segunda-feira, 18 de março de 2019

COLUNA DO DAVID JR. - Fragilidades

Fragilidades


Basta parar um pouco para pensar no que o mundo tem vivido nos últimos dias para chegar a conclusão de que vivemos tempos difíceis, tempos de fragilidades.

Nossos meios de comunicação de massa nos apresentam diariamente as consequências dolorosas de atitudes humanas que não calculam o poder de suas mãos, de suas forças, de suas emoções, muitas vezes incompreendidas. São notícias que nos entristecem, que têm capacidade de nos atingir fortemente, como se fosse um banho de negatividade. É  impossível não ser atingido pelo incômodo de saber que os seres humanos parecem estar cada vez mais distanciados, pelo ódio, pelo desrespeito, pela falta de diálogo, pela incompreensão, pela violência.

É preciso pensar que os últimos acontecimentos assistidos por nós, no Brasil e em outros lugares do mundo, também precisam ter sua função reflexiva, auto-avaliativa, humanitária. Devem servir também para que possamos encontrar respostas sobre o que nós estamos fazendo de nós mesmos, o que temos oferecido aos outros, a si mesmo, e o que temos recebido. Pode ser um despertar.

Nossas fragilidades estão expostas. E nós sabemos disso, mas negamos. Porque essa história de se demonstrar frágil parece não ser permitida pelo advento das vitrines tecnológicas, e pelas perspectivas mercadológicas que vendem e compram "vidas de sucesso". Preferimos esconder nossas fragilidades atrás de um sorriso bonito nas redes sociais, com uma frase de efeito que demonstre o quanto somos fortes e felizes, criaturas inabaláveis.

Nossas fragilidades e sentimentos são guardadas nos cofres das nossas emoções. Nossas tristezas, nossos incômodos, nossas inquietações, nossos desgostos, e muitas vezes nós mesmos, somos trancados no porão das fragilidades, até que não seja mais possível suportar a escuridão, e precisamos descontar no mundo e nos outros a nossa incacidade de buscarmos saber lidar, compreender e aceitar nossas fragilidades, e quem nós somos. Por isso muitas vezes a crueldade, a violência, a intolerância, os abusos, os ódios, e as dores que causamos aos outros falam muito sobre nós - sobre nossas angústias, sobre nossos medos, sobre nossos sentimentos, sobre o que somos internamente.

Claro, não podemos descrer na fortaleza da vida. A nossa vida é potente. Mas devemos cuidar também do que é frágil em nós, para que não se quebrem os elos que sustém nossa humanidade.

Não há constância na vida de ninguém. Viver é um ato dinâmico, mas é dádiva que precisa ser cuidada sempre.

Como nos diria o admirável Guimarães Rosa: “A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”

Pense nisso! Uma ótima semana. Até a próxima.

David Junior
Psicólogo e Professor