O programa Painel, da Globo News, debateu estes dias um tema relevante, urgente e espantoso: o de que, a cada minuto, um adolescente abandona o ensino médio no Brasil. Em meio à Crise no Ministério da Educação, os baixos indicadores no país continuam a desafiar o governo federal, estados e municípios. A crise se agrava com decisão do presidente em demitir o ministro Vélez Rodrigues, responsável pela pasta. Mas, não entremos nessa discussão. Voltemos para os nossos adolescentes.
É fato que essa é uma fase da vida marcada por indecisões e inconstâncias, diante das quais os jovens precisam formar a sua personalidade. Não creio, no entanto, que seja essa a explicação para a estatística tão alarmante discutida no programa.
Por que, afinal, os nossos adolescentes têm abandonado a escola? Por que a escola é chata demais e eles não conseguem achar sentido nela? Por que os conteúdos são muito pesados? Ou por que eles precisam trabalhar e, por isso, não conseguem dar conta?
Em 2012, a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostrou que, de cada dez alunos que entram na primeira série, apenas cinco vão terminar o ensino médio.
Esse é outro dado alarmante, queridos ouvintes. Trata-se de uma escola que extermina o futuro de cinquenta por cento dos seus alunos. E não há outra explicação para isso senão a de que os jovens abandonam a escola, porque eles não veem sentido nela, não veem sentido nas aulas. Como reverter esse quadro e fazer com que os alunos tenham prazer em estudar?
Primeiro, a escola deve pensar a comunidade, discutindo, por exemplo, saneamento básico. Ao fazer isso, ela vai levar os próprios alunos a pensarem a sua volta, ou seja, percebendo se há esgoto a céu aberto e discutir como isso pode interferir no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e na mortalidade infantil no próprio bairro, daí elevar para um nível maior.
Quando a escola traz a matéria tradicional para a realidade, em um trabalho no qual ela consegue dialogar com as mazelas da comunidade e com os segmentos que estão ao seu redor, ela consegue dar um salto significativo na qualidade do ensino e, consequentemente, no interesse dos alunos e até dos pais desses alunos.
Para isso, claro, deve haver bons projetos. E bons projetos são feitos por grandes professores, com o apoio das secretarias de educação e investimento do governo, neste caso, do estadual, responsável pelo ensino médio. Mas sempre em parceria com o governo e federal, municipal e até a Igreja, a partir das Campanhas da Fraternidade.
É isso, queridos ouvintes. Deus nos conceda uma semana tranquila, cheia de inspiração para pensarmos alternativas para mudar a realidade. Amém!
* Padre Cícero José é pároco da Basílica de Nossa Senhora das Dores em Juazeiro do Norte-CE.