sexta-feira, 9 de outubro de 2020

COLUNA DA HISTORIADORA FÁTIMA ALVES - O Nordeste da pluralidade

 

O Nordeste da pluralidade



Ontem dia 08 se comemorou o dia do nordestino. Esta data surgiu em homenagem ao nosso poeta Patativa do Assaré: “Não nego meu sangue, não nego meu nome, olho para fome e pergunto: o que há? Eu sou brasilêro, fio do Nordeste, sou cabra da peste, sou do Ceará...” Outra homenagem desta data foi a Catulo da Paixão Cearense: “não há o gente o não como o luar do sertão”. 

O Homem do nordeste não tem só características de fortaleza, mas de sabedoria. Não são homens e mulheres singulares, mas plural, tem o artista, os poetas, cordelistas, os comediantes, artesãos, as rendeiras, os vaqueiros, e os do sertão, das brenhas. São os negros, brancos, pardos, índios, mulatos, o Nordeste com vários Brasis. O Nordeste até em sua geografia difere, uma parte seca, outra verde, uma com águas outras sem. Mas resiste e sustenta o pais lá no Sudeste ou Sul com as mãos do nordestino que partiu do seu torrão como diz Luis Gonzaga na canção triste partida: “Faz pena o nortista, Tão forte, tão bravo, Viver como escravo, No norte e no sul” (Ai, ai, ai, ai)

Hoje trago um pouco do nosso Nordeste em uma história tão simples do cotidiano na história cotidiana. A filosofia de vida de quem vive no nordeste, cabra da peste, com sua poesia marcada na alma e na alegria de viver. 

Registro a conversa de um nordestino anônimo, homem simples e trabalhador. Ele puxou conversa, característica do nordestino e de repente falou: “O jovem diz que vive a vida. Vive nada, vivia a gente na nossa época, não tinha a correria, tinha trabalho e diversão, se divertia, mas trabalhando”. A conversa foi se estendendo e ele acrescentou: “Moto só falta uma letra pra morte. Hoje se vive menos, os jovens estão indo embora cedo demais, com 15, 16 anos não se chega aos 60 ou 80 anos. Viver correndo é viver bem? Viver bem era no nosso tempo, até os problemas de hoje são diferentes parecem maiores e difícil de resolver, antigamente eram mais fácil de enfrentar”. Concordei com ele e entendi direitinho seu vocabulário e sua filosofia de vida. Entendi que a modernidade não ajuda em nada se não tiver alma e empatia. Sua conversa está pautada de conhecimento que foge aos olhos do mais alto doutores da língua portuguesa, se houvesse mais tampo a conversa se estenderia.

 Assim é o nosso nordestino, escreve sua história com bravura e sabedoria. Conhece o sertão, a caatinga, vive na simplicidade, senta, conversa, sabe que o Nordeste é seu mundo do Luar do Sertão.  

Penso que esse senhor representa todos os homens e mulheres nordestinos, seja do campo, da vila ou cidade. Um nordestino único Seja doutor, artista, poeta, seja quem for e como dizia Patativa do Assaré:  “nordestino sim, nordestino não