sábado, 6 de junho de 2020

Interior - Estudantes criam canudo ecológico com cana-de-açúcar.


Pensando em reduzir os impactos ambientais causados pelo plástico, alunos da rede pública de Carnaubal, desenvolveram um canudo ecológico e sustentável a partir da cana-de-açúcar. A principal vantagem em relação ao material de plástico é ter um menor tempo de decomposição na natureza. Enquanto o tradicional pode passar centenas de anos para se decompor, o biodegradável leva de 3 a 5 meses.

Gilvânia Medeiros, professora de Biologia e gestora da Escola de Ensino Fundamental Cosme Rodrigues de Sousa, foi a responsável por orientar o projeto. “Quisemos dar uma solução viável, simples e sustentável. Pensamos em várias alternativas usando plantas da região e encontramos a cana-de-açúcar”, conta. Após isso, os alunos Antônio Robson do Carmo, Rafael França e Kaic Gomes, hoje no 9º ano, ‘botaram a mão na massa’.

O projeto foi desenvolvido durante a maior parte do ano de 2019. Em dezembro, a equipe ficou em 1º lugar na categoria Pesquisa Júnior do Ceará Científico, ação de fomento à pesquisa nas escolas da rede pública cearense.

“Quando nosso canudo se decompõe, já fica no solo para adubar”, resume Robson, um dos alunos.

Os canudos são feitos com as flores da cana, conhecidas popularmente como 'pendão', que tem em média 1,20 metro. O material é cortado em pedaços de 20 cm e colocado ao sol por até 15 dias. “Essa parte da cana, que é coletada durante o corte para venda, era descartada. Agora, ganhou uma grande utilidade”, explica Medeiros. Os outros produtos utilizados são de fácil acesso: algo para cortar, régua e luvas.

Canudos plásticos
No último dia 31 de maio, entrou em vigor em Fortaleza a lei municipal que proíbe a venda e o fornecimento de canudos plásticos. A lei foi sancionada em dezembro de 2019 e estabeleceu um prazo de seis meses para adaptação de comerciantes e consumidores à nova medida. Um Projeto de Lei (PL) que tramita na Assembleia Legislativa (AL) pretende estender a proibição a todo o estado.

Essa urgência por iniciativas que gerem alternativas foram um incentivo a mais para produção dos canudos em Carnaubal. “Aqui na cidade, sugerimos a algumas lanchonetes, que apoiaram e disseram que utilizariam o canudo feito da cana”, conta a professora que orientou o projeto. Porém, ela reconhece que não possuem equipamentos e recursos financeiros para patentear a ideia e produzir em larga escala.

"Buscamos, além de divulgar esta excelente ideia, que melhora a nossa vida e a do nosso planeta, torná-la nossa”, finaliza.

O Projeto de Lei que pretende proibir a comercialização de canudos de plástico no Ceará tramita na AL desde 2019. Autores do PL, os deputados Marcos Sobreira (PDT) e Renato Roseno (Psol) acreditam que estender as medidas para todo o estado é necessário.

"São urgentes as propostas que buscam auxiliar na mudança de hábitos que prejudicam o meio ambiente. Atualmente, no mercado há opções ambientalmente corretas que podem perfeitamente substituir esse plástico nos canudos", afirma Roseno.

"Somos favoráveis que a legislação, são só no Ceará mas em todo o Brasil, proíba o canudo plástico. Porém, mais importante do que a própria lei é a sua eficácia. É preciso uma nova mentalidade de consumo. Estamos tentando fazer isso com o Selo Empresa Sustentável, que premia empresas com boas práticas de desenvolvimento sustentável. É uma boa alternativa”, dialoga o secretário do Meio Ambiente do Ceará, Arthur Bruno.

Segundo a assessoria do deputado Renato Roseno, o PL já foi apreciado nas comissões e aprovado, mas duas emendas aguardam votação na Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Assembleia. Quando votadas, o texto irá a Plenário e, se aprovado, os estabelecimentos comerciais terão um ano para se adaptar à medida, e o descumprimento sujeitará a aplicação de multas.



*Da redação do Blog do Farias Júnior com dados do G1 CE. Para ler a matéria original, clique aqui