sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

COLUNA DA HISTORIADORA FÁTIMA ALVES - Sr. Luís do Clube.



Sr. Luís do Clube


É com muita honra e satisfação que trago hoje à nossa História cotidiana uma pessoa que merece nossa homenagem pelos serviços prestados a esta cidade, uma pessoa que contribuiu e contribui sobremaneira na história da cidade: LUIS FERREIRA MENDES.

Sr. Luís retrata a história da sociedade de Brejo Santo, principalmente os que conviveram com ele. Retrata vários aspectos históricos e culturais da cidade, como a Banda de Música e o Brejo Santo União Clube.

  

Luís Ferreira Mendes, o Sr. Luís do Clube, nasceu em Brejo Santo, exatamente no sitio Bezerro no dia 22 de julho de 1921, filho de Vicente Mendes de Sá e de Maria Benta da Conceição. Sr. Luís viveu no Sitio Bezerro até a idade de sete anos, veio morar me Brejo Santo depois da morte de sua mãe, e ficou sozinho. Por ser filho único ele veio morar com Dona Mundoca (in memoriam), mãe de Chico Doca sua madrinha, pois esta era muito amiga de sua mãe e antes de falecer o entregou para que ela o criasse, sua mãe era esperta e ágil, tudo que ia fazer era rápido e recebeu o apelido de Maria Ventania. Assim, as duas muito amigas, Dona Mundoca o recebeu após a morte da amiga, mas uma tia sua Miriam, foi até a casa de Dona Mundoca e pediu para ficar com Sr. Luís. Foi uma infância sofrida, trabalhando, assim descreve sua filha Vanda, diz ela que ele fez de tudo, colocava água da cacimbinha, pilava arroz, varia casa, pilava milho, soltava os cavalos na Rua do Araújo, tinham uma casa vizinho a Manuel Bezerra. Servia a família da tia em todos os momentos, por conta das atribuições não lhe permitiram estudar. Uma das recordações de Sr. Luís da sua infância era o Paço Municipal (Prefeitura Municipal), um prédio de primeiro andar, onde hoje se localiza o prédio dos estúdios fotográficos de Cazuza. Ele diz que no Paço Municipal havia entrega de premiações aos fazendeiros da cidade. Outra família que o acolheu foi a de Domingos Lourenço.

   

Sr. Luís exerceu diversas tarefas como por exemplo, trabalhou para fazendeiros da cidade com o gado. Depois ajudou Padre Pedro Inácio Ribeiro nas missas com o turíbulo, tocou na banda de Música de Mestre Olívio por 50 anos (1949 a 1999), tocou mais um pouco até o ano de 2001. Trabalhou como alfaiate para os mestres de costura Antônio Rosa, Cicero Pereira, Pedro (esposo de Dona Donina), a e para Adisio. Outra função foi como Porteiro do Clube, foi chamado por Sr. Emilio Salviano (in memoriam), este foi o primeiro Presidente do Clube. Sr. Luís diz que quem construiu o prédio foi Mestre Mundinho, e um dos fatos marcantes na vida dele foi a inauguração do Clube no ano de 1965. Neste momento ele descreve como foi na época, diz que tinha os sócios Fundador, Proprietário e Dobrista. Cada um com suas atribuições, o Fundador e o proprietário eram os que mais possuíam benefícios. As Festas eram com Orquestras, bandas e muito organizadas, só entravam os sócios, os que não eram só com Convites da Diretoria. Seus filhos quando queriam ir uma festa ele pedia autorização a Diretoria, eles chegavam cedo e ficavam na casa de Sr. Antônio do Clube esperando a hora da festa começar. Outro detalhe é que caso o sócio tivesse com a mensalidade atrasada, não entrava. Sr. Luís conciliava os três trabalhos, Alfaiataria, Banda e Portaria do Clube. Inclusive seu trombone, instrumento que ele tocava ficava na parede do Clube e de lá ele ia tocar ou ensaiar. Outro acontecimento era a época dos Carnavais, uma festa que começava no Sábado Magro e se estendia até a quarta- feira de Cinzas, com muita paz, e ele trabalhava todo esse período dia e noite. Caso alguém fizesse bagunça recebia suspensão do Clube. Ele lembra ainda da chegada do Monsenhor Dermival em Brejo Santo, vindo em uma motocicleta. 

Sr. Luís casou com a Sra. Maria Gonçalves dos Santos (in memoriam) de Pesqueira (PE), com a qual teve os filhos: Edite, Assis, Kin, Ademir, Luizinho, Cicero, Vanda, Fransquinha, Antonio e Dermival (in memoriam). Sua esposa ajudava na renda familiar como lavadeira e engomadeira, sua filha Vanda faz memória que ele fazia os Paletós e ela lavava e engomava, como por exemplo os de Juarez Sampaio, Quinco Nicodemos (in memoriam), Professor José Teles de Carvalho (in memoriam), Sr. Leopoldo (in memoriam), ela usava o ferro a brasa e a goma, assim saiam impecáveis.

Sr. Luis com uma memória invejável, pergunto qual o segredo e ele diz “Deus que deu”, come de tudo pirão, cuscuz com torresmo, costela, manga, arroz, feijão enfim o que pode e não sente nada, não tem pressão alta, nem colesterol, as taxas normais. Ao passar pela seca de 1927 e 1928 ele comeu mucunã, uma espécie de planta nativa do nordeste. Sr. Luís morava sozinho por opção, mesmo os filhos não concordando, mas diante de uma queda, sua filha Vanda o trouxe para morar com ela. 
Hoje vive feliz ao morar com sua filha. Conhece todos os amigos e conhecidos, e está satisfeito. Sr. Luís sempre educado, calmo, reservado e sempre cumpriu suas atividades de trabalho com dignidade. Vanda, sua filha, diz que é um pai excelente, criou os filhos nos princípios do respeito e que é um exemplo para os filhos, ainda hoje todos os obedecem.

Minha Gratidão a Sr. Luís que me concedeu esse espaço, a Vanda sua filha que tão bem me recepcionou e que foi uma tarde agradável.  Sr. Luís merece nossa homenagem e ser reconhecido como cidadão de bem e honrado da nossa história.