quinta-feira, 28 de maio de 2020

COLUNA DA JACQUELINE - Tempus Fugit


Tempus Fugit


Hoje pus-me a refletir sobre tudo que vem acontecendo nestes últimos tempos.


Tempos em que precisamos clamar urgentemente pelo humano que ainda existe em nós.

Vejo tantos desmandos, desrespeito, desamor.

Fico indignada como em tempos  tão difíceis  ainda existam pessoas que o usam  para  disseminar discórdias, incertezas e insegurança.

Certa vez estudando o existencialismo deparei-me com uma assertiva que pode nos fazer mudar de atitude: A nossa única certeza  é que o nosso tempo de vida é limitado e que iremos, inevitavelmente, nos deparar com a nossa morte e com a morte de pessoas queridas. Muitas vezes nos esquecemos disso e perdemos tempo com detalhes e futilidades que não ocupariam tanto espaço em nossa vida se tivéssemos como horizonte a nossa finitude.  E é isso!

Lembro-me de dois termos da língua latina que gosto muito: carpe diem, aproveite o dia, e tempus fugit, o tempo foge.

Que tal pararmos um pouco para pensarmos sobre duas  palavras que podemos exercitar neste tempo de isolamento e estender por toda nossa existência?

Compaixão que  é  sentirmos dentro de nós o sofrimento do outro. Isto é, olhar para aquela pessoa que está sofrendo, eu, que não sofro, passo a sentir o sofrimento dela. É a gente se colocar no lugar do outro. 

Empatia  que significa a capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo.

Esta duas palavras  nos convida a olhar o mundo com os olhos do outro. A sermos menos frios, menos apáticos.  Compartilhar nossas emoções  e  tornar a nossa história – e a do outro - menos triste.

E assim que acontece a bondade!

Cecilia Meireles diz em um dos seus poemas: Se te perguntarem quem era essa que às areias e aos gelos quis ensinar a primavera? 

Rubem Alves explica: Ensinar primavera às areias e aos gelos é coisa difícil. Gelos e areias nada sabem sobre primaveras.., Pois eu desejaria saber ensinar a solidariedade a quem nada sabe sobre ela. O mundo seria melhor. Mas como ensiná-la? 

E eu reflito: Através da solidariedade. Uma entidade do mundo interior. Solidariedade nem se ensina, nem se ordena, nem se produz. A solidariedade tem de brotar e crescer como uma semente. É esse o sentimento que nos torna mais humanos.

E o mais importante é ter sem que o ter te tenha!

Por uma humanidade melhor!

Jacqueline Braga