Solitas
Há livros que nos acompanham pela vida inteira. É nosso livro de cabeceira. É aquele livro que se transforma em amigo. Que você conversa via mente e coração e até questiona. Aquele livro que você folheia involuntariamente porque você sabe que vai encontrar algo para acender sua esperança. O meu livro de estimação é Pedagogia da Esperança, do mestre Paulo Freire.
Estes últimos dias, estava me sentindo muito ansiosa pelo o que “ a de vir”. Como educadora boa parte do meu tempo é dedicada a algo que me move: a educação. E não tem como se falar em educação, se não falar de gente. Relembro as palavras do poeta: gado, a gente ferra engorda e mata, mas com GENTE é diferente. O que faz a diferença é a nossa GENTETUDE.
E por ser feita por GENTE a Educação se torna um processo muito complexo, mas não deixa de ser encantadora.
Numa das páginas do livro, marcado em amarelo, coisa que sempre faço ao ler, estava escrito: Descobri a trama da minha dor. Percebi sua razão de ser. Me conscientizei das várias relações entre os sinais e o núcleo central, mais fundo, escondido dentro de mim. Desvelei o problema pela apreensão clara de sua razão de ser. FIZ A ARQUEOLOGIA DA MINHA DOR.
E é isso que todos nós que estamos vivenciando esta pandemia, estamos a fazendo: Uma arqueologia dos vários sentimentos que se apoderam de nós: a saudade é uma deles.
Ainda do livro, leio: Como lidar com a saudade sem permitir que ela vire nostalgia. Como inventar novas formas de viver e de conviver numa cotidianidade estranha... A educação da saudade. Saudade do que se foi!
Rubem Alves reflete: A alma anda para trás, navega ao sabor do suave sopro da saudade.
E finalizo com a poesia de Oswaldo Montenegro:
Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza
pois metade de mim é partida
a outra metade é saudade!
Por uma humanidade melhor!
Jacqueline Braga