sexta-feira, 9 de agosto de 2019

COLUNA DA HISTORIADORA FÁTIMA ALVES - Maria Luzia dos Santos, a militante dos profissionais da Educação

Maria Luzia dos Santos, a militante dos profissionais da Educação 

 
Que maravilha hoje trazer a nossa história cotidiana a amiga Luzia dos Santos, esta mulher, filha, mãe, irmã, esposa e professora solidária a todos. Maria Luzia dos Santos nasceu em Brejo Santo no ano de 1964, filha do casal estimado por todos nós: José Inácio dos Santos (in memoriam) e Maria Inácio dos Santos, tendo como irmãos Francisco Assis dos Santos, Francisco Xavier dos Santos, Francisco Carlito dos Santos, Maria Aparecida dos Santos, Damiana Eliana dos Santos, Francisca Evânia Santos Basílio. Luzia é casada há 18 anos com Francisco Xavier de Figueiredo, e da união conjugal nasceram os filhos Sebastião Zabulon de Figueiredo (nome do avô paterno) e Emanuel Santos Figueiredo. 

Luzia descreve sua infância de um jeito agradável e que percebe-se a satisfação na vivência de um momento ímpar. Ela diz que esta foi maravilhosa na rua da Taboqueira, quase não tinha casas, eram plantios de cana de açúcar do Sr. Zequinha Rufino. Luzia recorda que morava no sitio Pocinhos, e na época não tinha escola, e para estudar tinha que se deslocar para cidade. Sua mãe, diante das dificuldades financeiras, decidiu vir morar em Brejo Santo. E o lugar escolhido foi a Rua Coronel Basílio, a Taboqueira e parte das terras eram de Sr. Zequinha, e todas brincavam de boneca, às vezes eram feitas de tijolos e faziam-se a boca e os olhos, neste momento recorda-se de Raquel Basílio que foi sua contemporânea. Lembra que brincou pouco porque tinha que ajudar em casa, pois como sua mãe era funcionária pública do estado, trabalhava na Escola Joaquim Gomes Basilio, onde hoje funciona o CEJA. O pai de Luzia o Sr. José trabalhava de vigia no Posto Independente e assim os descreve como pessoas fortes na luta e no trabalho em formar uma família digna e respeitada. 

A adolescência de Luzia foi sadia, sem apego aos meios de comunicação, estudou em uma escola Isolada na Taboqueira com Elisa Basilio, casada Pedro Basilio, depois veio substituir Elisa Hélia Basílio, esta, ainda muito jovem. Luzia elogia o trabalho de Hélia como docente, diz: “Hélia era uma excelente professora, a gente veio sem saber nem do A do sitio, e ela tinha ou seja ainda hoje tem uma letra maravilhosa, ela começou muito cedo, assim como eu comecei, bem novinha. Veja só, não sou muito velha e Hélia não é velha e ela foi minha professora, quase da minha idade”. Luzia diz que foi alfabetizada muito tarde, não lembra a idade. Luzia começou a trabalhar muito cedo em casa, pois tomava de conta dos irmãos, praticamente criou Evânia e Eliana também. Começou na Educação muito cedo, não tinha cursado o ensino médio, ensinava a Jovens e Adultos, na gestão do então Prefeito Juarez Leite Sampaio no ano de 1983, atualmente tem 35 anos de serviço público. Trabalhou ainda na escola Pedro Basilio, na época a Secretaria de Educação era Marineusa Leite Santana.

Sou contemporânea de Luzia na época da Catequese Paroquial, e sou testemunha de sua valiosa contribuição como catequista paroquial e forânea, sempre zelosa pelo trabalho pastoral. A caminhada de Igreja teve início quando Luzia lecionava na Escola Pedro Basilio e a convite de Marineusa Santana para atuar na catequese junto as Irmãs Sacramentinas. Começou a fazer parte das reuniões, foi uma das primeiras a atuar junto as Irmãs. Luzia aproveita o momento para descrever as dificuldades enfrentadas pelas Irmãs Sacramentinas na época e que estas não foram bem acolhidas, mas só deixaram coisas boas plantadas, como a missão Pastoral e Litúrgica. Recorda que a responsável pela catequese era Irmã Perpétua, e que assumiu o Grupo Bíblico Jovem e Adulto coordenado por Irmã Maria Alice. Lembra da memorável Irmã Maria do Rosário que muito fez pelo Bairro Alto da Bela Vista com o saneamento Básico, uma contribuição histórica e que merece nosso reconhecimento. Mas Luzia se afastou por um tempo das atividades da Igreja depois do casamento. Retornou na administração Paroquial de Padre Pedro André Bitu, mas não permaneceu por que houve modificações feitas pelo mesmo. Tece elogios ao Padre Arnaldo e Padre Edvan na atuação Pastoral e Administrativa. Diz que não pretende retornar ao trabalho de Igreja, pois já deu sua contribuição, participa apenas como fiel leiga.

Outro trabalho desenvolvido por Luzia e que merece destaque é sua atuação do Sindicato dos Profissionais da Educação (professores), além de defender outros servidores e causas abraçadas por ela. Coloco na íntegra o que Luzia tem a dizer sobre seu trabalho de Presidente do sindicato desde 2008: “Tive muito trabalho, achei que eu ia ser muito bem vinda e não fui. Infelizmente a gente não poderia falar aquilo que deveria, principalmente por que a gente começou na educação. O sindicato não é só da educação, é dos servidores públicos municipais, quase todo mundo que fundou comigo foram para secretarias e algum lugar e eu fiquei remando sozinha, mas em pouco tempo todos os sindicatos da região do Cariri ficaram impressionados como é que teve condições da gente ter um prédio como tem em Brejo Santo. Nós hoje temos um prédio que se for fazer uma reunião com 100 pessoas faz tranquilamente. Temos uma sala enorme, tem dormitório, cozinha, tem tudo. Todos os dias está aberto, se eu estiver lá funciona, se eu não estiver lá funciona, por que estou sempre fora em reunião, pois o sindicato não é só da educação. Amanhã mesmo temos uma reunião com os Agentes de Endemias e o pessoal a Prefeita. Temos dois advogados acompanhando os servidores”. Luzia diz que abraçaram a luta do processo do FGTS, que os funcionários de Brejo Santo não tinham informações precisas, e hoje pessoas que sacaram o FGTS, tiveram condições de construírem suas casas, tudo luta do Sindicato, e a luta continua. Fala da PCCR da Educação e que serve de exemplo para todo o Brasil. Luzia reforça que Brejo Santo tem um dos melhores salários do Ceará e em comparação com a região do Maranhão, que é valorizado, nós ainda temos o melhor e que foi um trabalho de lutas e conquistas. Recorda de alguns companheiros de luta como André, Geórgia, que hoje se encontra na Secretaria de Educação, Sr. Antônio, Socorro Macedo e a considera como peça fundamental, porque seu trabalho de redação foi valioso. Conquistaram ainda o registro no Ministério do Trabalho e que havia sindicatos com mais de 20 anos que não tinham registro e é admirado por todos. Mas não foi à toa, segundo Luzia, ela ia muitas vezes em busca com recursos próprios. Hoje tudo está regularizado, e com qualquer ação a ser enfrentada em Brasília.  Apesar dos servidores públicos com outras funções na educação ainda não terem Plano de Cargos e Carreiras, mas está na pauta do sindicato a ser visto posteriormente. Mas houve conquistas nesse sentido que foi a do salário integral aos funcionários, pois, antes era meio salário. Luzia reforça que, outra conquista foi com relação a salubridade, e a última ação trabalhista conquistada foi dos 20% dos Agentes de Saúde e de 40% dos Agentes de Endemias. Luzia diz que ainda falta muito a se fazer, principalmente aos atendentes e auxiliares de serviços gerais. 

Diante do exposto, Luzia revela que tem um bom relacionamento com as Gestões Municipais, tece elogios a atual Prefeita Dra. Teresa Maria Landim Tavares, pois sempre está aberta em receber o Sindicato com diplomacia. Luzia reconhece a contribuição de Zezinho, no PCCR e de alguns vereadores que ajudavam no acréscimo ou na retirada de algum artigo que não beneficiariam o profissional da educação. 

Mas quem é Luzia? Faço a pergunta e eis a resposta: “Luzia, todos acham que é uma louca, mas Luzia sou eu aqui, eu essa mulher simples e trabalhadora, muito corrida, doida pra deixar a presidência do sindicato e o povo me segurando, tem uma eleição aí no final desse ano, eu não queria mais ser presidente, até porque está na hora de me aposentar”. 

Luzia, gratidão e gratidão por conceder este momento. Parabéns pelo seu trabalho, pela sua contribuição na nossa história e na educação de Brejo Santo. Gratidão aliás, a todos de sua família por fazer parte desta história, cada um com seu esforço de luta e que merecem o nosso reconhecimento a começar pelos seus pais. Continue firme e forte por que como diz a canção de Zé Vicente: “Eu sou, sou profeta da verdade. Canto a justiça e a liberdade, Eu vivo para amar e pra servir!