Você já se sentiu culpado por dizer não a alguém? Já se sentiu uma “má pessoa” por corresponder a sua própria vontade? Você prefere dizer “sim” para fazer com que os outros se sintam bem? Você acha que dizer “não” é uma atitude de covardes, e não de pessoas honestas consigo e com os outros?
Não há nada de errado em sermos atenciosos, prestativos e gentis. Não há nada de errado em sermos pessoas proativas e colaborativas, educadas e solidárias. Porém, precisamos conseguir identificar quando estes aspectos da nossa personalidade têm nos anulado diante de determinadas situações, fazendo com que nossas vontades e possibilidades sejam negligenciadas para correspondermos às perspectivas alheias.
Muitas pessoas têm dificuldade em dizer não, e isso talvez porque tenham tomado para si a responsabilidade de cuidar dos outros, e de jamais ousar se negar a alguém, mesmo que àquilo lhe custe caro. Dizer “sim” a tudo e a todos talvez seja uma atitude não saudável para nosso funcionamento psíquico, sendo capaz de atribuir a nós pesos e responsabilidades que não deveriam ser nossos.
Pessoas que tem dificuldades em dizer não enfrentam alguns conflitos internos, que se não trabalhados e ressignificados podem levar o indivíduo a esgotamentos emocionais, conflitos internos, e outras manifestações de comportamento que afetam o seu bem estar psicológico, podendo prejudicar ou desorganizar outros aspectos da vida do sujeito.
Dizer “não” talvez seja uma tarefa difícil para quem tem medos de enfrentar conflitos, para quem não quer perder a fama de bonzinho, e consequentemente perder o controle de determinadas situações ou pessoas. Para quem ao longo da vida não aprendeu que deve respeitar também as suas vontades, além dos desejos alheios. Por não saberem o que querem, a insegurança revela apenas sua capacidade de dizer “sim”, e assim não precisam assumir responsabilidades por sua palavras negativas, ações e escolhas de vida.
Quem sempre diz “sim” talvez não perceba que alguns aspectos da sua vida, principalmente seu bem-estar psicológico, podem ser afetados. Sua vontade é sempre deixada de lado, e por isso os outros sempre escolhem o que você deve fazer. Suas prioridades e escolhas sempre são colocadas em segundo plano, e por isso sua satisfação não é tão positiva diante de determinadas situações, as outras pessoas se acostumam com o seu “sim”, e por isso criam conflitos quando sua palavra é “não”. Você é sempre a pessoa que cede, que obedece, que agrada, que cuida, porque o seu medo de magoar as pessoas é maior do que sua capacidade de poder escolher o que quer e o que pode, por isso não quer ser rejeitada, e assim sente-se insegura, correspondendo sempre a chantagens emocionais daqueles que já sabem como conseguir alguma coisa de você, já que você não consegue discordar de nada, nem de ninguém, já que sua auto confiança tem se distanciado cada vez mais de você, e você só acredita que deve se doar, socorrer e estar disponível aos outros, esquecendo-se de si, de que além dos outros, existe alguém que precisa ser, viver, dizer, opinar, escolher – você.
Ruth Rocha em seu poema: “Quem tem medo de dizer não?”, nos diz:
E se essa incapacidade de dizer não tem te incomodado, te feito perder noites de sono, te distanciando de desejos e vontades para corresponder o que o outro quer, é preciso pensar, é preciso pesar: se está valendo a pena para você, além do outro, se você está se sentindo bem ou só fazendo o bem, e se o fardo que você carrega é realmente seu.
Pense nisso. Uma ótima semana. Até a próxima.
David Junior
Psicólogo e Professor de Filosofia
Não há nada de errado em sermos atenciosos, prestativos e gentis. Não há nada de errado em sermos pessoas proativas e colaborativas, educadas e solidárias. Porém, precisamos conseguir identificar quando estes aspectos da nossa personalidade têm nos anulado diante de determinadas situações, fazendo com que nossas vontades e possibilidades sejam negligenciadas para correspondermos às perspectivas alheias.
Muitas pessoas têm dificuldade em dizer não, e isso talvez porque tenham tomado para si a responsabilidade de cuidar dos outros, e de jamais ousar se negar a alguém, mesmo que àquilo lhe custe caro. Dizer “sim” a tudo e a todos talvez seja uma atitude não saudável para nosso funcionamento psíquico, sendo capaz de atribuir a nós pesos e responsabilidades que não deveriam ser nossos.
Pessoas que tem dificuldades em dizer não enfrentam alguns conflitos internos, que se não trabalhados e ressignificados podem levar o indivíduo a esgotamentos emocionais, conflitos internos, e outras manifestações de comportamento que afetam o seu bem estar psicológico, podendo prejudicar ou desorganizar outros aspectos da vida do sujeito.
Dizer “não” talvez seja uma tarefa difícil para quem tem medos de enfrentar conflitos, para quem não quer perder a fama de bonzinho, e consequentemente perder o controle de determinadas situações ou pessoas. Para quem ao longo da vida não aprendeu que deve respeitar também as suas vontades, além dos desejos alheios. Por não saberem o que querem, a insegurança revela apenas sua capacidade de dizer “sim”, e assim não precisam assumir responsabilidades por sua palavras negativas, ações e escolhas de vida.
Quem sempre diz “sim” talvez não perceba que alguns aspectos da sua vida, principalmente seu bem-estar psicológico, podem ser afetados. Sua vontade é sempre deixada de lado, e por isso os outros sempre escolhem o que você deve fazer. Suas prioridades e escolhas sempre são colocadas em segundo plano, e por isso sua satisfação não é tão positiva diante de determinadas situações, as outras pessoas se acostumam com o seu “sim”, e por isso criam conflitos quando sua palavra é “não”. Você é sempre a pessoa que cede, que obedece, que agrada, que cuida, porque o seu medo de magoar as pessoas é maior do que sua capacidade de poder escolher o que quer e o que pode, por isso não quer ser rejeitada, e assim sente-se insegura, correspondendo sempre a chantagens emocionais daqueles que já sabem como conseguir alguma coisa de você, já que você não consegue discordar de nada, nem de ninguém, já que sua auto confiança tem se distanciado cada vez mais de você, e você só acredita que deve se doar, socorrer e estar disponível aos outros, esquecendo-se de si, de que além dos outros, existe alguém que precisa ser, viver, dizer, opinar, escolher – você.
Ruth Rocha em seu poema: “Quem tem medo de dizer não?”, nos diz:
“A gente vive aprendendo
A ser bonzinho, legal,
A dizer que sim pra tudo,
A ser sempre cordial...
A concordar, a ceder,
A não causar confusão,
A ser vaca-de-presépio
Que não sabe dizer não!”
(...)
Mas não vamos esquecer
Que existe o "por outro lado"...
Tudo tem direito e avesso,
Que é meio desencontrado...
Quero saber dizer NÃO.
Acho que é bom para mim.
Mas não quero ser do contra...
Também quero dizer SIM!
E se essa incapacidade de dizer não tem te incomodado, te feito perder noites de sono, te distanciando de desejos e vontades para corresponder o que o outro quer, é preciso pensar, é preciso pesar: se está valendo a pena para você, além do outro, se você está se sentindo bem ou só fazendo o bem, e se o fardo que você carrega é realmente seu.
Pense nisso. Uma ótima semana. Até a próxima.
David Junior
Psicólogo e Professor de Filosofia
