segunda-feira, 1 de abril de 2019

COLUNA DO DAVID JR. - O que sua criança acessa no celular?


O que sua criança acessa no celular?


Sua criança nem precisa pedir o celular, você já oferece? Você sabe quais sites ou páginas ela acessa? Você deixa a criança com o celular para ter um pouco mais de “sossego”? Sua criança sabe manusear o celular melhor que você, e acessa coisas que você nem sabe o que é? Vamos refletir sobre isso? 

Vivemos na era da Tecnologia, e não poderemos, nem conseguiríamos voltar atrás com relação a isso. A tecnologia já faz parte das nossas vidas, nossos aparelhos já parecem ser uma extensão do nosso corpo, e sentimos falta das possibilidades que as pequenas máquinas nos oferecem, quando passamos determinado período sem utilizá-las. 

As crianças parecem encantadas com a telinha colorida de jogos, animações, canais, tutoriais, e tantas outras ferramentas de entretenimento  contidas nos celulares e tablets ou na loja de aplicativos que eles disponibilizam com milhares de “gratuidades” para downloads. Tudo isso permite que crianças e adolescentes não vejam o tempo passar, e por isso ficam horas e horas conectados em mundos virtuais, e desconectados da realidade. 
“Mas o que eles tanto acessam?”

Talvez essa seja a pergunta a se fazer, e a responder, já que em  algumas vezes pais e responsáveis perdem o controle do tempo e dos acessos feitos por suas crianças nos aparelhos eletrônicos – o que na verdade deveria ser evitado. É importante que pais e cuidadores tentem conhecer as tendências e conteúdos mais acessados entre as crianças, além de acompanharem, sempre que possível, quais os jogos, aplicativos e redes sociais estão disponíveis no aparelho, avaliando quais são adequados ou não para a criança. 

Pais e responsáveis ao permitirem que suas crianças utilizem celulares precisam estar atentos aos conteúdos oferecidos pelos aparelhos, principalmente ao que pode afetar negativamente a saúde psicológica ou física, e segurança dos filhos, principalmente quando se trata de jogos online, nos quais existem contatos virtuais entre os jogadores – “quem está do outro lado da tela?”

Outro aspecto relevante neste contexto é o diálogo entre pais e filhos a respeito do uso dos aparelhos, quais as ferramentas utilizadas, e quais as experiências vivenciadas pelas crianças, e quais contatos ela tem tido a partir desse uso, por “muitas vezes é preciso adentrar ao mundo infantil para compreendê-lo”. Há a necessidade dos pais e responsáveis acompanharem os acessos e uso de celulares por suas crianças, e acompanhar não é apenas saber o que está sendo visto ou qual é o jogo – vai além – é compreender quais benefícios e malefícios determinadas ferramentas podem causar ao sujeito, e quais mudanças de comportamento isso tem causado. 

A Tecnologia não pode ser compreendida como uma “arma” ou “culpada” por determinados acontecimentos, pelo contrário, ela precisa começar a ser compreendida como mais uma descoberta humana capaz de nos auxiliar no cotidiano, na vida, na comunicação, nas relações sociais, e na educação – com destaque para sistemas de ensino que já utilizam as tecnologias como aliada nos processos educativos, sendo importante ferramenta pedagógica na construção e no desenvolvimento das capacidades humanas. 

Por vezes sentimos a falta de algumas brincadeiras, de algumas vivências de infâncias – “no meu tempo era assim...” – e achamos que “nossas crianças não brincam mais”, e isso não deve ser atribuído só ao desenvolvimento tecnológico, há uma série de aspectos influenciadores (assunto para outra coluna) que fazem com que nossas rotinas sejam modificadas, fazendo nascer uma sensação de isolamento entre as crianças, adolescentes, e nós adultos (basta tentarmos calcular a quantidade de tempo que passamos no celular – em média, nove horas e 14 minutos, por dia, segundo pesquisas recentes). 

O celular está sempre perto de nós, está quase sempre nas mãos das crianças, e isso parece ser inevitável, mas convenhamos que possa ser revisto e controlável. Em resumo, a palavra deve ser cuidado. 

Cuidado, para que não continuemos transferindo responsabilidades e culpabilizando os aparelhos eletrônicos pelo que os adultos fazem deles ou com eles. Cuidado, para que não busquemos na “culpa do celular” as explicações para a ausência do afeto, do diálogo e do respeito. Cuidado, para que não justifiquemos os comportamentos das crianças apenas “por conta do celular”. Cuidado, para que os celulares não tomem o lugar dos pais ou dos responsáveis, afinal de contas, quem é o adulto da história? 

Pense nisso! Uma ótima semana. Até a próxima. 
David Junior 
Psicólogo e Professor