quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Brejo Santo - Secretaria de Cultura homenageia Chico de Sinésio e a Caldeira do Inferno

Chico de Sinésio, nascido em 1942, filho do saudoso barbeiro e inventor Sinésio Gomes e de Erundina Gomes Feijó, casado com Tica Teles, com quem gerou uma prole de quatro filhos: Gilberto, Maria das Graças, Pedro George e Sinésio. Aos 77 anos de idade, é figura viva da cultura brejossantense, mantendo erguido e bem frequentado há mais de 50 anos, um dos mais conhecidos estabelecimentos comerciais do interior cearense – a Caldeira do Inferno. 
 
Em 1960 Brejo Santo inaugurava a Mercearia “Ponto Chique”, de propriedade do amigo Chico de Sinésio, em uma das esquinas mais movimentadas da cidade, no lugar que por muito tempo funcionou a Barbearia de Sinésio Gomes, seu amado pai.
 
A mercearia foi transformada em Bar, e marcada para a história com o nome de Caldeira do Inferno, consagrando-se com o passar dos tempos como um espaço de cultura, lazer e sociabilidade, onde os amigos, de perto e de longe, se encontram para beber a gelada cerveja servida por Seu Chico, ao som de belíssimas canções, selecionadas do invejável repertório artístico da Caldeira. Aqui se ouve de tudo, da melhor qualidade. 
 
Muitas histórias já passaram pelo balcão da Caldeira do Inferno, pois por aqui, também se sabe, que as “notícias correm”, ou é aqui que as “notícias chegam”, mas jamais se ouviu dizer que houve alguma discussão desrespeitosa ou qualquer empurra-empurra dentro do Bar – o respeito imposto pelo proprietário evita esse tipo de comportamento – pois Chico sempre preservou boa relação entre seus clientes, dos mais simples aos mais importantes que já sentaram nos bancos da Caldeira. 
 
A Caldeira do Inferno, por capricho de Chico, e dos clientes que passam pelo Bar, guarda um dos mais importantes acervos fotográficos sobre Brejo Santo e suas personalidades, uma vasta seleção de discos, e uma série de presentes históricos e especiais, que ornamento o espaço, caracterizando o Bar como um ambiente curioso para pesquisa e de história, visitado por diversos alunos de escolas públicas e privadas, além de estudantes universitários e professores, pesquisadores, radialistas e apresentadores de TV, que já eternizaram através dos seus meios, a história de Chico de Sinésio e a Caldeira do Inferno. 
 
Chico de Sinésio é, reconhecido pela sociedade brejossantense, como símbolo vivo da nossa cultura e da nossa história, pelo seu jeito de ser, se expressar e contar causos, características herdadas do seu pai, o querido barbeiro Sinésio Gomes, que também contava com uma enorme lista de grandes e inesquecíveis amigos, que faziam de sua barbearia um ponto de encontro, de boas conversas, de todos os tipos e temas, piadas e gargalhadas. O Sinésio inventor, já relatado em obra literária do historiador Miran Basílio, pela criação de “[...] uma fórmula para queimar verrugas e sinais, inventou um ventilador, uma máquina para debulhar milho, outra para o feijão e uma para amendoim”. 
 
Chico tem sangue de comerciante, de gente que sabe lidar com os fregueses e com as coisas da vida, por isso faz de seu ambiente um espaço acolhedor e aconchegante, onde pessoas se aglomeram no pé do balcão para compartilhar histórias, e tirar gosto com limão, imbu ou caju – cardápio especial da Caldeira do Inferno. 
 
O Bar de Chico de Sinésio é um espaço com diferenças peculiares de outros estabelecimentos da cidade, uma delas é a sua Presidência de Honra, ocupada primeiramente pelo inesquecível e respeitado educador José Teles de Carvalho, nome de relevante importância na construção da educação brejossantense. Após o falecimento de “Zé Teles” o cargo foi ocupado pelo ex-prefeito Mário Leite Tavares, um dos mais representativos nomes da política local. Atualmente ocupa o cargo o respeitável dentista José Eudes, fiel cliente da caldeira e amigo especial de Chico. 
 
Todos passam pela Caldeira, até o Bispo, conduzido pelo grande amigo de Chico, Monsenhor Dermival, apresentou o Bar a Dom Newton de Holanda Gurgel: “chama-se Caldeira do Inferno, mas lá tem ordem, Chico de Sinésio bota ordem na casa e lá não se fala de Deus nem das pessoas de Deus”. E mais, “os cães de lá são meus amigos!”, conta o sacerdote responsável por presidir a Missa em Ação de Graças pelos 50 Anos da Caldeira do Inferno, celebrada em 2010.
 
As paredes sustentam em fotos a memória de amigos e clientes especiais, com destaque para um deles: Welington Landim, médico, ex-prefeito de Brejo Santo, Deputado Estadual, e que entre suas idas e vindas à Fortaleza, jamais pisou em solo brejossantense para não visitar o amigo Chico de Sinésio, esboçando sempre um grande sorriso e oferecendo a Chico um abraço apertado, daqueles que revelavam sempre saudades. 
 
Foi através de Welington que por aqui passaram grandes nomes da música brasileira, entre eles Raimundo Fagner, Valdick Soreano, Flávio José, Falcão, e tantos outros, e da política, como o Governador Ciro Gomes, ex-ministro, Deputado Federal, e  que recentemente foi candidato a Presidência do Brasil. A Caldeira era um espaço de encontro dos amigos de Welington, que após comícios, reuniões e muitas vitórias saboreavam a cerveja gelada, recepcionados sempre pela música “Quem é Ele”, trilha sonora da vida política do inesquecível Welington Landim.
 
Neste dia especial, em que Chico de Sinésio comemora os seus 77 anos de vida, reconhecemos, através da Secretaria de Cultura, Turismo e Eventos, a Caldeira do Inferno como Patrimônio Cultural e Histórico de Brejo Santo, pelas relevantes contribuições à História, à Memória e à Cultura da nossa sociedade. 
 
Parabéns, Chico de Sinésio da Caldeira do Inferno! 
 
O texto escrito pelo Historiador, Advogado e Secretário de Cultura, Turismo e Eventos de Brejo Santo, Dr. Miran Basílio, comemora os 77 Anos de Chico de Sinésio