Para quando o carnaval passar
O ano só começa no Brasil depois do Carnaval. Este mantra é repetido tantas vezes por algumas pessoas que elas realmente parecem acreditar que só após o dia 07 de fevereiro deste ano terão liberdade para movimentarem suas vidas de maneira produtiva, permanecendo em letargia durante um trimestre inteiro iniciado com as festas de dezembro.
Alguns estudiosos afirmam que é uma desculpa para procrastinar. E o que significa esta palavra? Adiamento de uma ação, no popular, a mania de deixar tudo para depois. Até certo ponto é um comportamento considerado normal, no entanto, pode ser prejudicial. Alguns motivos que nos levam a procrastinar: falta de tempo, dúvida, receio, falta de energia, indisposição, excesso de trabalho, problema na saúde e desmotivação .
Teimo em não procrastinar !
Faz alguns anos que eu não sei o que é carnaval, aproveito esse feriado para descansar um pouco, ficar em casa, desacelerar. Esquecer do mundo? Missão impossível. Entretanto, nestes dias, fico com preguiça de sair, até assistir televisão já não é atrativo. Nas redes sociais os mesmos assuntos: carnaval, política e tragédias. Teimo em me desligar.
Ouvi uma afirmação que dizia mais ou menos assim: Não é a toa que toda a onipotência, a sensação de não depender de nada, nem de ninguém, a frieza efusiva da festa do carnaval acaba justamente na quarta-feira de cinzas, em que os restos de quem nunca fomos podem ser jogados ao vento. Podemos novamente renascer para aguentar calados os sofrimentos do dia-dia, pois os poucos dias de festa fez parecer que tudo valeu a pena. As serpentinas já foram gastas, a roupa será lavada e quem sabe outras máscaras nos serão oferecidas para o dia-dia, mais sóbrias, talvez mais obedientes.
Num relance recordo-me de um trecho da poesia de Fernando Pessoa:
“A vida é uma tremenda bebedeira.
Eu nunca tiro dela outra impressão.
Passo nas ruas, tenho a sensação
De um carnaval cheio de cor e poeira”.
E numa ousadia inusitada refaço a canção de Chico Buarque:
Eu tô só vendo, sabendo
Sentindo, escutando e não posso falar
Tô me guardando pra quando o carnaval passar...
Eu tenho tanta alegria, adiada
Abafada, quem dera gritar
Tô me guardando pra quando o carnaval passar...
Por uma humanidade melhor!
Jacqueline Braga
Teimo em não procrastinar !
Faz alguns anos que eu não sei o que é carnaval, aproveito esse feriado para descansar um pouco, ficar em casa, desacelerar. Esquecer do mundo? Missão impossível. Entretanto, nestes dias, fico com preguiça de sair, até assistir televisão já não é atrativo. Nas redes sociais os mesmos assuntos: carnaval, política e tragédias. Teimo em me desligar.
Ouvi uma afirmação que dizia mais ou menos assim: Não é a toa que toda a onipotência, a sensação de não depender de nada, nem de ninguém, a frieza efusiva da festa do carnaval acaba justamente na quarta-feira de cinzas, em que os restos de quem nunca fomos podem ser jogados ao vento. Podemos novamente renascer para aguentar calados os sofrimentos do dia-dia, pois os poucos dias de festa fez parecer que tudo valeu a pena. As serpentinas já foram gastas, a roupa será lavada e quem sabe outras máscaras nos serão oferecidas para o dia-dia, mais sóbrias, talvez mais obedientes.
Num relance recordo-me de um trecho da poesia de Fernando Pessoa:
“A vida é uma tremenda bebedeira.
Eu nunca tiro dela outra impressão.
Passo nas ruas, tenho a sensação
De um carnaval cheio de cor e poeira”.
E numa ousadia inusitada refaço a canção de Chico Buarque:
Eu tô só vendo, sabendo
Sentindo, escutando e não posso falar
Tô me guardando pra quando o carnaval passar...
Eu tenho tanta alegria, adiada
Abafada, quem dera gritar
Tô me guardando pra quando o carnaval passar...
Por uma humanidade melhor!
Jacqueline Braga
