quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

COLUNA DA JACQUELINE - Devia ter amado mais

 Devia ter amado mais


O  tempo presente não está fácil. Entretanto,  há coisas que acontecem  para alimentar nossa esperança.
Sábado passado, muito cedo, às 5:00 horas acordei com uma alvorada de fogos. Imaginei que seria pelo último dia de festa da Mãe Rainha que estava sendo realizada na nossa comunidade.
Terminada a salva de fogos, comecei a ouvir uma banda de pífanos que entoava vários benditos.
Ao levantar, Mendes meu esposo me lembra do aniversário da nossa vizinha, Dona Francisca, uma senhora de pouco mais de 70 anos. Perguntei sobre a alvorada de fogos e a banda de pífanos e  ele me respondeu  que era em comemoração a aniversariante e em louvor ao Pai eterno e Nossa Senhora das Candeias, santos de sua devoção.
Durante todo o dia ouviu-se fogos e a banda de pífanos  que animada fazia sua apresentação na casa da aniversariante e logo saiam arrodeando  a pracinha que fica em frente  as  nossas casas e paravam na imagem de Padre Cicero Romão, nome da praça, e entoavam novos cânticos . E assim foi até às 22 horas. Incansavelmente.
Ainda pela manhã, fui deixar uns mimos a Dona Francisca  que me recebeu com muita alegria e emocionada me contava  que sempre agradecia a Deus a graça de viver com muita festa.
A casa estava cheia: parentes, amigos, vizinhos.  O cheiro da comida contagiava o ar.  Aquelas comidas caseiras feita com muito amor.
Achei tudo aquilo maravilhoso.  Quem passasse por aquela calçada era convidado a entrar e se fartar com  uma boa comida e bebida.
A noite, ouvi as rezas da renovação ao coração de Jesus.  Os benditos, os louvores, que me levavam  à outros tempos. Bem mais fáceis. Tempos em que o importante era  partilhar, era simplesmente viver para amar!
Fiquei a lembrar as palavras de Rubem Alves. E a humildade está nisso: saber, não com a cabeça mas com o coração.
Gentileza, bondade, humildade, palavras que para praticá-las basta que cada um seja capaz de trocar de lugar com o outro e perceber que é sutil a diferença que nos separa.
Lia Drummond poetisa:
A chuva não molha apenas um tipo de gente, o Sol clareia o dia de todo mundo que está vivo… Quando há dor, não importa em quem seja ou qual meio haja (ou não) para resolver, dói igual.
Comecei a cantarolar  a canção “Gente humilde”, letra do Vinícius, música do Chico, e não teve como não me emocionar:
Tem certos dias em que eu penso em minha gente e sinto assim todo o meu peito se apertar… são casas simples com cadeiras nas calçadas e na fachada escrito em cima que é um lar... E aí me dá uma tristeza no meu peito feito um despeito de eu não ter como lutar. E eu que não creio peço a Deus por minha gente. É gente humilde. Que vontade de chorar.
Mudei um pouco: E eu que creio peço a Deus por minha gente!
Por uma humanidade melhor!
Jacqueline Braga