
No centro da "pacificação" da base, o compromisso do Executivo em não mexer (na medida do possível) com emendas parlamentares devidas aos deputados, sugerindo inclusive a criação de uma comissão para tratar da liberação dos recursos. É com essa verba que o governo realiza intervenções em municípios indicados pelo Legislativo, uma das principais reivindicações de qualquer deputado. Todos querem, afinal, levar ações para os redutos eleitorais.
"Disse ao governador sobre a necessidade de investimentos imediatos nas nossas estradas e ele de pronto já tinha um planejamento no valor de mais de R$ 150 milhões em investimentos. Na segunda-feira, as máquinas já iniciavam o trabalho na BR-020, no trecho da entrada do município de Parambu". A fala, feita ontem pelo deputado Leonardo Araújo (MDB), sintetiza bem os porquês da reaproximação. Ponto para a liderança do governo na Assembleia, que articulou a ponte entre Executivo e Legislativo. Resta saber se ela será duradoura.
Wagner e Bolsonaro
Clima de página virada não ficou restrito à base aliada, com terça-feira de "bandeiras brancas" também na oposição de Camilo. Poucos dias após subir o tom contra o Planalto por conta dos cortes anunciados na educação superior, o deputado Capitão Wagner (Pros) gravou ontem vídeo em que aparece mais uma vez ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Nas imagens, o chefe do Executivo agradece a confiança do povo cearense e diz que, "com pessoas como Wagner do nosso lado", a tarefa de gerir o País fica facilitada.
No início do mês, o deputado chegou a entrar em confronto com parte da base de Bolsonaro no Ceará, após promover uma série de críticas à reforma da Previdência. Presidente do PSL em Fortaleza, o deputado estadual André Fernandes chegou inclusive a afirmar que, por conta dos posicionamentos, Wagner poderia perder apoio do partido em uma eventual disputa pela Prefeitura de Fortaleza em 2020. O encontro de ontem, no entanto, dá ares de página virada no conflito. "Nunca fui oposição, então acredito que o encontro foi importante para colocar os pingos nos i's", diz Wagner.
O deputado afirma, no entanto, que isso não significa um "alinhamento automático" com o presidente. "Continuo tendo meu posicionamento independente. Tudo que for bom para o Ceará a gente vai continuar buscando. No que não for, eu vou apresentar argumentos técnicos, de forma respeitosa", diz. O deputado hoje questiona, por exemplo, mudanças na aposentadoria rural e o sistema de capitalização previsto na reforma da Previdência.
BNB sem fusão
Depois de o governo desmentir categoricamente perspectiva de privatização do Banco do Nordeste (BNB), agora foi a vez de outro rumor em torno do banco ser descartado pelo Planalto: o de uma possível fusão entre BNB e o BNDES. Em reunião ontem com a bancada federal do Pros, o ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) foi firme em afirmar que, pela posição do governo hoje, o banco continua como está. "Posicionamento do governo é que o BNB nem é privatizado nem será fundido, até pelos resultados positivos que ele está tendo", disse Capitão Wagner, presente no encontro.
*Da redação do Blog do Farias Júnior, com O POVO