quinta-feira, 9 de abril de 2020

Durante pandemia, administrador cearense usa conhecimento para driblar crise.

O dito popular revela que, enquanto uns choram, outros vendem lenços. Literalmente, foi o que preferiu fazer o administrador David Cruz, 38 anos, proprietário de uma confecção no município de Cascavel (distante 62 km de Fortaleza).


O negócio do administrador foi atingido em cheio com a crise provocada pelo vírus chinês no País. "As coisas iam bem até o dia 18 de março, com pedidos, produção e vendas estáveis. Mas com o decreto do governador, as coisas mudaram de uma hora para outra", lembra.


Segundo David, o setor de confecção não tinha mais autorização para funcionar. "Além disso, começamos a receber telefonemas de clientes que queriam devolver as entregas que já haviam sido feitas, porque, pelo efeito dominó, eles não teriam como vender", explica.

A preocupação começou a crescer e a tensão quis comandar os brios do administrador. "Como é que se pagam as contas, os fornecedores, os salários se não tem faturamento?", questionou-se David.

Foi quando os conhecimentos adquridos na graduação em Administração começaram a sobressair. "Com a crise, pensei: o que é que o mercado está demandando e não tem? Já sei, máscaras de proteção", comemorou.

Da ideia para o plano de negócios, e daí para a execução foi um pulo. "Começamos a vender e utilizar a matéria-prima que tínhamos em estoque, depois fomos comprar no mercado outros itens, e o negócio começou a fluir", conta.

Foi preciso planejamento para driblar não só a crise, mas as condições necessárias para o trabalho. "Poderíamos produzir, mas sem aglomeração no chão de fábrica. O produto era outroa totalmente novo para nós: máscara de TNT e de tecido", diz.

David também precisou usar a expertise de administrador, com os conhecimentos em logística: "Tomamos a decisão de colocar as máquinas e o material nas casas das costureiras. Além disso, foi preciso equipar um motoqueiro dentro das normas sanitárias, para que ele pudesse fazer as entregas e recebimento de mercadorias".

Como nem tudo são flores na rotina do empresário brasileiro, David se deparou com outro problema. "Começou a faltar material para a produção. Com as lojas fechadas e sem pedidos, o mercado não tem mais para fornecer os itens necessários para a produção de máscaras. Para você ter uma ideia, não tem mais TNT branco no mercado do Ceará", revela.

David pede que as autoridades possam pensar numa solução para que o negócio possa dar seguimento. O empresário afirma que desde o início da crise não demitiu nenhum funcionário nem pensa em demitir. "Mas é importante que a gente possa continuar a produzir e vender. Hoje conseguimos manter 15 famílias em casa com renda sustentável. A dificuldade é a falta de matéria-prima, como elástico e tecidos. Toda a cadeia está comprometida devido a paralisação da indústria e comércio", diz.

Segundo o administrador, o produto pode ser vendido para lojas que estejam em funcionamento e até para prefeituras, que possam precisar dos EPIs para manter o pessoal de áreas essenciais na ativa e em segurança.

*Da redação do Blog do Farias Júnior, com CRA-CE.