sexta-feira, 19 de julho de 2019

COLUNA DA HISTORIADORA FÁTIMA ALVES - Maria Do Socorro Alves Patrício Moura (Leda)

Maria Do Socorro Alves Patrício Moura (Leda)

Meu coração hoje transborda de alegria em trazer na nossa história cotidiana a minha amiga Maria do Socorro Alves Patrício (Leda ou Leda de Severino). Uma pessoa que sempre nutri uma admiração, pois tem um caráter invejável, filha, irmã e uma super mãe, uma esposa que nos remete exemplo como companheira de todas as horas.  Uma grande profissional e educadora ao executar suas atividades com maestria, com sua descrição em fazer as coisas, apesar de estar nos bastidores como ela mesmo revela, mas seu trabalha se torna visível.

Maria do Socorro Alves Patrício Moura, nasceu no município de Milagres, em um sitio, mas veio embora para Brejo Santo, com nove anos de idade. Filha do casal Luís Alves de Lima (in memoriam) e Terezinha Alves Patrício (in memoriam). Dona Terezinha, conhecida por todos nós, uma pessoa meiga e calma, sempre pronta a aconselhar, era filha única, nasceu no município de Milagres e Sr. Luís do Sitio Tamanduá, Brejo Santo, um homem exemplar na sua simplicidade. Leda vem de uma prole de cinco irmãos: Neuda, Francisco (Francilê), Nedina (Ledian), Luís Alves Patrício (Wanderley) e o interessante é que todos trazem um sobrenome que não é ao nome original da certidão de nascimento.

A Infância de Leda foi com maior intensidade e recordação no sitio em que ela residia, no município de Milagres, e as brincadeiras que marcaram foram a de tomar banho no açude, e de escola (dá aulas).  Já em Brejo Santo, brincava de Uribusca, de ir buscar mel no engenho ou alfininho ou imbu no sitio as Areia. Ao falar do engenho Leda descreve que ia buscar o mel quente na cana de açúcar e que virava alfininho e que as idas ao engenho era ao meio dia. Leda recordava na época que moravam na rua Manoel Antônio Cabral, onde era a casa da saudosa Lenira. A casa foi adquirida com a venda do sitio, pois era um período de seca e estiagem e por intermédio de sua mãe resolvem vir morar em Brejo Santo. Leda diz que sua mãe era futurista, tinha a visão de que Brejo Santo seria uma cidade mais desenvolvida e oferecia estudos aos filhos. Sr. Luís era agricultor, ficou um pouco temeroso em vir embora, pois sua atividade principal era de agricultura. Mas veio e tempos depois enfrentava um pouco de tudo, inclusive viajava nas firmas e aprendeu o oficio de pedreiro, não era um mestre de obras, mas reformava ou pintava as casas. O início dos estudos de Leda foram acompanhados por sua irmã Neuda, foi ela quem a alfabetizou em casa, nesse período a mesma já prestava serviços de professora no município. Depois do período de alfabetização Leda foi matriculada na Escola José Matias Sampaio e começou a primeira série, momento em que ficou por uma semana. Percebeu-se que ela tinha uma certa desenvoltura na leitura e escrita, e assim foi promovida a segunda série, e sua professora foi Dona Dita. Aconteceu o mesmo fato na segunda série e ela foi promovida a terceira série, na época a professora foi Geralda Simplício, e esta deu oportunidade de ser uma espécie de líder de sala. Cursou o ano inteiro, mas da terceira série foi para o exame Admissão, não cursou a quarta série. Leda recorda que a professora da quarta série era Dona Zarele Lucena, irmã de Dr. Arnaldo e Zenaldo e a descreve como uma professora linda, muito charmosa, ia arrumada, falava baixo, era muito educada e que ensinava de luvas e mascará, talvez tivesse alergia ao giz. Mas esse fato marcou muito a vida estudantil de Leda, achava algo impactante. Na admissão uma de suas professoras foi Dona Filomena e a considera sua melhor professora, não querendo desmerecer as demais, pois esta, incentivou a leitura. Um dos fatos que marcou a infância de Leda foi que no ano de 1970, um período de seca, ela foi deixar o lanche de Neuda, pois esta trabalhava na Loja Casa Alencar, e era dia de sábado, e todos os sábados ia deixar, na volta viu o movimento de homens e batalhão saindo da rua da Prefeitura em direção a feira dos legumes, e os comerciantes baixando as portas. Era muito homem em frente ao Armazém de Quinco Nicodemos, perto da Loja de Chico de Ioió. Os homens jogavam farinha pra cima, saco de arroz nas costas, e Leda como era criança ficou apavorada e foi acolhida por um homem que ela não lembra, e assim ela se acalmou, mas não lhe vem a memória como chegou em casa e como sua mãe lhe recebeu.

Na adolescência Leda recorda que depois do curso Admissão, foi estudar na escola Balbina Viana Arraes e o diretor era Professor Júlio Macedo. Recorda alguns de seus professore: Ivanilda, Bezerrinha, Marizete, Eunice Pinheiro, Dona Bernadete. A diversão era a praça do meio, dando voltas e paquerando, ou ia para tertúlia no BSUC, com uma radiola mesmo, mas todas tinham horário pra retornar, impreterivelmente as 22 horas em casa. Começou a trabalhar cedo, desde os dezessete anos, pois era uma forma de se vestir e se calçar e paralelo estudava. Certo tempo seus pais foram morar na cidade do Crato, para ajudar a Francilê, o mesmo trabalhava e estudava. Na cidade do Crato Leda cursou o primeiro ano cientifico (hoje ensino médio) no Colégio Pedro Felício Cavalcante e estudava a noite porque não tive vagas no turno diurno. Depois desse período voltou para Brejo Santo, mas recorda que existiam as dificuldades em cursar o ensino médio, ou se estudava fora ou não tinha como realizar por que era muito caro. Mas alguns colegas foram estudar em outras cidades e conseguiram, recorda alguns: João Emídio, Meyson, Emicles Salviano, José Nilton, Dr. Arnaldo, Mena (filho de Dona Dita), Aurimar Tavares, Divane, Suzana, Lili (in memoriam), Técio (in memoriam), Joana Darc Pinheiro (muito amigas) e Fantinha de Amadeu. Sempre disposta, Leda presta concurso pra EMATERCE e trabalha no órgão por quase 11 anos; cursou vestibular pra Pedagogia na antiga Faculdade de Filosofia do Crato (hoje URCA). Depois de 12 anos fez o concurso do estado e atua na área ainda hoje, trabalhou no Balbina, no LICEU e atualmente trabalha no CEJA como Diretora Administrativa (2018-2021) com uma equipe maravilhosa, segundo Leda, que são: Maria do Carmo Pinheiro Coordenadora, Lourdes (Secretária) e Josimei Miranda (Coordenador), Ronildo o financeiro. 
Como toda jovem aspira casar, Leda revela como aconteceu o namoro com Severino Moura Teixeira seu esposo. Sempre foi amiga da família de Severino e que era amiga de Devinha e de um irmão já falecido (Titio). Severino no entanto trabalhava fora, foi taxista, e de caminhão. Na época, ele tinha terminado um namoro assim como ela e os dois começaram a se conhecer, no período de carnaval no Clube. Foi um período de oito anos de namoro e casaram-se no ano de 1988 e da união conjugal nasceram os filhos Vitor Alves Moura (13 de novembro de 1989) e Davi Alves Moura (26 de novembro de 1993). 

Leda atuou como catequista na Igreja a convite da Irmã Sacramentinas Irmã Alice; tempos depois foi catequista de Crisma e sua coordenadora era Venúsia (in memoriam), mas por motivos de trabalho e de saúde se afastou. Leda fez também o ECC junto com seu esposo e hoje encontra-se afastada. Outra fase da história de Leda se refere a fundação da escola Casinha da Criança que junto com Shirley e Vanusa, tudo foi planejado e deu certo, era uma escola simples que depois cresceu. Mas por muitas atividades Leda não ficou na sociedade. Tudo foi muito bom, ficou o aprendizado, amizade e o reconhecimento de alunos que por lá passaram. Anterior a fundação da Escola Casinha da Criança, Leda foi minha contemporânea na escola Educandário Aurélio Buarque. 
Encerro o momento com a pergunta quem é Leda? Ela na sua simplicidade diz: “Sou uma mulher batalhadora, ainda hoje sou, e corro atrás das oportunidades. Esqueci de falar do meu Mestrado, corri atrás, meu maior sonho e consegui e passei em uma prova bem puxada, no Rio Grande do Norte, indo de 15 em 15 dias com dois colegas de Juazeiro, se encontrava em Milagres, duas colegas de Cajazeiras, passei em uma seleção bem puxada no Prof. Letras”. Leda revela que não se cansa, trabalha em casa, na escola e onde está trabalhando se dedica, gosta de estudar e de ler.
Maria do Socorro Alves Patrício, minha amiga Leda, gratidão em dispor de seu tempo e colocar um pouco da sua história, da sua família e da história da cidade. Gratidão por você compor ainda o cenário educacional da nossa cidade deixando sua marca em prol de uma educação melhor.