sexta-feira, 30 de agosto de 2019

COLUNA DA HISTORIADORA FÁTIMA ALVES - Brejo Santo 129 de contos e encantos! A História do Cotidiano e o Cotidiano na História!

Brejo Santo 129 de contos e encantos!
A História do Cotidiano e o Cotidiano na História


Muita gente já escreveu
Agora é minha vez
Com certeza Brejo Santo
É uma cidade com altivez
Aqui já morou o índio
Maria Barbosa talvez

Falar de Brejo Santo é sentir o coração arder! De fato é uma terra abençoada por Deus, coroada de benções por Nossa Senhora. Brejo Santo possui uma das histórias mais fascinantes já vista. Sabemos que quase toda cidade nasceu de uma lenda. Assim é Brejo Santo com seus contos e encantos.

Conto da lenda de Maria Barbosa, da nascença, dos Irmãos Santos. Mas é encanto por todos que aqui nasceram ou povoaram fizeram esta terra crescer. É encanto ainda, por que existem pessoas que no seu cotidiano ou no anonimato fizeram e fazem a história deste lugar, por que aqui tem tudo de bom.

Ao pensar na história da nossa cidade Brejo Santo, detenho-me na pesquisa oral e como base teórica os historiadores Roger Chartier e Michel de Certeau (historiadores franceses). O pensamento desses historiadores levou-me a refletir sobre a história do presente, construída no passado, projetando-se no futuro. 

Pensar história é pensar em pessoas e acontecimentos. Mais o que é a história cotidiana?  Refletir sobre o cotidiano é se debruçar sobre pequenas partes de um grande mosaico. Pois bem, ao pensar assim, faço alusão às pessoas, acontecimentos que hoje fazem e deixaram um legado e aos poucos juntando as peças, construindo essa cidade amada por todos.

Brejo Santo merece ser homenageada em cada canto, de ponta a ponta, como diz a canção de Rai Neto: de norte Sul, Araújo do outro lado da pista (...) quem trabalha e quem conquista, é gente da gente, é gente do povo(...) São 128 anos de legado e hoje fazemos a história acontecer, pois como diz Ferreira Gular: “a história não se desenrola apenas nos campos de batalha e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas e galinhas, nas ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas, nos namoros de esquinas.”

 
Brejo Santo, cidade inserida no contexto da globalização, é uma cidade “vaidosa”, todos querem seu desenvolvimento e para isso conta e sempre contou com políticos comprometidos, e também amantes da cidade. Mas vamos ao nosso cotidiano. Quem compõe este cenário? São muitos personagens anônimos, muitos fatos, percursos diferenciados na geografia que contribuem ou contribuíram para a história da cidade.


O Presente não existe sem o passado seja ele material ou imaterial. Lembro-me da nascença com aguas cristalinas e a lenda da mãe d’agua e da cobra gigante que por ali podia existir. Ao puxar pela memória, quem não recorda das mulheres e crianças lavando roupas na nascença, fazendo das verdes mata um valioso varal, e no final da tarde todos voltando com as trouxas de roupa na cabeça? E o engenho da nascença, das crianças, jovens e adultos trazendo o mel e rapadura feita na hora? Era um corredor de pessoas indo e outras voltando.

Recordo-me do coreto da praça perto da Matriz, do chafariz da Rua Velha, da COLINS (Algodoeira), da presença de Louro da Usina que administrava o algodão que entrava e saia, trazidos pelos caminhões. Tem ainda a ALBRESA, outra algodoeira que proporcionou muitos empregos. Lembro-me ainda dos dias de chuvas a pisotear na rua da lama, na subida do serrote pra ver a pedra do Urubu que parecia tão distante, e de lá indo a pé aquela procissão de crianças até o cruzeiro para um piquenique fazer. Lembro-me ainda do mercado Público e dos açougueiros que ali vendiam durante toda a semana. Recordo-me da Catequese com Maria Alacoque. Outro registro interessante foi da existência de uma cacimbinha, próxima a nascença e ao engenho.  



A cacimbinha abastecia toda a cidade de água, os carroceiros: Lenor, Zé Quirino, Otacilio com seus tambores e suas latas vendendo água aos que não podiam ir até o local. Fica gravado na mente as mulheres que com suas latas ou potes na cabeça indo até a cacimbinha buscar água para abastecer suas casas como o lavandeira Elza do Monte, Lolô. Há uma frase dita pelos mais velhos (mais ou menos assim): quem vem a Brejo Santo e bebe da água da cacimbinha sempre retorna!

Recordo-me de uns tempos atrás, já com a catequese Renovada dos dias de piquenique muitas vezes coordenado pelas catequistas da época: Luzia Santos, Nelma de Cazuza, Lúcia Leite, as Irmãs Sacramentinas, Venusia Alves, Ângela Bezerra, e outras que no momento não vem à memória.  Passávamos pela lavanderia Pública, pois as mulheres já não lavavam roupa na nascença, e era gente subindo e descendo com uma alegria contagiante.

Vale registar o nome das pessoas do cotidiano da cidade que ficaram “famosas” pelos suas contribuições anônimas: Domicio (trabalhava na funerária fazia questão de participar dos enterros), Pregentino, Macauba, Pai Véio (era negro, mas não gostava de negro), Pão Kelé, Nitia (o melhor cozinheiro da cidade), Zezito (adorava um enterro), Sr. Chico Coveiro, Sr. João (que tocava o sino da Igreja), Adisio Alfaiate, Maria de Lourdes Marinheiro (Enfermeira e Parteira da cidade- in memoriam), Xavier do Gás (vendia carvão e depois gás), Zezinho Gabriel (Consertava Máquinas de Costura), Sr. Joaquim David e Dona Terezinha sua esposa (ofereciam uma das melhores comidas da cidade), Terezinha de Abílio (melhor boleira e doceira da cidade), D. Socorro e Sr. Né da sopa, Sr. Sinésio  (Pai de Chico de Cinézio), Inês Carlota (Catequista), Dona Zilda (catequista), Dona Leônia (escrivã das paróquia e catequista), Dona do Céu, José Pedro da Silva e Dona Raimunda sua esposa (Sr. Zé Pedro Sapateiro, um dos grandes artesãos de nossa cidade), recordemos ainda de Terezinha e Fausto (toda sua família que ainda contribui com um cardápio da cidade), Gil Bila que no momento tronou-se conhecido por seus churrascos, Didi Ourives (in memoriam /vendedor de jóias), Manoel do Arroz (in memoriam). Destaca-se como os taxistas in memoriam: Ari, João Careca, Dão Bastos, Ribamar, Azulão, Valdener, Zé Pecuária e Bastião Roco. 

São tantas histórias, recordações que muito seria preciso escrever. Vamos lembrar ainda da rua do comércio, Zezinho Moreira com seus anúncios, pois, poucas lojas existiam, como a Loja São José de Carlos Martins, Casa Matias, Nova Aurora, Maringá Tecido (Sr. Quintino), Sapataria Popular (Chico de Ioió), Casas Pernambucanas, Flama Tecidos (Assis Feijó), Casa Costa (Leonir), Loja a Jussara (Geraldo Vidal e Dona Cotinha), loja de D. Maria/Pitoquinha (Conhecida esposa de Sr. Pedro Tavares), Loja de Leda de Adeus, e o Lojão Nortelar de Sr. Pedro Tavares. Existiam as Farmácias de Ivan Landim, Farmácia de Editoso, Farmácia de Olavo, Farmácia Lucena (iniciou com Evandro Lucena, hoje de propriedade de Epifânio e Renato). As padarias Adriana de Aldo Leite (com seus pães doces no final da tarde), a IMAP (Pedro Tavares) famosa pelos pães carteiras e os sonhos adocicados.  Temos a lojas de Chico do Amendoim, do Professor Estênio, Nega das Verduras, Bastião (mercantil), Eldim de Chico Dandó e Raimundo Relógio, Mercantil Líder de Marcilio Macedo, a banca na feira do Sr. Luís Teles (uns dos mais antigos), recorda-nos ainda a existência da banca de Sr. Horácio Mariano, os fotógrafos Genival e Zé, atualmente José e Kazuza, os frigoríficos de Arlindo, João Camilo. As cozinheiras famosas Chicá e Luzia. Chico Ferreira e Luís Ferreira antigos ferreiros da cidade que fabricavam roçadeira, foice, enxada e a oficina ainda existe com os filhos Francisco de Sousa Junior. Os advogados de renome como Procópio e Zezito Nicodemos, Diretor, Francisco Anselmo Dantas. O progresso assim foi chegando, os Postos de Gasolinas Pioneiros: Independente (Emilio Salviano in memoriam), Posto JK (Walter Moura e Edmar Alves de Lucena), hoje tem o de Posto Planalto administrado por Socorro de Tijuca.

As escolas existentes vale ressaltar o Antigo Balbina Viana Arrais que por eles passaram muitos profissionais e que tiveram como Diretores: Professor Macedo, D. Ieda, Altamira, Nida Feitosa, D. Filomena, Flávio Couto, Tancredo Teles e hoje na administração de Cicero. A escola Padre Pedro pioneira no Ensino Fundamental, como Diretoras conhecidas: D. Bernadete e Maria Ambrósio. A Escola José Matias Sampaio contou com D. Nely, Dona Heraclides, Dona Antonieta de uma contribuição esplêndida, Soraia Pinheiro, hoje na Administração de Márcia. Temos ainda a Escola Joaquim Gomes Basílio (hoje o CEJA) hoje na administração de Maria do Carmo Pinheiro e Leda Patrício, passaram as diretoras, Iracema, Aurenice, Marly Pinheiro. O Colégio Padre Viana tendo como fundador o Professor José Teles de Carvalho deixando um legado de conhecimento e sabedoria e hoje dirigidos por Napoleão e sua filha Aurileide professora de renome na cidade. As escolas privadas: Educandário Aurélio Buarque Josélia Braga, Casinha da Criança Shirley e Vanusa Alves, Escola Sabina Gomes uma sociedade de grandes nomes como Dona Bernadete, Pretinha, Lúcia Ambrósio, Maria Cabral, Salete Feijó, Dona Socorro Bezerra e Geraldo (G).
 

Brejo Santo contou com o trabalho dos caminhoneiros para o progresso desta terra: João Zacarias, João Cardoso, João Barro, Sebastião Barro, Constantino Barros, Vosco, Padela, Louro do Padre, Zé Conzaga, Chico Franjinha, Chico Coalhada, Cazuza, Adonias, Zé Postal, José Frutuoso, Epitácio Bezerra, Mozinho Bezerra, Leandro Lima, Antonio de Ozorio, Zé Monteiro, Severino Goiabinha (in memoriam) e tantos outros ocultos na memória. 

Na religiosidade um nome sempre irá ficar o então Padre Dermival, hoje Monsenhor que perpetuou sua trajetória humana e religiosa nesta cidade. Contribuí e contribuiu para engrandecimento religioso como os Padres Pedro André Bitu, Luciano, Reginaldo, Amós, atualmente Padre Edvan e Padre Arnaldo.

E os professores que escreveram a história com a caneta da sabedoria ficam guardados no coração nestes anos de história: Professor José  Teles (in memoriam), Professor Macedo Costa(in memoriam), Dona Ieda(in memoriam), Toinha Camilo (In memoriam), Maria Camilo, Marilan Camilo, Adelina Camilo, D. Maroquinha, Inês Landim, Ivaní Landim, Prof. Bezerra,  D. Agemira, Gilma Almeida, Diva, Neide Teles, Olinda, Socorro Nicodemos, Cosma (in Memorian) nosso mestre Gonzaguinha, Dona Lourdinha Cavalcante, Rita Vasconcelos, Rita Pinheiro, Eunice Pinheiro, Maria do Carmo Pinheiro, Napoleão Gomes de Sousa, Cicero do Balbina, e muitos outros que merecem nosso respeito e gratidão. 

Não podemos deixar de lembrar as pessoas da nossa história: Valdeci Noca (in memoriam), Paulinho (Paulete), Elza do Monte, Dona Laura (René Lucena), Dona Emilia (Morro Dourado), Pedro Cornélio, Terezinha e Zé Alves, Zenite Madeiro, Raimundinho Cabral, Tico RC, Chico Eufrásio, Chico Olegário, Teresa Basílio, Dona Cícera (mãe de Marluci), Dona Gizelda Arrais, Anunciada (tia de Cristina), Dona Maria (Mãe de Evânia), Dona Maria José, Chaga Monteiro, Doizinho, Horely, Rita de Cinézio, Zeneidinha (Professora), Dona Terezinha Landim, Didi (mãe de Fafá), Valmir Alves, Tony (pedra do Urubu), Dondon,  Sr. Sebastião (o artesão da Banda de Pífanos), Luzineide (Academia H²O), Ximba, Heitor Nicodemos, Sr. Feitosa (cartório), Dona Maria Brasil, Chiquinha Cabeleireira, Bastião Barbeiro, Meu Bu ( fundador do Cabeção), Zeca da Rural, Dr. Tião, Ruy Eudes, Maroca da Sopa, Eliete Manicure, Quinha de Bosco, Rosinha Quental, Vânia da Igreja (agente de Saúde), Luis Miguel (diretor do teatro Paixão de Cristo), temos ainda o Ximba.

Temos in memoriam os nomes a guardar: Salete (A samaritana), José Feijó, João de Isaias, Chico Herculano, Dona Milô, Dona Marquesa, Pedro Nicodemos, Sr. Silas, Marineusa Santana (escritora), Neco Ambrósio, Quinco Padre, Mestre Olivio, Mestre Severino, Das Dores e Téo, Sapiranca, René Lucena, Tenente Arrais, Hélio Nicodemos, Expedito Cocholó, Sr. Horácio Mariano, Sr. Nezinho Borracheiro, Mundinha enfermeira. 

 Então a história continua neste ano de 2019, mas vale recordar os Prefeitos que marcaram e marcam sua história na cidade podemos citar: Juarez Leite Sampaio, Emilio Salviano (in memoriam), Dr. Francisco Lucena, Dr. Welington Landim (in Memoriam), Dr. Francisco Furtado, Dr. Wider, Arônio Lucena Salviano, Guilherme Landim e atualmente a Dra. Teresa Landim, primeira mulher Prefeita na história da cidade.

Compõe atualmente nossa câmara de Vereadores: Adriano Rufino Costa, Antônio Taumaturgo Feitosa Pinheiro (Tutu), Edjânio Tavares Lucena, Francisco Arnou Pinheiro Feijó, Francisco Assis Araújo Filho Francisco de Sousa Braga, Francisco Tavares Santana, Francisco Valmir de Lucena, João Batista de França Sales, Maria de Lourdes Silva, Maria do Carmo Bezerra Martins, Ranilson Tavares Neves Júnior, Rômulo Rufino Alves Figueiredo e os Licenciados Francisco Mirancleide Basílio Cavalcante, Francisca Devani Medeiros Madeiros, Francisco Bezerra de Lucena Feitosa

Destacam-se na Assembléia Legislativa do Estado do Ceará como Deputado Estadual os filhos ilustres de nossa terra: Welington Landim (in memoriam), Gislaine Sampaio Landim como primeira mulher a assumir na história de Brejo Santo um cargo político de Deputada e Guilherme Landim que assume atualmente.

E assim vamos construindo esse espaço histórico escrevendo e registrando Brejo Santo, terra de infinita beleza, feita pelos “artesãos” do cotidiano com seus contos e encantos.