quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

COLUNA DA JACQUELINE - Janelas


JANELAS


Nesta terça feira iniciamos a nossa jornada pedagógica que tem como tema  “ A viagem do descobrimento consiste em ver o mundo a partir de outras janelas”.

Porque escolhemos essa temática? Muitas vezes  nos acomodamos nas nossas janela, estreitas, sem ângulos de visão e enxergamos   só aquilo que queremos ou somos limitados a enxergar.

Fico a refletir: Quantos paradigmas devem ser quebrados em nossas vidas?  Qual nossa visão diante o mundo?

Jucélio, meu companheiro na missão de educar enfatiza: dia lindo para os sulistas é o dia de sol... dia lindo para os nordestinos é o dia de chuva. Tem coisa mais encantadora de que ver a chuva pela janela?

Lembro-me de certa vez que fui ministrar uma palestra no Rio Grande do Sul, na cidade de Santo Antonio da Patrulha.  Fomos almoçar em um restaurante e neste dia uma chuva torrencial banhava a cidade. Fiquei na porta do restaurante a admirar aquela quantidade de água caindo do céu. Era lindo. Uma das professoras que assistiu  a palestra se aproximou e indagou : Profi ( é como eles chamam carinhosamente os professores) o que está fazendo aí tão admirada? Sorri e respondi: encantada com a chuva!  Coisas de nordestino... coisas de cearense.

E é assim  mesmo, tudo depende da nossa janela. 

Acolhemos os professores na Jornada pedagógica, como sempre, com muita alegria e afetividade. Os músicos Rosinha, Gury e Daniel abrilhantaram a acolhida com animadas marchinhas de carnaval. Impossível não se envolver. Impossível não colocar os dedinhos para cima e sair bailando. Fomos recebendo cada professor, um a um, e saibam que não são poucos, com um caloroso abraço e um  seja bem-vindo de coração. Terminada a recepção os professores encaminharam-se para as salas de formação. Alguém chamou a atenção ,minha camisa branca  estava totalmente manchada de pós e batons: sua camisa está toda suja!  Olhei e lembrei das janelas. Respondi:  suja? Não ! Ela está cheia de afetividade, amizade e muito amor. Todos caíram na risada!

Pablo Neruda em a  “Ode à Cebola”  disse: Rosa de água com escamas de cristal. Quem veria uma cebola como cristal... somente os olhos dos poetas!

William Blake afirmou: A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.

Rubem Alves diz: Quando a gente abre os olhos, abrem-se as janelas do corpo, e o mundo aparece refletido dentro da gente.
Por isso que teimo em enxergar o mundo por outras janelas!
Que esta jornada nos ajude a criar um novo tipo de professor, como exorta Rubem Alves: um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar “olhos vagabundos”…
Por uma  humanidade melhor!

Jacqueline Braga