultados superiores aos trabalhos desenvolvidos individualmente, pensando que onde existe uma equipe, existem pessoas com diferentes conceitos, culturas, conhecimentos e tantas outras particularidades trabalhando e se respeitando por um mesmo objetivo.
E é assim mesmo!
Estes dias  nos debruçamos em lançar um edital para professores temporários.  Dar publicidade, realizar as inscrições, fazer estudo dos currículos, aplicar as entrevistas escritas e corrigi-las. Eís a missão! Imaginamos que teríamos uns trezentos inscritos, para nossa surpresa foram quase mil inscrições.
Toda nosso planejamento teria que ser  repensado.  Novos convites  de voluntariados para participar do processo foram feitos e toda a equipe da secretaria de educação mobilizada.
Para nossa surpresa todos os voluntariados se apresentaram  e  juntos UFCA, CREDE 20 e Educação concluíram com êxito uma grande empreitada.
Apesar do cansaço que nos levou quase a exaustão, ficou em mim  e em toda a equipe envolvida um forte sentimento de gratidão, de felicidade por ver concretamente as ações da educação serem permeadas pelo sentimento que define  todo processo ensino aprendizagem: o amor.
Ninguém estava ali buscando auto promoção. Todos tinham um único desejo: fazer com esmero, fazer bem feito.
Estava ali o sentimento que acredito que pode mudar os rumos de qualquer processo educacional: o doar-se, o fazer parte, o sentir-se co-responsável. E como costumo dizer : é boniteza demais!
Rubem Alves afirma que na vida, temos várias percepções, dentre elas a de fornecer conhecimento;  e/ou receber conhecimento; liderar e/ou ser liderado; aprender e/ou ensinar.
Algumas pessoas tem a postura, de querer que outras permaneçam da mesma forma e estrutura do inicio da convivência, muitas vezes represando a evolução do indivíduo.
Outras pessoas, atuam de uma forma com que seu par crie autonomia agregando tanto a organização quanto a si mesmo.
Uns são gaiolas, outros são asas.
E exorto aos queridos leitores: sejamos asas!
Finalizo com as sábias palavras do mestre Paulo Freire:
Gosto de ser gente porque a História em que me faço com os outros e de cuja feitura tomo parte é um tempo de possibilidades e não de determinismo. Daí que insista tanto na problematização do futuro e recuse sua inexorabilidade.
Por uma humanidade melhor!
Jacqueline Braga