quinta-feira, 29 de outubro de 2020

COLUNA DA JACQUELINE - A lei do amor.


A LEI DO AMOR

Neste último domingo, como sempre, assisto a missa com  Padre Júlio Lancelloti. Tenho uma grande admiração pelo pastoreio deste santo padre com os irmãos de rua.
Suas homilias nos fazem repensar a nossa verdadeira missão nesta vida terrena.
Ele focou na tríade norteadora da fé: Deus, o próximo e Eu. Se você não ama o irmão que vê, como amar a Deus que não ver?
O que confirma que não estamos amando a Deus? São tantas situações.
Começo a pensar sobre as mais de 155 mil vítimas da COVID no Brasil, não como número, mas como criaturas de Deus. Isso me causa uma profunda dor pois me traz uma certeza: estamos longe de amar a Deus. A tríade de nossa fé é bem diferente da de Deus: Eu, eu e de vez em quando Deus.
Faço uma correlação entre a teologia e a antropologia. Certa vez, um aluno perguntou à antropóloga Margaret Mead o que ela considerava ser o primeiro sinal de civilização em uma cultura.
Mead disse que o primeiro sinal de civilização numa cultura antiga era a evidência de alguém com um fêmur (osso da coxa) quebrado e cicatrizado. 
Mead explicou que no reino animal, se você quebrar a perna, morre, pois não consegue conseguir alimento e transforma-se em carne fresca para os predadores.
Um fêmur quebrado que cicatrizou é evidência de que alguém empregou tempo para ficar com aquele que caiu, tratou da ferida, levou a pessoa à segurança e cuidou dela até que se recuperasse. Ajudar alguém durante a dificuldade é onde a civilização começa disse Mead. Civilização é ajuda comunitária. 
Neste contexto civilização é exercitar a Empatia, é viver o amor . Surge outro questionamento : somos civilizados?
Padre Júlio conta que numa ação de despejo aos moradores de rua de São Paulo, solicitou a responsável para deixá-los dormir ali naquela noite enquanto providenciava outro lugar. A responsável respondeu que não poderia atendê-lo  pois iria desfigurar o serviço. E o padre questiona: não pode desfigurar o serviço mais pode desfigurar o Cristo que está em cada morador de rua?
Este fato narrado em forma de lamento me fez refletir : se o próprio Jesus resumiu mais de 600 mandamentos, que era o que existia no antigo testamento, em apenas um, o amor, por que colocamos a lei acima do amor?
Deus não está acima de nós, ele está entre nós. Recebo esta certeza pela voz firme do padre Júlio.
No final da missa ele exorta sobre o dia de finados, dia 02 de novembro. Não precisa ir ao cemitério, reze pelos seus entes queridos em casa. O tempo nos perde isso.
E nos faz um apelo através da CNBB: Plante uma árvore em honra dos seus falecidos!
Como o amor consegue transformar momentos tão difíceis em gestos de encantamento.
Finalizo convidando a cada leitor a fazer essa experiência de amor. 
Que a alegria do Senhor seja sempre nossa força, apesar de toda tribulação!
Por uma humanidade melhor!
Jacqueline Braga