sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

COLUNA DA HISTORIADORA FÁTIMA ALVES - Dona Maria Francisca Balbina, 108 anos de vida!

Dona Maria Francisca Balbina, 108 anos de vida!


A história cotidiana é rica em detalhes por que se refere as pessoas, aos acontecimentos, enfim a todos que compõem a história diária. Todos nós fazemos a história, não importa onde estejamos, independe de cargos ou posições sociais. Ela existe e sempre existirá porque nós a construímos a nossa maneira, do nosso jeito. A história é peculiar a cada pessoa, e hoje venho retratar Dona Maria, dotada de amor e sabedoria e que apesar dos seus 108 anos de idade nos ensina o dom de viver e viver bem.

Foi um prazer conversar com Dona Maria e todos da sua família. Faço aqui meus agradecimentos ao meu amigo Leandro que ama a cultura local e me indicou Dona Maria para compor o círculo de homenageados através do Blog do Farias e consequentemente dos textos que aqui descrevo.

Foi na tarde do dia 30 de janeiro de 2019 que sai à procura da minha querida Dona Maria, e ao chegar no Bairro Morro Dourado, por onde eu passava todos diziam: “Ah! Dona Maria que mora na Rua lá de cima, sim conhecemos sim”. Então foi fácil. Ao chegar fui recebida por uma de suas netas e que muito receptiva me recebeu. Perguntei se podia conversar um pouco com Dona Maria e ela respondeu que sim. Foi chamá-la no quarto e eu ansiosa por me deparar com alguém com o dobro da minha idade. Fiquei imaginando como seria Dona Maria. Lá vem ela toda sorridente e com seu olhar doce me acolheu e me convidou para sentar. Aos poucos fui explicando o que me levou até ali e ela sorriu. Dona Maria cheirava a rosas, muito serena, acredito que foi assim que ela enfrentou os desafios de sua vida.

Algumas perguntas foram respondidas pelos familiares, inclusive por seu filho Francisco de Assis Arruda de 61 anos de idade que diz que Dona Maria nasceu no dia 15 de abril do ano de 1910 em Missão Velha e que foi moradora do Sr. Antonio Martins (in memoriam) por muitos anos no sitio Malhada Arueira (POÇO). Depois de alguns anos vieram residir em Brejo Santo no bairro Morro Dourado e que sua casa junto com a de Zé Pretinho foram as primeiras da localidade, onde hoje se localiza o hotel Municipal. Diz Sr. Francisco que na gestão de Dr. Lucena como tinha que construir o hotel deram uma nova casa, onde moram até hoje. 
 
Dona Maria tem sua rotina diária, não fica quieta, acorda cedo às 5 da manhã junto com seu filho e espera o café da manhã feito por ele. Sua neta descreve as atividades realizadas por Dona Maria que é varrer o terreiro e entre risos diz que algumas vezes ela pega o amaciante para lavar a louça, mas deixa fazer e que outra atividade é lavar algumas peças de roupa. Dona Maria toma banho sozinha e não permite que as netas a façam por ela e nem troque sua roupa. Segundo o Sr. Francisco a vida de Dona Maria não foi fácil. Ela trabalhou de roça junto com seu esposo Manoel Januário (in memoriam). Dona Maria gosta de conversar e na sua simplicidade de vez enquanto pinta as unhas. Na conversa ela mostrou um brinco que usa e exibe suas netas orgulhosa. Pergunto as netas o que elas mais admiram na avó e elas dizem que é o amor e o carinho que ela transmite. Muitas histórias conhecidas por Dona Maria poderiam ser ditas, mas com o avançar da idade a memória às vezes é falha. Mas percebi sempre um sorriso em seus lábios, uma vida dedicada ao AMOR. Além do filho e das netas Dona Maria conta com a companhia da cachorrinha Fofa, e que esta não a larga por nada, é sua companheira diária. Pergunto qual o tipo de alimentação de Dona Maria e a reposta é que ela adora café, não come pão e sim biscoito ou bolacha, e seu prato preferido é arroz, feijão e banana, não gosta muito de carne, come muito pouco. Não gosta muito de sopa.

Dona Maria tem outra filha que é a Maria Arruda de Sousa de 74 anos e que reside também no Morro Dourado. Os netos de Dona Maria são: Maria Arruda (Gordinha), Karina, 2 netas chamadas Aparecida, Simone, Francidalva, dois netos chamados Cicero, Maria e Francisco. 

Agradeço de coração a receptividade do filho e das netas de Dona Maria. Que Deus faça florescer muitas Marias como Dona Maria e que possam chegar a essa idade com a lucidez e a disponibilidade em servir com amor. Parabéns a essa nossa conterrânea que atravessou séculos e que é mais uma que compõe o cenário da nossa história cotidiana.