JANELAS
Nesta terça feira iniciamos a nossa jornada pedagógica que tem como tema “ A viagem do descobrimento consiste em ver o mundo a partir de outras janelas”.
Porque escolhemos essa temática? Muitas vezes nos acomodamos nas nossas janela, estreitas, sem ângulos de visão e enxergamos só aquilo que queremos ou somos limitados a enxergar.
Fico a refletir: Quantos paradigmas devem ser quebrados em nossas vidas? Qual nossa visão diante o mundo?
Jucélio, meu companheiro na missão de educar enfatiza: dia lindo para os sulistas é o dia de sol... dia lindo para os nordestinos é o dia de chuva. Tem coisa mais encantadora de que ver a chuva pela janela?
Lembro-me de certa vez que fui ministrar uma palestra no Rio Grande do Sul, na cidade de Santo Antonio da Patrulha. Fomos almoçar em um restaurante e neste dia uma chuva torrencial banhava a cidade. Fiquei na porta do restaurante a admirar aquela quantidade de água caindo do céu. Era lindo. Uma das professoras que assistiu a palestra se aproximou e indagou : Profi ( é como eles chamam carinhosamente os professores) o que está fazendo aí tão admirada? Sorri e respondi: encantada com a chuva! Coisas de nordestino... coisas de cearense.
E é assim mesmo, tudo depende da nossa janela.
Acolhemos os professores na Jornada pedagógica, como sempre, com muita alegria e afetividade. Os músicos Rosinha, Gury e Daniel abrilhantaram a acolhida com animadas marchinhas de carnaval. Impossível não se envolver. Impossível não colocar os dedinhos para cima e sair bailando. Fomos recebendo cada professor, um a um, e saibam que não são poucos, com um caloroso abraço e um seja bem-vindo de coração. Terminada a recepção os professores encaminharam-se para as salas de formação. Alguém chamou a atenção ,minha camisa branca estava totalmente manchada de pós e batons: sua camisa está toda suja! Olhei e lembrei das janelas. Respondi: suja? Não ! Ela está cheia de afetividade, amizade e muito amor. Todos caíram na risada!
Pablo Neruda em a “Ode à Cebola” disse: Rosa de água com escamas de cristal. Quem veria uma cebola como cristal... somente os olhos dos poetas!
William Blake afirmou: A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.
Rubem Alves diz: Quando a gente abre os olhos, abrem-se as janelas do corpo, e o mundo aparece refletido dentro da gente.
Por isso que teimo em enxergar o mundo por outras janelas!
Que esta jornada nos ajude a criar um novo tipo de professor, como exorta Rubem Alves: um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar “olhos vagabundos”…
Por uma humanidade melhor!
Jacqueline Braga