EU TENHO MEDO
Nestes últimos dias tenho lido muitas postagens questionando a volta dos alunos à escola.
Entendo muito bem a preocupação da família, dos pais, dos educadores. É preocupante , sim. É tudo tão repentinamente novo que muitas vezes nos perdemos em indagações e medo do que há de vir.
Mas o que é realmente medo do novo, medo da mudança? Tais sentimento surgem da falta de imaginação, ou seja de nossa limitada capacidade para perceber o quanto o novo pode ser estimulante e motivador. Isto acontece porque fomos ensinados desde sempre a procurar por segurança, por situações que nos deixem acomodados e confortáveis.
Teimo em acreditar que estamos tendo uma oportunidade de testarmos nossa capacidade de enfrentamento.
No novo não existem respostas prontas. Não existem receitas. Por isso que alguns filósofos afirmam que o aprender está ligado a inocência e ao deslumbramento de uma criança.
Entretanto no medo optamos ouvir mentiras fofas do que duras verdade, e não apenas nos enganamos, como nos agarramos nessas histórias como se fossem verdades absolutas.
O medo nos leva a momentos de stress, de extrema vulnerabilidade. Perdemos sem notar o senso da realidade e passamos a considerar que o caos seja a realidade mais próxima. Esquecemos de algo essencial: a vida é movimento, e tem sua própria evolução natural! Fazemos parte de uma natureza que independentemente busca iluminação e evolução, mudança é o natural.
Rubem Alves certo dia confessou: Eu tenho medo. Eu sempre tive medo. Viver é lutar diariamente com o medo. Talvez esse seja o sentido a lenda de São Jorge, lutando com o dragão. O dragão não morre nunca. E a batalha se repete, a cada dia.
Por isso hoje em despeito do medo pergunto:
- O que são dias letivos em detrimento da vida?
- Se a aprendizagem se consolida de diversas formas porque nos preocupamos se temos a certeza que tudo pode recuperado, exceto a vida?
Concluo repetindo uma assertiva que li e que concordo plenamente: Não é questão política, é questão de saúde pública, é questão de salvar vidas. Elas não tem preço.
E saibam que coragem não é ausência do medo. É viver, a despeito do medo.
Por uma humanidade melhor!
Jacqueline Braga