sexta-feira, 16 de agosto de 2019

COLUNA DA HISTORIADORA FÁTIMA ALVES - Ana Jacqueline Braga Mendes, como não AMAR?

 
Ana Jaqueline Braga Mendes, como não AMAR?



Iniciando as comemorações alusivas ao Município, que próximo dia 26 de agosto, comemora-se os 129 anos de Emancipação Política, trago com muita alegria Ana Jacqueline Braga Mendes, como presença marcante na nossa história cotidiana. É um prazer conversar com essa mulher dotada de tantas qualidades, filha, esposa, mãe, avó, irmã e que faz muito bem feito “o feijão com arroz” seja na família, na educação e nas suas amizades. Torna-se desafiador escrever sobre uma pessoa que é escritora, conferencista de eventos educacionais, colunista, além de outros atributos pessoais e profissionais. 






Jacqueline é filha do casal João Cardoso dos Santos (in memoriam) e Maria Erulina Braga Cardoso (in memoriam), são seus irmãos: Josélia, João Eudes, Demontier, Normélia, Adriana e Janaina. Jacqueline é casada com Francisco Mendes de Sousa, conhecido como Professor Mendes, com o qual tem dois filhos Mateus Braga de Sousa e Ícaro Braga de Sousa, e do casamento de Mateus com Camila Cabral Deus a presenteou com seu neto Levi. 


 
 
 
 
Mas perguntar o que a Jacqueline Braga? Essa enciclopédia de saberes na vida e na educação, dotada de encantos, de sorriso largo e que adora um abraço. Pois é assim que Jacqueline nos acolhe, aberta ao diálogo, sem mudar o seu jeito de ser. Mas no entanto, nossa conversa tem início quando Jacqueline descreve como foi sua infância: “Dentro das limitações, de uma família pobre como a minha, um pai caminhoneiro, uma mãe do lar e comerciante para ajudar o pai na criação dos filhos, tive uma infância encantadora”. Essa infância encantadora, segundo Jacqueline, teve a possibilidade de vivenciá-la totalmente, como toda criança deveria ter, essa facilidade de brincar na rua, tomar banho de chuva, de fazer muitas amizades e amigos. Jacqueline faz memória de que cresceu na atual Avenida Prefeito João Inácio de Lucena que fica em frente a BR 116, mesmo lugar onde nasceu. Foi uma época em que residiam muitas famílias de meninos e meninas. O período da noite era das crianças brincarem de pega-pega de uribusca, de amarelinha, de esconde - esconde. Com seu jeito entusiasta vai descrevendo: “A gente sempre tinha uma casa, ou duas que usava como brincadeira, que era a casa de Dona Ester que tinha um quintal enorme e a casa de Juarez Sampaio e de vez enquanto a casa do Sr. Dió”. Assim vou acompanhando a descrição de Jacqueline como se estivesse assistindo a um filme ou uma novela: “Lembro muito da figura do Sr. Dió sentado com aquele terno branco muito chique, naquele sofá e chamando a meninada para dar uns trocados pra comprar cocada na bodega de Vavá de Rita que era na esquina e muitas vezes a gente também utilizava a bodega de Vavá para se esconder, ele nos trancava e as meninas Gislaine, Inês, Carmem, Normélia, tiravam as cocadas e ficavam comendo e ele tinha que deixar a gente sair da bodega”. Na época a cidade era tranquila sem muito movimento na BR, só depois que vieram as empresas para construção como a Mendes Junior, então ficou complicado paras as famílias que ali residiam. Mas, Jacqueline afirma que tudo isso não impediu de brincar em frente ao prédio da Teleceará, e tinha o hotel de Dona Peta que era referência, um local de famílias que se constituíam como uma única família. Até hoje todos da rua se consideram como família, apesar de que a maioria dos prédios se tornaram comerciais, não existe mais aquelas famílias que existiam. As residências que ainda permanecem são descritas por Jacqueline: “A casa de Creuza, a casa de mamãe, de Dona Judite e a de Rita de Vavá que fica do outro lado”. Jaqueline como excelente geógrafa faz o traçado espacial do quarteirão e diz que na década de 70, tudo era muito tranquilo, lembra que começava em Frankliete, o point de Eduardo, Mariinha, Dona Amália, Chico do Breu, João do Breu, Zezinho Anão, Geraldo Anão, Terezinha de Zé Postal, Creuza, Eroneide de Genival, sua mãe, Judite e Rita. Do outro lado da rua vinham Vera, Bilia, Dona Ester, Dona Consuelo de Sr. Dió, Juarez e muita cumplicidade familiar. 

O período escolar de Jacqueline foi permeada de alegria, estudou na “escola redonda” que hoje é a João XXIII, e ela se localizava na antiga casa do Sr. Lulu Piçarra no Bairro São Francisco e depois é que veio para o prédio em frente ao Banco Bradesco. Lembra que sua professora foi Diana, e a descreve como uma pessoa linda, e que “a Educação Infantil marca muito a vivência da criança na escola, pois trago comigo a imagem daquela professora linda, inclusive o acompanho nas redes sociais e digo que o tempo não passou”. Outra escola que Jaqueline frequentou foi a José Matias Sampaio, por se localizar próximo a sua casa, e os professores que marcaram e faz parte de sua vida são Sônia Cortez, Aparecida Pinheiro e Filomena Lucena. Depois foi estudar no Colégio Estadual, assim chamado na época e que hoje é o Balbina até a oitava série. O Ensino médio cursou no Colégio Diocesano com aquisição de uma bolsa de estudos por sua mãe. Cursou Geografia na Universidade Regional do Cariri.  

Jacqueline depois de toda essa descrição começa a falar que casou muito jovem e é uma grande benção ter conhecido Mendes, a pessoa que Deus destinou pra sua vida. Que sua família se constituem de dois filhos, uma ex-nora e um neto lindíssimo. Jacqueline revela que apesar de ter casado nova, sua mãe sempre dizia “você casou muito nova” e ela respondia que começou a viver depois que casou. Jacqueline justifica o enunciado dizendo que naquela época era diferente dos dias atuais, tudo era limitado com horas pra sair e voltar. Mas reforça o presente de Deus que foi Mendes na sua vida, pelo fato de ter que cursar a faculdade, com filho pequeno e tinha que contar com o companheirismo do esposo e este sempre dizia que só iria cursar a faculdade quando ela concluísse, inclusive a especialização. Depois que ela terminou de cursar, Mendes então, foi cursar Matemática pela Universidade Regional do Cariri. Jacqueline demonstra força e coragem “a vida, apesar de todas as dificuldades, não é fácil, você casar jovem como eu casei, fui morar no Crato, outra realidade, outra vida, estudando com criança, mas acho que são essas coisas que nos fortalecem e muito, para enfrentar essas coisas da vida, passamos por momentos difíceis, mas que tudo passa, do jeito que vem e passa”.

O Educandário foi um projeto de Vida e surgiu de uma conversa entre ela, Josélia e Neuma Matias, e a idéia era de que Brejo Santo tivesse mais uma escola, apesar de ter outras escolas como o Balbina mesmo pública do Estado mas muito renomada, o Colégio Padre Viana, a Escola João XXIII, mas queria algo diferente que impactasse não financeiramente, mas socialmente. Assim nasceu de uma conversa informal, sentadas na calçada. Depois da idéia plantada, chamaram outras colegas como Solange Pinheiro, Lucília Miranda junto com o esposo Zé Nilton e aos poucos foi sendo implantada. A causa não foi abraçada somente pelas sócias, mas por outras pessoas, e enfatiza “pelos professores percussores como você e Leoneide (in memoriam)”. O Educandário, segundo Jacqueline, deixou uma história de amor muito linda dentro de Brejo Santo e na região, atualmente quantos frutos pode-se perceber que foram concebidos através desse desejo do Educandário e quantas sementes ainda estão germinando: médicos, engenheiros, professores, psicólogos, entre outras profissões. Para ela o uso da rede social é um encontro com ex alunos que a recepciona e agrega com muito carinho e que isso sinaliza que o Educandário foi um projeto que deu certo, não pelo fato de não existir mais hoje, mas que deu certo. 
 
 
Jacqueline tem um currículo vasto na educação, é concursada, foi professora voluntária (bolsista) da URCA logo após concluir o curso. Na época Zé Nilton era o Pró Reitor e Professor de Antropologia. Jacqueline se sentiu desafiada, mas como a juventude da época não temia a nada, foi convidada pela coordenadora do Curso de Geografia para substituir o Professor Zé Nilton pois este ia cursar Mestrado no Xingu. Ela disse sim e aceitou, enfrentou a disciplina, estudou bastante, e sua base docente está embasada na URCA e paralelo a este trabalho o Educandário. Mas sua mãe sempre a incentivou juntamente com outros amigos, inclusive Dona Bernadete a um concurso. Sua mãe dizia que era bom ser independente, mas Jaqueline se sentia confortável a situação em que vivia. Mas diante da insistência da mãe fez o concurso pra Geografia, e ao terminar a prova conversando com uma amiga compararam as questões e Jacqueline desanimou por que não dava certo com as da amiga, e disse que não tinha acertado nada. Ao almoçar na casa de Dona Judite anunciou que não iria mais fazer as questões no período da tarde (as provas eram em duas etapas), mas Horley não deixou que isso acontecesse e a conduziu até o local da prova. Fez a prova e passou, era apenas uma vaga. Lecionou na Escola José Matias, que pra ela foi um tempo de aprendizado. No final do estágio Probatório foi convidada por Dr. Wider e Arnou Pinheiro para assumir uma cargo técnico como Auxiliar Técnica da Supervisão, na CREDE 20, e como Gerente a Professora Vanda como interina, que por sinal excelente profissional. Quando o estado lançou o concurso para coordenadoria de CREDE, um grupo foi fazer inclusive Jacqueline e ela passou em três etapas, mas quem assumiu foi Luciana por esta ter Mestrado. Jaqueline foi convidada por Luciana a continuar na equipe e qualifica Luciana como uma pessoa excelente, e que com a equipe aprendeu muito.

Depois de tantas experiências exitosas, no ano de 2009 Jacqueline recebe o convite de Gislaine Landim e Guilherme Landim para assumir a Secretaria de Educação como Secretária Executiva da Educação: “Aceitei mais este desafio, tem seus obstáculos, tem seus momentos difíceis, mas também tem seus momentos de prazer e de vitória, hoje me sinto completamente realizada no que faço, mas minha alma é de professora, meu chão é sala de aula”. Teço a pergunta sobre suas viagens na divulgação da Educação de Brejo Santo: “Eu não concebi as viagens como concebo hoje, eu acho que quando você viaja é como se você lesse vários livros dentro de uma semana, por que conhece mundos totalmente diferentes do seus, nas pessoas, nos lugares. Então assim, a viagem pra mim ela me acrescenta, eu aprendo mais do que dou, vou contando a história de vocês, que eu sempre digo que sou a contadora de histórias e conto essa história com muito orgulho, por que vejo que os professores e a educação de Brejo Santo, de uma forma diferenciada, ela é diferente, quando chego nos outros lugares eu sinto a energia dos professores daqui de uma forma bem diferente mesmo, é muito amor envolvido no processo. Pode ser até piegas, mas não é em todo lugar que existe isso. O desencanto ainda está em muitos lugares do Brasil, e é esse desencanto que quer transformar em encanto, acho que essa é a missão, levar a história de Brejo Santo pra outros estados e outras regiões é levar o encantamento. É disser assim: se pode, porque em Brejo Santo eles conseguiram, vocês também podem conseguir. A função que exerço hoje é tão pequena em relação ao ser professor, eu sou só aquela pessoa que está ali respondendo, o que vale no processo educacional é o que acontece em Brejo Santo, é a coisa sendo feito por professores, dentro do chão da Sala de Aula. A Secretaria é penas um suporte, um suporte Técnico, mas quem faz a energia acontecer é quem está no chão da sala de aula”.

Quem é Jacqueline Braga? “Eu sou hoje totalmente amor, me deixo guiar pelo amor, eu não quero que nenhum sentimento negativo tome conta de mim. Então tudo que vem de negativo eu jogo amor em cima, eu gosto de brincar do jogo do contente. Sempre existe coisa melhor, o que está acontecendo na sua vida pode melhorar. O amor é a chave de tudo. Hoje o que resume é o amor. Brejo Santo é minha Raiz é meu orgulho e minha paixão. Brejo Santo sua gente e seus encantos o tema do desfile esse ano, o que faz com que as pessoas que cheguem aqui saiam encantadas, saiam encharcadas desse amor, minha pessoa se resume em amor. Aos professores digo algo que eles nunca devem esquecer que a Educação muda vidas e transforma pessoas”.

Grata Jacqueline, muita honra em contribuir com a nossa história cotidiana, por nos dar a receita do amor na medida certa, por nos ensinar a fazer o “feijão com arroz”, propagar e ensinar a fazer uma educação nota 10, essa receita do AMOR e que é resultado da pergunta: Como não amar?