Quando a morte se transforma em vida
Nesta tarde da quarta feira, dia 19 de junho, o Sr Ivan Leite Landim fez sua passagem. Se me perguntassem algum versículo bíblico para esse momento de extrema dor, diria: Combateu o bom combate, completou a carreira, guardou a fé. A coroa da justiça lhe está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, lhe dará naquele dia; e não somente a ele, mas também a todos os que amam a sua vinda. Cumpristes bem tua missão. Vai servo bom e fiel.
Todos que somos de Brejo Santo sabemos das inúmeras qualidades desse homem que faz parte da história dessa terra e nos deu testemunho de fortaleza, dignidade e sabedoria.
Todas as partidas, mesmo aquelas esperadas, nos causam uma profunda tristeza e dor. E quando nutrimos o sentimento de amizade e respeito, não tem como não sofrer.
Mas o que me fez refletir nestes últimos dias, está muito além da dor da saudade, da dor de ver o irmão sofrendo pela perda de um ente querido.
Nestes últimos dias, passei boa parte do tempo, no hospital Geral de Brejo Santo. Em todos momentos é importante se fazer presente, mas nestas horas a presença do amigo, mesmo que nada diga, é valoroso demais.
E assim fiz. Tenho certeza que minha presença não representava muita coisa naquela circunstância, mas meu coração se comprazia só com o fato de está ali, presenciando comovida, gestos de pleno amor.
Próximo ao leito do Sr. Ivan, a família se reunia em torno de um esposo, pai, irmão, avô, amigo e todos os relatos me faziam perceber a grandeza do seu coração.
Diuturnamente eles permaneceram ali, ligados a esperança, ligados a fé na ressurreição. Se não fosse tão triste e doloroso, seria uma das maravilhosas cenas de amor que presenciei.
Apesar da quase todos serem da área de saúde e entenderem a irreversibilidade da situação, continuavam firmes , embora constantemente lágrimas rolarem nos rostos abatidos pelo cansaço e dor, mas cheios de fé.
Rubem Alves de acordo com as palavras de Deus afirmava: Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer. A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A “reverência pela vida” exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir.
Mas como é difícil soltar as mãos, soltar o coração de quem se ama.
A dor é imensurável. Ouso comparar vida e morte: a vida é brinquedo puro quando se está alegre, a morte a transforma num peso enorme, bola de ferro que se arrasta, pedra que se rola até o alto da montanha, sabendo ser inútil o esforço, pois ela rolará de novo morro abaixo causando uma preguiça, um desânimo sonolento, até que a dor nos deixa e a saudade nos faz companhia constante.
Hoje apenas um espaço vazio. O que se pode fazer? orar. E mesmo no silencio das palavras se ouve uma outra voz, uma melodia que faz chorar.
Por uma humanidade melhor!
Jacqueline Braga