sexta-feira, 28 de junho de 2019

Um novo capítulo da guerra pelo partido de Bolsonaro no Ceará

O jornalista Érico Firmo escreve no O POVO de hoje sobre o clima de divisão que impera aqui no Ceará, no partido do presidente Jair Bolsonaro. Leia a matéria. 

O PSL não completou o sexto mês no comando da República e já vive em pé de guerra interna. O problema passa por estados como São Paulo, Minas Gerais, mas o Ceará não fica atrás. Há uma disputa por espaço e pelo controle da máquina partidária. A estrutura é comandada pelo presidente estadual, o deputado federal Heitor Freire. Como mostrou o jornalista Henrique Araújo no O POVO de ontem, os deputados estaduais André Fernandes e Delegado Cavalcante pedem intervenção da executiva nacional no diretório estadual. Isso depois de a comissão provisória municipal, presidida por Fernandes, ter sido dissolvida. Isso em função de atrito de Freire com Fernandes. Cavalcante também esperava obter cargo, mas não foi atendido.
Freire controla a máquina. Tem relações com o bolsonarismo de longa data e tem interlocução lá em cima. Porém, Fernandes é a figura mais popular. Teve mais votos para deputado estadual do que Freire para federal. Contudo, o youtuber está metido na maior polêmica do momento na Assembleia Legislativa, denunciado ao Conselho de Ética.
A briga envolve a condução de uma estrutura partidária que era nanica e, subitamente, tornou-se a legenda mais poderosa do País. O que está em jogo passa pela interlocução com o Governo Federal, inclusive para nomeação de cargos, a definição de candidaturas e alianças em 2020, o controle dos recursos partidários e das verbas de campanha. Não é pouca coisa.
Briga por poder em partidos é muito comum, sobretudo quando chega ao poder. O PT travou disputas internas barulhentas e públicas, enquanto no PSDB sempre houve jogo de bastidores, rasteiras e puxadas de tapete. Já no MDB, fatiamento de poder possibilita convivência mais ou menos harmônica entre partidos, com eventuais conflitos de interesse.
A nova política do PSL se parece em muita coisa com a velhíssima política. Com a diferença de que os políticos tradicionais costumam ter alguns parâmetros mínimos de convivência. No PSL, a temperatura já começa nas alturas, com denúncias e ataques que não será facilmente cicatrizados.
O que está em jogo é a configuração que o partido do presidente Jair Bolsonaro terá no Ceará no futuro próximo.
Briga não é localizada
A disputa no PSL não ocorre só no Ceará e não é de agora. A mais visível é em São Paulo onde Alexandre Frota, Major Olímpio e Joice Hasselmann se digladiam desde antes da posse. Até Eduardo Bolsonaro, o zero dois, entrou na peleja.
Em Minas Gerais, foram presos ontem um assessor especial e dois ex-assessores do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. O próprio é investigado pelo uso de candidaturas laranjas para uso irregular de dinheiro público. Situação que é tanto consequência quanto causa de crise interna.
Se há tanta confusão pela direção do PSL no Ceará, onde Bolsonaro teve menos de um terço dos votos e perdeu em todos os municípios, avalie-se o tamanho da briga onde o bolsonarismo é hegemônico.
Barulho e silêncio
A coluna criticou ontem a emenda ao Código da Cidade que cria privilégio a templos religiosos para não se enquadrarem na Lei do Silêncio. Foi um problema, mas há avanços diversos no Código. Inclusive quanto ao barulho.
Um deles é o dispositivo que proíbe fogos de artifício que façam barulho. Um alento.
Embora haja quem aponte uma brecha para o uso desse tipo tão inconveniente de fogos. E, como se sabe, basta uma brecha para os aproveitadores fazerem festa. E barulhenta.

*Da redação do Blog do Farias Júnior com dados do O POVO