sexta-feira, 17 de maio de 2019

COLUNA DA HISTORIADORA FÁTIMA ALVES - SOCORRO MELO, a irreverente no seu jeito de ser e de pensar

  SOCORRO MELO, a irreverente no seu jeito de ser e de pensar
 

Hoje é com gratidão que venho retratar a pessoa de Socorro Melo, uma personalidade conhecida por todos nós por sua autenticidade, por sua maneira de ser e pela presença marcante na nossa história cotidiana. 
Começo minha conversa com Socorro Melo nesta manhã de quinta-feira 16 de maio de 2019, na sua residência a qual foi muito receptiva, vai revelando um pouco da sua história e da sua família. Maria do Socorro Melo, nasceu em Brejo Santo filha do casal Elias Gabriel de Melo (in memoriam) e Olivia Adelina da Conceição (in memoriam).  Socorro Melo revela um pouco da vida de seus pais e que por sinal muito significativa pra nossa história. Sua avó materna se chamava Adelina, mas era conhecida por Sádalina, a qual tinha um café no antigo comércio de Brejo Santo, localizado atrás da escola Padre Pedro. O legado de Sádalina ficou para sua filha Olivia, mãe de Socorro a qual possuía uma café onde hoje se localiza o Lojão Paraiso das Ofertas, terreno comprado por seu avó após saírem do comercio antigo e no local construíram uma casa e um ponto comercial. Socorro revela que seu pai era agricultor e guarda noturno e que trabalhou por 39 anos nesta honrada profissão, veio deixar a profissão no primeiro mandato de Dr. Welington Landim quando saiu a aposentadoria. O Sr. Gabriel fazia a ronda noturna e quem fazia a cobrança era Socorro e o pagamento ocorria no dia 11 de cada mês nas seguintes casas comerciais: Lojas de Dona Pitoquinha, Nezinho Madeiro, Carlos Martins, Casa Alencar (o gerente era o Sr. Donato), Casas Pernambucanas, Farmácia Lucena (na época o proprietário era Evandro), Maringá (Sr. Quintino), A Flama (Assis Feijó), Farmácia Santana (Editoso), Farmácia Landim (Ivan Landim), Nortelar (Pedro Tavares e o gerente era Manoel Bezerra pai de Leda Vasconcelos) e a Cearense (Amadeu). Achei fantástica essa viagem no tempo de Socorro Melo, pois com certeza está armazenado na memória de muitas pessoas. 
 
Socorro Melo é casada com Raimundo Rolim Gonzaga (Didi da Itapemirim, filho do Sr. Heleno, um dos renomados comerciantes de Brejo Santo), e da união conjugal nasceram os filhos: Rafaela sua primeira filha que nasceu em 1981, mas como ela mesmo diz retornou a casa do Pai, no ano de 1983 nasceu Rafael e o caçula Pedro Henrique nasceu em 1985. Socorro tem dois netos e diz que Jorginho era saudável até os dois anos de idade, porém após dormir o sono de meio dia acordou tremendo e adquiriu um problema motor, ficou acamado e depois cadeirante, mas como ela mesmo descreve: “Para honra e glória de Jesus”, atualmente Jorginho leva uma vida normal, anda, corre, estuda e faz as atividades de uma criança saudável.
 
Pergunto sobre a infância de Socorro Melo e mais uma vez ela nos conduz ao túnel do tempo. Ela diz que era uma criança travessa, recorda as dificuldades enfrentadas pelo pai como agricultor. Diante dos desafios ela começou a estudar no círculo operário, por que na época sua mãe era sócia e os filhos podiam estudar.  A professora que desvendou o mundo da leitura foi Nicinha de Expedito Simplício. Mas com o passar dos anos não tinha mais a série de Socorro e seu pai achava que já estava bom por ela saber ler e escrever. Dona Olivia não desiste e diz: “vou fazer dela uma professora”, e fez disse Socorro Melo. Paralelo aos estudos Socorro realizava suas brincadeiras nas ruas do próprio comércio, juntava as caixas pra fazer casinha de boneca, às vezes a noite ia até a alfaiataria de Adizio para pegar tecidos para as roupas de suas bonecas. Acompanhou a construção do Banco do Brasil do início ao fim e que com os blocos de tijolos fazia fogão pra os guisados. A entrada do Banco parecia um auditório e à noite juntava com outros para fazer show como se fossem cantores. Com algumas colegas como Selma e Aurenir saiam no comércio pedindo amostra de arroz e feijão pra mães, mas juntava toda a arrecadação e faziam um delicioso guisado. Lembra das bancas que serviam como tendas, as quais eram guardadas ao lado do Banco do Brasil. 
 
Outra aventura de Socorro Melo era assistir televisão na casa de Juarez Sampaio, pois eram poucas as casas que possuíam televisão, além da Juarez tinha na casa de Emilio Salviano e de um gerente que morava em frente a Igreja. Tinha TV ainda na farmácia de Ivan Landim, e juntava muitas crianças que os bancos não cabiam e todos ficavam no chão. Ela diz que Sr. Ivan tinha satisfação em receber as crianças e quem chegasse. A televisão era ligada a partir das 5 h e ia até as 9 h da noite. Uma das novelas que Socorro Melo lembra é de Gerônimo o herói do Sertão que começava no final da tarde.  Sua catequista foi Maria Alacoque e sua primeira comunhão foi aos 7 anos de idade com o então Padre Dermival, inclusive é seu Padrinho de Batismo junto com Zenaide (in memoriam). Outras aventuras era ir ao engenho buscar mel e rapadura pegar “bigu” nas carroças na cacimbinha e mergulhar na nascença. Outra recordação de Socorro foi na época do Cine Paroquial, seu irmão trabalhava no local e uma vez por semana lhe dava uma cortesia de ingresso e um picolé. Após a missa visitavam o Padre Pedrinho, era uma fila de crianças para se ajoelhar e pedir a bênção. Pois ele já se encontrava em uma cadeira de rodas. 
 
Socorro Melo viveu sua juventude de forma saudável, mas começou a trabalhar cedo com 17 anos de idade na Gestão de Dr. Lucena e com ajuda de Leda Vasconcelos e Socorrinha Lucena que deram esta oportunidade no Clube de Mães para assim ela estudar. Através do esforço do trabalho concluiu o pedagógico no ano de 1980. Mas Deus é providente e ela consegue um contrato do estado no ano de 1981 através de Leda Vasconcelos. Com esse trabalho Socorro diz que sempre foi arrimo de família e sustentava todos. O marido trabalhava na estrada, e ela sempre assumiu o papel de pai e mãe.  Outros locais que trabalhou foi escola Pedro Basílio e escola Padre Pedro e na escola Balbina Viana Arrais. 
 
Socorro diz que após a partida de Rafaela pra casa do Pai, Deus deixou dois anjos pra ela cuidar, primeiro foi a mãe que ela cuidou durante 5 anos e dois meses e depois sua irmã Cida a qual foi diagnosticada com câncer de mama e foram caminhar ao tratamento. Depois surgiu o câncer no colo do útero, 3 anos após o primeiro câncer, e no dia 13 de março foi diagnosticada com metástase e no dia 26 Cida retornou a casa do Pai.
 
Encerro assim Socorro Melo dizendo que Brejo Santo é uma cidade muito boa, melhor que antes, muito diferente de outrora pois era uma cidade pacata, só pretende sair quando Deus a chamar. Antes não era fácil, hoje tudo é diferente. Socorro melo se intitula assim: “Sou autentica, verdadeira, batalhadora, onde nas minhas batalhas já chorei, já, sorrir, já fiquei triste, já fiquei alegre. Minha vida não foi fácil, mas sempre procurei ajudar minha família e o próximo e quero ser útil até o último dia da minha vida”.
 
Obrigada Socorro por colocar em público um pouco da sua vida. Que seu exemplo de bravura e superação, sirva de inspiração pra outras pessoas e que sua história está entrelaçada a nossa história cotidiana.