quinta-feira, 19 de março de 2020

Ceará - Médicos denunciam escassez de materiais de proteção para controle do coronavírus.

Diante das inúmeras denúncias sobre a escassez ou inexistência de equipamentos de proteção individual, bem como a falta de treinamento e orientações claras sobre a adequada utilização destes por parte dos profissionais atuantes no enfrentamento à pandemia do coronavírus (SARS-COVID-19), o Sindicato dos Médicos do Ceará oficiou, nesta quarta-feira (18), o Governo do Estado, a Prefeitura de Fortaleza, as Secretarias Estadual e Municipal da Saúde, além do Ministério Público do Estado (MPCE), reivindicando a adoção de medidas urgentes para garantir a proteção de médicos, demais profissionais que atuam nas unidades de saúde e pacientes.

No documento, dividido em duas partes, o Sindicato solicita “a urgente resolutividade” para as seguintes questões:

1. No âmbito dos profissionais (médicos e demais colaboradores atuantes nas unidades de Saúde):
a. Garantia no fornecimento de Equipamento de Proteção Individual (EPI): luvas, avental de mangas longas (impermeáveis e descartáveis), óculos de proteção (são essenciais, pois se sabe que a contaminação pode ser conjuntiva), máscaras N-95, PFF2 ou superior, e álcool em gel nos ambientes, enquanto durar a pandemia;
b. Treinamento adequado e extensivo (para todos os profissionais envolvidos) quanto à correta utilização e descarte dos equipamentos e no intuito destes seguirem as diretrizes epidemiológicas das autoridades sanitárias locais e nacionais (Secretarias e Ministério da Saúde);
c. Salvaguarda para os grupos de risco – gestantes, idosos (acima de 60 anos, principalmente diabéticos e hipertensos), pessoas com doenças respiratórias crônicas e imunudeprimidos (em hemodiálise e quimioterapia, por exemplo) – analisando-se, a possibilidade de dispensa dos serviços e ou realocação para áreas que não tenham contato direto com pacientes infectados;
d. Garantia à imunização contra influenza, caso tais profissionais ainda não estejam imunizados;
e. Suspenção dos serviços eletivos e a restrição dos atendimentos ambulatoriais, excetuando-se os casos em que a ausência destes represente agravo à saúde dos pacientes;
f. Avaliar a possibilidade, se necessário, do recrutamento de médicos de outras especialidades e a antecipada colação de grau de estudantes de medicina no último ano de formação (internato);
g. O envio, para o Sindicato, de informações periódicas (diariamente) referentes à jornada de trabalho dos profissionais médicos (incluindo a possibilidade de atenuantes em casos de registros de ponto) e instruções normativas relevantes.

2. No âmbito da população:
a. Ampliar a orientação educacional quanto às posturas de prevenção, reforçando-se a necessidade de seguir medidas restritivas (isolamento), de mudança de hábitos, de maximizar a rotina de higienização pessoal e no tratamento com o próximo, quando necessário;
b. Reforçar a importância do cuidado com os grupos mais vulneráveis (já citados acima);
c. Orientar, disponibilizar e alertar para que apenas fontes confiáveis de informação – das autoridades sanitárias locais e nacionais – sejam acessadas neste período de pandemia.

O Sindicato dos Médicos do Ceará enfatiza às autoridades sanitárias locais que está monitorando ativamente as informações sobre a pandemia e reafirma seu compromisso e firme atuação em defesa da atividade médica, da Medicina de qualidade, proteção e dignidade de profissionais e pacientes, sobretudo, àqueles em condições de vulnerabilidade neste momento.

A entidade se coloca como parceira, exercendo com legitimidade e ética, a função de representar, defender e fomentar os interesses da categoria médica cearense, prestando informações precisas de modo a conscientizar, sem causar pânico. Segundo o presidente do Sindicato, Dr. Edmar Fernandes, “este é um momento de união e autorresponsabilidade, que necessita da cooperação de todos. Estamos trabalhando diligentemente para proteger os profissionais da Saúde e a população. Mas precisamos que as Secretarias de Saúde de todo o Estado estejam munidas de informações e materiais para os profissionais que atuam no enfrentamento do coronavírus. Lembrando que também estamos lidando com outras enfermidades, que permanecem em circulação como dengue, influenza e H1N1 por exemplo”.

*Da redação do Blog do Farias Júnior.