domingo, 5 de janeiro de 2020

Surtos de dengue e de Febre do Nilo preocupam Ceará em 2020


O período de chuvas inicia sentimentos controversos nos cearenses: o otimismo pelo alívio da crise hídrica e a tensão por problemas estruturais e de saúde. Uma das maiores preocupações é o aumento da incidência de doenças transmitidas por mosquitos, como as arboviroses, cujos vírus ainda circulam no Estado. De acordo com especialistas, zika e chikungunya não devem aparecer com maior intensidade - ao contrário das dengues tipos 1 e 2 e do vírus do Nilo Ocidental, ainda pouco notificado no Ceará, transmitido pela picada do mosquito Culex.



Para Rivaldo, coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a expectativa maior se refere à ampliação da área de circulação do sorotipo 1 do vírus da dengue. "Foi um grande causador de casos no Sudeste e no Centro-Oeste, ano passado, e a tendência é de que se espalhe em especial para Nordeste e Norte, incluindo o Ceará. Chikungunya e zika também devem circular, mas sem grandes ocorrências no Ceará e em Pernambuco, por exemplo, que já foram muito acometidos", projeta o especialista da Fiocruz.

Já Luciano, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), alerta para o risco oferecido pelo sorotipo 2 da doença. "Temos quatro sorotipos diferentes da dengue, então temos epidemias com mais frequência. Ano passado, tivemos a reintrodução do dengue 2, e isso causou epidemia grande em 2019: foi a maior da história do Brasil. E o vírus já começou a circular aqui, no fim do ano. O que se espera para o Ceará em 2020, então, é um grande número de casos", pontua.

Em 2019, até 9 de dezembro, foram confirmados 14.758 casos de dengue no Estado, número quase quatro vezes maior do que o registrado em 2018, que teve 3.720 confirmações. Ano passado, do total de casos, 13 resultaram na morte das vítimas, contra 11 em 2018. A doença predomina entre mulheres, e o sorotipo que mais apareceu nos municípios cearenses já foi a dengue tipo 1. Os dados são do boletim epidemiológico da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), que não enviou os dados fechados de 2019.

*Da redação do Blog do Farias Júnior, com DN