sexta-feira, 20 de março de 2020

COLUNA DA HISTORIADORA FÁTIMA ALVES - Maria Zeneide Alves.

Maria Zeneide Alves


Hoje com muita honra trago na nossa história cotidiana, essa mulher guerreira, forte e vitoriosa que exerce um trabalho social e humano de excelência na nossa cidade. Nada mais justo nesse mês dedicado as mulheres homenagear Maria Zeneide Alves, onde tive o prazer de conversar com ela na sua residência, fui muito bem recepcionada onde me aguardava com um chá maravilhoso acompanhado de salgados e bolo. Quanta delicadeza!  Faz parte da personalidade de Zeneide todo esse mimo.

A história de vida de Maria Zeneide Alves está marcada na história da nossa cidade, filha de Antônio Jacinto Gomes de Araújo (in memoriam) com a Sra. Francisca Alves Lourenço (in memoriam). Começo nosso diálogo de forma agradável e descontraída com Zeneide. Ela aos poucos vai descrevendo sua história de vida, a mesma nasceu em Brejo Santo no ano de 1962. Ela relata que sua mãe Francisca Lourenço casou-se com Pedro Amaro (in memoriam) aos 13 anos de idade e residia no Distrito Poço, e com o qual teve um filho José Alves (in memoriam), mas ficou viúva. Após a viuvez veio embora para cidade de Brejo Santo, e ao chegar foi trabalhar na casa da Família Jacinto. Vai assim desenhando o cenário da época, revela que sua mãe era competente e muito bonita, assim conheceu Antônio Jacinto e houve uma história de amor entre os dois e desde relacionamento veio o fruto, ela nasceu. Mas o destino reservou outro caminho para Dona Francisca, ela conheceu o Sr. Mangaratiba, este viúvo também trazia os filhos do primeiro casamento com Teresa: Lindelma, Roberto (in memoriam) que foi criado por Mestre Mundinho, Damião (in memoriam).  Dona Francisca tinha um filho do coração Zé Hilton e com Mangaratiba os filhos Cicero (in memoriam) e Zenaide (in memoriam). Zeneide diz que Maria Lindelma de Sousa ou Aíca (apelido) mora em Petrolina e que é uma mulher honesta e trabalhadora e nos momentos oportunos elas se encontram.

Mas o tempo foi passando e a história de vida foi dando continuidade. Mas com carinho descreve sua admiração por sua tia Antonieta: “Tia Antonieta, a qual admiro demais, tinha uma postura, a competência, a mesma foi diretora do Hospital casa de Saúde Nossa Senhora de Fátima. Ela era uma mulher pulsante e foi diretora da Escola José Matias Sampaio”. Zeneide descreve ainda que seu pai foi Vice Prefeito na gestão de Juarez Leite Sampaio, por sinal muito amigos. Ele ainda foi vereador e segundo o depoimento de Zeneide, o Sr. Antônio Jacinto era próximo das pessoas humildes, na época em que atuou como político chegou a distribuir cortes de tecidos, o engenho de cana de açúcar era aberto na distribuição de mel e o famoso alfininho. Quando terminava o trabalho ao final do dia, ele sentava junto com os trabalhadores. No engenho tinha os jumentos que carregavam a cana de açúcar e outros trabalhadores cortavam (isso ficou na sua memória), sua tia trabalhava Dona Cabocla (in memoriam) esposo de Sr. Pedro Sebastião (in memoriam) lavava a roupa da família e assim ela guardou tudo no coração. O Engenho era de seu avô José Jacinto (in memoriam) foi também Prefeito da cidade casado com Ano Gomes de Araújo (in memoriam), os filhos Urubuno, Airton também ajudavam nas atividades da família, mas seu pai era o que ficava na linha de frente.  Eles possuíam comércio em Fortaleza, roças, gados, um pomar enorme de frutas, que ficou guardado não só na memória de Zeneide como também na nossa. Recorda ainda que seu tio Urubuno foi Vereador, pai de Dra. Kaline esposa de Excelentíssimo Juiz Sávio, com a qual tem uma enorme afeição e admiração. Zeneide diz que seu tio Aírton foi dono do Café Ojuara e vendeu ao Sr. Aldênio Leite e pediu que este conservasse o nome Ojuara que significa Araújo.

A história não é linear, rica de acontecimentos e a de Zeneide não foge à regra. Zeneide essa pessoa dotada de humanidade, revela que tem mais dois irmãos paternos, e que tinha muita vontade de conhecer sua irmã Socorro Candido da Silva, filha de Dona Expedita. Ela sabia que sua irmã tinha ido embora ainda criança com 6 anos de idade, morava na rua Heráclito Alves de Moura, mas não tinha contato com a mesma. Certa vez quando trabalhava na creche encontrou com Marina (in memoriam), Mãe de Zé Lau, e ela disse que conhecia a irmã de Zeneide, e foi prontamente em busca de sua irmã, em companhia de Marina. A partir de então mantém contato e percebe-se um carinho especial com Socorrinha.  Sua irmã trabalha na Prefeitura de Petrolina, e ainda se dispõe a trabalhar na feira nos dias de domingo, e a descreve como uma mulher guerreira, e que ela casou com Antônio é mãe de três filhos, competente, forte, e trabalhadora. Motivo de alegria em ter uma irmã maravilhosa, ela diz que foi um grande prazer conhecer sua irmã, e que ela sempre vem e comemora o aniversário dela. Diz ainda que tem seu irmão Agenor, filho de Mundinha enfermeira. E assim mantém um relacionamento saudável com eles. Revela que seu pai não nunca casou, sempre ficou solteiro.
     

Zeneide nos passa um carinho, sentimento e acima de tudo família, pois com suas palavras diz: “Eu sou muito agradecida, pela família que eu tive e com a família que eu tenho. A minha família que apesar de ser pobre, o Sr. Mangaratiba e mamãe, e nós cuidamos dele muito bem, não tive problemas, por que admiro muito as pessoas idosas, e o admirava e queria muito bem ao meu padrasto que se casou com sua mãe. Descreve que o trabalho de Mangaratiba foi louvável na Prefeitura e que era de desentupir esgotos, e o fazia com maestria, além de fiscalizar as mulheres que varriam as ruas da cidade. Mangaratiba também fabricava vassouras, lembra que eles todos crianças ajudavam na confecção. Na administração de Juarez Leite Sampaio, o mesmo pedia a Mangaratiba pra comprar o material na cidade de Barbalha. Foram anos de dedicação ao trabalho em administrações e que Mangaratiba trabalhou também na Administração de Welington Landim (in memoriam).

 Zeneide durante a conversa demonstra uma manifesta admiração e carinho por Dona Maria Brasil, trabalha com ela desde a infância, começaram juntas na creche Clube de Mães. Revela ainda sua admiração por Juarez Leite Sampaio, um Prefeito que desenvolveu um trabalho social com o povo. Recorda ainda a pessoa de Welington Landim (in memoriam), no momento em que fala do trabalho de Mangaratiba. Diz ainda que na época trabalhou com Gislaine Landim na Rua Heráclito Alves de Moura em uma creche que foi fundada por Maria Brasil e depois deu continuidade com Gislaine. Zeneide reforça que seu trabalho teve início com Maria Brasil, e perdura até hoje, e com Engrácia filha de Dona Maria Brasil, pessoas do seu coração e que nutre carinho, atenção, pessoas especiais na sua vida. Recorda que certa vez vieram uns contratos do MEC e ela conquistou um deles juntamente com uma jovem do sitio São Sebastião, bem como Telma Teles Moreira também trabalhou no período com uma sala. Assim, Zeneide prossegue sua jornada, sempre ao lado de Dona Maria Brasil. Zeneide começa um trabalho voluntário com os idosos, e atualmente realiza esse trabalho social com muito zelo e carinho, dedica boa parte do seu tempo as pessoas da terceira idade, de forma incansável. Esse trabalho começou em 1985, e era conhecido com o “Abrigo dos Velhos”, depois “Forró de Maria Brasil”, mas na verdade hoje é uma casa de lazer, com trabalhos de artes. Zeneide sempre seguiu e segue as orientações de Dona Maria Brasil, seguindo os conselhos, observando, orientando. Assim são 35 anos de dedicação a um trabalho social que ajuda e muito as pessoas da terceira idade. Zeneide esclarece que fazia o trabalho paralelo do abrigo ao da escola.

Mas o tempo passa e Zeneide tem a oportunidade de prestar o concurso municipal de Brejo Santo para professora, determinada como é, dedica-se a estudar e graças ao Bom Deus ela é aprovada, e passa a ensinar no Centro de Educação Infantil Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento. Depois Zeneide passa a lecionar na Escola Padro Basilio como alfabetizadora, diz que alfabetizou 40 crianças e todas saíram lendo e escrevendo, inclusive isso foi motivo de premiação do estado como professora nota 10 e que para ela foi uma surpresa, não esperava. Revela seu amor pela docência, mas por forças das circunstâncias, problemas nas cordas vocais, dedica-se ao trabalho com os idosos.

      

Zeneide é casada com Joaquim Francisco há 25 anos e com o qual tem duas filhas Maria Hermínia Alves Amorim e Maria Tereza Alves Amorim.  No momento da conversa Zeneide agradece a Deus e ao Coração de Jesus, pelo esposo e pela família. Ela mesma alfabetizou suas filhas, inclusive Maria Hermínia, hoje Dra. Maria Hermínia Alves Amorim Advogada criminalista.  Quando Zeneide preparava o planejamento escolar, aos dois anos e seis meses Maria Hermínia ficava ao seu lado e assim, quando Zeneide deu por conta ela já estava lendo 75 palavras, e foi através de leituras de rótulos que conseguiu alfabetizá-las. Maria Hermínia pregava os rótulos na parede. Zeneide admira suas filhas, Maria Hermínia ao concluir a Faculdade já tinha prestado exame da OAB, bem como especialização pela URCA (Universidade Regional do Cariri). A Outra filha se chama Maria Tereza, nasceu no dia 08 de março, hoje com 21 anos, cursa direito na cidade de Cajazeiras na Faculdade São Francisco, é motivo de orgulho, principalmente por Deus conceder que sua filha nascesse no dia Internacional da Mulher. E assim suas filhas são pontuais na suas responsabilidades, ensinamento repassado por Zeneide.

Obrigada Zeneide por compor o cenário histórico de nossa cidade com sua contribuição ímpar em cuidar e amar os idosos, pessoas que precisam de atenção e carinho. Obrigada ainda por ser luz na vida de tantas pessoas. Deus e Nossa Senhora lhe cubra de bênçãos. A seguir Zeneide expressa palavras a todas as mulheres como forma de expressar a força de cada uma.