sexta-feira, 13 de setembro de 2019

COLUNA DA HISTORIADORA FÁTIMA ALVES - Francisco Jucélio dos Santos

Francisco Jucélio dos Santos


 
Meu coração hoje enche de alegria por trazer na nossa história cotidiana alguém muito especial e que merece nosso reconhecimento e nossa homenagem. Uma pessoa dotada de sabedoria e que muito oferece na área da Educação por fazer tudo com dedicação e amor. Francisco Jucélio dos Santos, nasceu no ano 1975 no sitio São Felipe, Município de Brejo Santo, filho do casal José Miguel dos Santos e Antônia Emília de Jesus uma progênie de 6 irmãos Jucineide, Jucilene, Cicero José, Jucieuda, Julia Elineuma e Josembergue.
 

Jucélio não foge ao que lhe é peculiar, sua simplicidade nas palavras expressa todo sentimento de gratidão, afeto, carinho e amor ao tudo que acontece ao seu redor. Foi um momento agradável e que pude descobrir algumas curiosidades acerca da vida e da personalidade de Jucélio. Ele começa por descrever sua  infância na comunidade de São Felipe, e relata que que ainda hoje mantém uma relação bem estrita e que passa os finais de semana com sua família. Jucélio foi uma criança que estudou e brincou igual as da Zona Rural, ajudando nas atividades agrícolas. Nos anos iniciais estudou na Escola Raimundo Moreira Luna, veio estudar na anos finais (6º e 7º ano) na Escola José Matias Sampaio, os anos 8º e 9º e o 1º ano médio na escola Balbina Viana Arrais, depois concluiu o ensino Médio a partir de um curso Supletivo o Projeto Logos II para professores não habilitados.
 

Jucélio desperta muito cedo para a docência, e começou a ensinar na comunidade de São Felipe pela carência de professores, com 18 anos de idade. Jucélio justifica o motivo de estudar o Programa Supletivo por que houve um intervalo de interrupção dos estudos, entre a 4ª e 5ª série (na época), por falta de oportunidades e não tinha transporte pra cidade, só depois é que veio estudar na escola José Matias. Mesmo sem frequentar a escola Jucélio estudava em casa, pois sentia falta da escola. Repetiu a 4ª série apesar de ser aprovado preferiu repetir para não ficar sem estudar e assim passou um ano sem frequentar a escola e no ano seguinte foi morar na cidade do Crato com uma tia, mas só ficou por uma período de 3 meses e retornou. Ao retornar para Brejo Santo, na comunidade já tinha transporte escolar, os alunos eram transportados por Cazuza Felinto.

Depois desse processo começou a lecionar, com 17 anos de idade a pedido da professora por ter faltado professor pra uma série na comunidade e recorda que na época a Secretária de Educação Municipal era Marilan Camilo, e como cursava o LOGOS esse permitia a aluno lecionar. Na época o curso Supletivo LOGOS era pra ser cursado em 3 anos e como tinha 18 concluiria com 21 anos de idade. Mas era tanta ansiedade em concluir o ensino médio que em 7 meses concluiu o LOGOS e esperou dois anos pra receber o certificado para continuar lecionando, confessa que sempre teve o desejo de ser professor, sonho desde criança. Quando estava na sala e não via todo conteúdo do livro tinha o desejo de estudar e imaginava que iria precisar saber o conteúdo pra quando fosse lecionar. Quando via os professores em sala aplicando o conteúdo e se gostasse da didática viajava no tempo pensado em copiar, mas se por acaso a didática não o agradasse pensava em outra maneira de aplicar o conteúdo.
 

A juventude foi também na comunidade São Felipe, entre estudar e trabalhar, se não estivesse na escola iria pra roça, mesmo lecionado e isso aconteceu até os 20 anos de idade. Quando tinha 16 anos antes de lecionar, outra atividade paralela que era o de telefonista no postinho telefônico semanalmente sem intervalo de domingo, com o horário de 5 às 10 h da noite. Outra a atividade que envolvia Jucélio era o de participar dos movimentos da Igreja. O envolvimento com a Igreja se deu desde os 10 anos de idade com a saída da primeira eucaristia da Catequese e se envolveu no Grupo de Jovens início da Pastoral da Juventude, e depois ajudou na Associação dos Moradores. Ao fazer essa viagem no tempo recorda que quando estava concluindo o LOGOS, durante os encontros pedagógicos ou formações, Jucélio fez apresentação de um trabalho que agradou e recebeu elogios dos professores do curso. A Professora Rita Pinheiro ao saber do trabalho apresentado por ele, pois ela não estava presente, solicitou do mesmo que participasse dos encontros pedagógicos seguintes. Ao concluir o curso Rita Pinheiro perguntou se ele desejava trabalhar em escolas privadas na cidade e ele deu uma resposta positiva. Ritinha o acompanhou em todas as escolas privadas da cidade apresentando Jucélio. A Escola João XXII o recebeu e reforça: “A partir daí segui mais firmemente a profissão”. Assim Jucélio saiu do trabalho agrícola, trabalhava no João XXIII pela manhã, a tarde trabalhava no município, e a noite no postinho telefônico e assim aproveitava o tempo mais livre no posto sem muito acesso do povo aproveitava o tempo pra estudar inclusive pra o vestibular, para o curso de Matemática. 
 
Na Igreja Jucélio foi Coordenador da Pastoral da Juventude Rural, assumiu a coordenação Paroquial, depois na Diocesana, e na época os coordenadores eram Cicero (Padre Cicero da Cabaceira) e Aluísio que foram para o Seminário. Depois Jucélio assumiu a Coordenação Estadual e consequentemente participava dos Encontros da Coordenação Nacional. Jucélio afirma que: “Foi uma das minhas faculdades a Pastoral da Juventude Rural, a minha aprendizagem vem parte da escola, mas parte das vivências”. Jucélio completa dizendo que deve-se a PJR como trabalhar em público, produção e motivação pra estudar.  Quando trabalhava na escola João XXIII veio grande desejo de cursar uma faculdade quando via o ônibus Universitário saindo aguçava ainda mais o desejo de estudar e relata que as proprietárias da Escola João XXII, bem como da família o incetivava. Até que seu sonho se torna realidade, foi aprovado em Matemática. Após suas idas pra Faculdade saiu da comunidade e veio morar em Brejo Santo, como não dava pra conciliar o trabalho docente no munícipio, veio morar na cidade e trabalhar na escola privada e com aulas de reforço. No ano de 1997 foi aprovado no concurso público do município e em 1998 foi chamado pra assumir o cargo de professor e dividiu o tempo entre escola pública e privada e paralelo a faculdade. Um dos maiores desafios de Jucélio foi quando assumiu o concurso público pra lecionar na escola Pedro Basílio, a diretora na época era Shirley. Por que desafio? Por que sempre lecionou em turmas de 3ª e 4ª série e na escola Pedro Basílio foi trabalhar em uma turma de aceleração com alunos de 10, 11 e 12 anos não alfabetizados e teria que Alfabetizar as crianças e despertar a motivação para aprender de todas as crianças e conseguiu. Jucélio ficava angustiado diante do desafio e quando chegava na faculdade querendo respostas, e que tudo desse certo na aula de Didática colocava essas questões e a professora Fátima o pedia pra ter calma. Mas a experiência o ajudou profissionalmente
 
Outro trabalho executado por Jucélio foi abrir uma escola privada no ano 2000, a Jean Piaget com as colegas Cristiane Mendes e Cristina por oito anos. Depois que concluiu a faculdade foi ensinar nas Escola Balbina Viana Arrais no Liceu no ensino Médio. No ano de 2005 participou da Célula Pedagógica de Ensino na Secretaria de Educação por um ano, na época a Secretária era Célia Leite.
 
Quando trabalhava na escola Pedro Basílio juntamente com o corpo docente e discente foram remanejados para a Escola Padre Pedro, na época pertencia ao Estado. Assim Jucélio ficou trabalhando na escola Padre Pedro até o ano de 2009 local em que assumiu o cargo de coordenador Pedagógico. E na gestão de Guilherme Landim como Prefeito a convite de Miran, Jaqueline e Vanusa foi convidado para assumir a formação de Matemática. No ano de 2012 foi aprovado no concurso do estado e lecionou na escola José Matias e ficou fazendo o trabalho de escola e Secretaria de Educação.
 
Como coordenador Pedagógico desde ano de 2012 Jucélio afirma que foi e é um período também de muitos desafios e assim expressa: “desafios por querer a educação com equidade, sempre nas minhas falas eu gosto de dizer que é pra todos e é pra cada um. Por que no todo muitas vezes fica um ou outro excluído, nós acreditamos que a educação é para todos, mas é para cada um e é esse papel que a escola deve fazer. É um desafio trabalhar com a formação de professores, ela tem que passar pela teoria e pela prática e isso tem que gerar resultados e resultados em número que é reflexo de uma qualidade. É trabalhar com equipes com muita gente, e o gostoso de tudo isso é sentir desafiado a cada dia, é sentar ao redor de uma mesa com uma gestão escolar para discutir as possibilidades, é chegar na sala de aula e conversar com o professor e de repente, já estar envolvido na sala de aula com o professor, é passar na rua e escutar ao aluno “gritando” seu nome como se fosse aluno seu e aí você deixa de ser professor de duas turmas pra ser professor de uma rede em que os alunos lhe conhece e tem afeto por você mesmo sem ser professor da sala, resultado de um trabalho”.
 
Com relação a Educação Nota 10 no país, Jucélio diz que tudo é resultado de um trabalho em equipe e que tem a oportunidade de trabalhar com a Secretária Ana Jaqueline Braga Mendes, a qual despensa adjetivos, por ser uma pessoa fantástica e seu entusiasmo empolga e gera vontade de trabalho. Diz ainda que tem uma equipe que pode contar, apesar de seu trabalho estar mais ligado ao Pedagógico. Sente que é uma equipe segura e que apresenta propostas, na qual ele não é o mentor, mas alguém que coordena uma equipe muito boa, se sente confortável por isso, e que gosta de discutir. Diante de tudo isso, pode afirmar que sempre contou com o apoio da Gestão desde Guilherme Landim até a Dra. Teresa. A equipe apresenta as propostas, e o apoio sempre foi dado em todos os sentidos, existe a liberdade de trabalho e principalmente de diálogo. Outro aspecto fundamental é que não existe a cultura do culpado e sim das possibilidades, pois diante dos problemas “vemos o que é possível ser feito”. Não há culpados, o os erros cometidos falta de conhecimento de como fazer o que é certo e na conversa chega-se ao entendimento.
 
Outro acontecimento importante na vida de Jucélio é sua participação na Fundação Lemann, a qual veio realizar a pesquisa pedagógica na Escola Maria Leite e o mesmo acompanhou o pessoal da Fundação nas pesquisas por reconhecimento do trabalho da equipe Pedagógica e do Município. Atualmente existe uma seleção e Jocélio fez sua inscrição para talentos da educação por incentivo da equipe da Fundação Lemann. A seleção passa por 500 pessoas até chegar a 15 na fase eliminatória, ele passou em todas as etapas, sendo assim motivo de orgulho por participar dessa grande rede de estudos. Ao falar em orgulho Jucélio diz que o orgulho não é no sentido de soberba, mas de oportunidades dos estudos e é o que gosta de fazer, pois, este o faz conduzir ao encantamento. Olhando pelo prisma do encantamento, segundo Jucélio, o Vinicius da Lemann disse que quando ele fala de educação seus olhos brilham e revela: ”Quando eu perder esse brilho pela educação, preciso mudar de profissão”.
 
Mas afinal quem é Jucélio? Traduz assim em palavras: “Professor convicto da escolha que fez, independente do espaço em que esteja, assumido professor por vocação. Família, Igreja, comunidade, grupo de amigos e guerreiro. Professor que se emociona com o progresso dos alunos, que se alegra quando vê que o aluno progrediu e agradece por ter realizado essa trajetória juntos”.
 

Obrigada Jucélio por sua colaboração em nossa história e na história da Educação de nossa cidade. Sua história se torna referência para todos nós, pelo seu exemplo de lutas e conquistas em nossa educação e consequentemente na nossa cidade embrenhada a vida de tantas pessoas.