O LARANJAL DE BRASÍLIA
No Laranjal de Brasília
A bagunça está gerada
Porque o dono da roça
Está com a pá virada
Pois sem saber trabalhar
Está tendo que aceitar
Pitaco da Meninada
Tem muita gente enrolada
Nessa roça de laranja
Porque o chefe de tudo
Desse cultivo não manja
Homem de boa conduta
Pra o cultivo dessa fruta
Dificilmente se arranja
Foi passando a mão na franja
E esquentando a moleira
O Dono da roça ao ver
Que tinha feito besteira
O Ministro da enxada
Levou uma bordoada
Do chefe da roçadeira
Na sombra da laranjeira
Um dos filhos descansava
Depois de ter enrolado
Um vendedor que passava
Ele vendia veneno
E o seu lucro era pequeno
Quando contabilizava
Ele ainda repassava
Para o filho do roceiro
Mais da metade dos lucros
Atendendo o trapaceiro
Todo vendedor sabia
Que ele sempre exigia
A comissão do dinheiro
Rachadinha o ano inteiro
Era uma prática comum
O pai sabendo de tudo
Vendo aquele zum-zum-zum
Disse meu filho é direito
E tirá-lo desse pleito
Não vou de jeito nenhum
Achando aquilo comum
O chefe já foi dizendo
É inveja desse povo
Que vive se mal dizendo
Esse povo é que não presta
Minha família é honesta
Por isso estou defendendo
No outro dia correndo
Uma mulher vi chegar
Da colheita de laranja
Querendo participar
O filho disse eu contrato
Mas quero fazer um trato
Antes da gente fechar
Não precisa trabalhar
Isso não é necessário
Me dê a sua carteira
Eu lhe garanto o erário
Vc não precisa vir
Mas vai ter que dividir
Comigo esse seu salário
Sendo assim muito operário
Participou do esquema
O Dono da roça finge
Ignorar o sistema
E nessa falta de gestão
Ficou longe a solução
Desse terrível problema
As consequências do esquema
Foram logo aparecendo
Não tendo os cuidados certos
A plantação foi morrendo
Como o chefe não fez nada
A roça ficou tomada
De laranja apodrecendo.
Marcos Gomes de Sousa
Poeta, Radialista e Administrador
