domingo, 20 de janeiro de 2019

Entrevista - Jenifer do Tinder


É impossível você não ter ouvido a música, visto o clip ou simplesmente ouvido falar da Jenifer, encontrada no Tinder. 

O jornal O POVO, publicou na sua versão impressa e também no online, uma entrevista com Mariana Xavier, atriz que interpreta Jenifer. Leia matéria na íntegra.

O nome dela é Mariana Xavier, mas, desde setembro, a atriz se tornou a Jenifer do Tinder, estrela da música de Gabriel Diniz, já considerada hit do Carnaval deste ano. Com mais de 100 milhões de visualizações no Youtube, "Jenifer" é listada, pela última pesquisa do Spotify, como a única canção da plataforma online ouvida mais de 800 mil vezes ao dia.

A explosão do hit não aconteceu à toa. Apesar do refrão "chiclete", a letra aborda uma temática bastante discutida no momento: a desconstrução de padrões de beleza. No clipe, Mariana surge leve, diverta e segura de si. Sem problemas com a balança ou opiniões alheias. Para O POVO, ela contou sobre a experiência de ser Jenifer e no que isso está contribuindo para sua formação pessoal e profissional. Confira entrevista exclusiva!

Você é a estrela de Jenifer, a nova música do Gabriel Diniz. Conta quem é a Jenifer do Tinder?


É uma mulher que não tem vergonha de ser quem ela é. Que se conhece e se aceita tão profundamente que nem perde tempo tentando ser perfeita. Ela sabe que perfeição não existe. Jenifer busca viver a felicidade real. Ela se cuida, tem consciência do próprio valor. Acho que é por isso que está todo mundo se apaixonando por ela.

Você esperava que a música teria essa repercussão no Brasil todo?

Achei maravilhosa a ideia de ter mais uma oportunidade para desconstruir esse padrão de "musa" que, no geral, está muito distante do restante da população. Nem nos meus melhores sonhos eu imaginei uma repercussão desse tamanho. A música tem uma temática que é muito contemporânea, mas não imaginava essa explosão. Uma atriz espera ser reconhecida por um papel em uma novela, por um filme, como eu tenho sido conhecida nos últimos anos por conta da Marcelina, de Minha Mãe é Uma Peça. Mas eu estou achando um barato tudo isso.

De que forma essa repercussão te tocou?

Tudo isso está sendo muito mais positivo do que eu esperava. As mensagens que esse clipe passa colaboram com todo o trabalho que eu já faço ao longo dos anos, principalmente com meu canal no Youtube, o "Gordelícia". Mulheres dizem que estão se sentido representadas por estarem vendo uma mulher parecida com elas no clipe, sem chacota com o corpo gordo. Neste caso, o corpo gordo não representa só as gordas, mas todas as pessoas que estão fora desse padrão imposto pela sociedade.

Você já sofreu preconceitos na carreira por não seguir um padrão de beleza?

Dentro do meu meio eu não sinto isso. Claro que minha exposição como figura pública provoca alguns haters. Sempre que a gente quer jogar alguma luz na escuridão, existem pessoas que tentam apagar nossa luz. Mas, no geral, um preconceito que acontece é que até pouco tempo as personagens gordas tinham essa obrigação de ser engraçadas. Isso está mudando. Estamos batalhando por isso!

Qual passo você acha que o Brasil deve dar para diminuição do preconceito e libertação de padrões de beleza?

A gente está abrindo muitos espaços e destruindo padrões. Acho que, durante muitos anos, somos massacrados por essa ditadura da magreza. A busca por essa perfeição que não existe. A beleza é subjetiva. Por que ter um padrão de beleza se o nosso gosto não tem padrão? As pessoas estão cansadas de não se sentirem representadas na mídia, quando, na verdade, são elas que consomem. O grande passo de combater o preconceito é normalizar. A menina que é negra, gordinha ou tem alguma deficiência e ver alguém parecido com ela na televisão, aprende a se aceitar melhor.
*Uma versão exclusiva da música pode ser conferida na programação da WL FM 98,7.
** Fonte - O POVO