terça-feira, 20 de outubro de 2020

Com apoio da Funcap, pesquisadores desenvolvem app de informações sobre saúde mental

Drogas, suicídio, redução de danos, temas que demandam cada vez mais atenção, atualmente, também estão entre os que, por serem tabus, sofrem com o desconhecimento generalizado sobre sintomas, tratamentos mais modernos e as formas possíveis de convívio com pessoas que apresentam algum problema de saúde mental. Foi para contribuir com a mudança desse quadro que pesquisadores do Grupo de Estudo e Pesquisa Saúde Mental e Cuidado (GESAM) e da Liga Interdisciplinar em Saúde Mental (LISAM), ambos da Universidade Vale do Acaraú (UVA), em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC), desenvolveram um aplicativo cujo objetivo é, principalmente, trazer mais informações sobre esse universo.

Multidisciplinar, o trabalho contou com a participação de alunos dos cursos de Enfermagem e Ciências da Computação, da UVA, e Engenharia da Computação, da UFC. Coordenado pela professora Eliany Oliveira, da UVA, o projeto tem o título “Saúde Mental e Risco de Suicídio em Usuários de Drogas” e foi apoiado pela Funcap por meio do Programa de Bolsas de Produtividade em Pesquisa, Estímulo à Interiorização e Inovação Tecnológica (BPI). O financiamento veio através de bolsas para alunos de iniciação científica e de bolsas de produtividade para a coordenação do projeto, além de recursos para despesas como equipamentos, itens de consumo necessários para as pesquisas e contratação de serviços profissionais, dentre outros.

Disponível na plataforma Android, o aplicativo ganhou o nome de Sertão Bom, uma referência ao entorno da região onde se encontra a UVA, e um trocadilho com a expressão “ser tão bom”, ressaltando o objetivo dele ser um desafio para quem deseja saber mais sobre o tema saúde mental. É um jogo no estilo quiz (perguntas e respostas objetivas, para escolher uma entre quatro opções disponíveis) que, por ser de concepção simples, pode ser executado até em aparelhos menos sofisticados e com pouca memória, o que o deixa bastante acessível. Além disso, ele foi projetado para, depois de baixado no celular, poder ser acionado sem acesso à internet, o que também facilita o uso.

O início do programa apresenta uma roleta que aborda três categorias principais: Drogas, Suicídio e Redução de Danos. As categorias são escolhidas de forma aleatória através da roleta, com a qual o jogador decide quando começar e quando parar. “Ele tem o objetivo de conscientizar sobre o risco de suicídio entre pessoas que fazem uso abusivo de drogas e traz reflexões relacionadas à estratégia de redução de danos, um aspecto de extrema importância para o cuidado humanizado”, explica a professora.

Eliany lembra que as perguntas foram elaboradas para se integrarem, ou seja, para formarem um conjunto que possa mostrar, ao longo das atividades do jogo, como o abuso de drogas tem relação com o risco de suicídio e com as estratégias de redução de danos. A expectativa é que ele seja usado em conjunto com manuais, protocolos e cartilhas para otimizar os conteúdos e o aprendizado sobre os temas.

O cenário do jogo se passa em meio ao sertão. “Isso tem como objetivo homenagear e exaltar o regionalismo nordestino”, explica a pesquisadora. Visualmente, o aplicativo traz alguns elementos típicos, como cores quentes, plantas e a geografia da paisagem. Esse design, que promove a familiaridade com os habitantes da região Nordeste, também vai ao encontro do objetivo do jogo, que é promover a discussão sobre saúde mental de uma maneira lúdica e didática, não só entre quem sofre ou é parente de pessoas com algum distúrbio, mas com toda a população.

Outro importante aspecto do aplicativo é o que trata do conteúdo, elaborado a partir do conhecimento técnico dos pesquisadores do GESAM. Após a construção do jogo, houve a fase de validação, que foi dividida em duas etapas: análise das perguntas, feita por especialistas nas temáticas abordadas (drogas, redução de danos e suicídio), e avaliação do produto final do quiz.

Na primeira etapa foi feito um formulário de avaliação para cada uma das perguntas. Para a segunda etapa, criou-se outro formulário no qual os especialistas em saúde mental avaliaram características gerais, organização e estilo da escrita do jogo. Também nessa segunda etapa foram analisados, por especialistas em Computação, aspectos técnicos como funcionalidade, usabilidade e eficiência do quiz.

Já disponível no Google Play, o Sertão Bom entrou na etapa final de avaliação, feita pelos usuários da sociedade. “Essa fase é de fundamental importância para o aprimoramento da versão definitiva a partir das sugestões que forem propostas”, explica a professora Eliany. A expectativa é de que essa última versão esteja disponível no primeiro trimestre de 2021. Segundo os pesquisadores, por uma questão de redução de custos, não será desenvolvida uma versão para iOS. O aplicativo pode ser baixado no endereço play.google.com/store/apps/details?id=com.DuMi.SertaoBom.

Criado a partir de vários estudos dos grupos de pesquisadores da UVA que constataram a forte relação entre abuso de drogas e suicídio, o aplicativo tem potencial, segundo eles, de fazer com que as pessoas, ao jogarem, aumentem seus conhecimentos sobre essa relação. “Além disso, esperamos que, por meio do app, a população conheça os serviços públicos que podem ser acessados para tratar do problema, os fatores de risco e de proteção associados e, por fim, possa identificar estratégias para se ajudar”, conclui Eliany.


*Da redação do Blog do Farias Júnior com dados do Governo do Estado do Ceará.


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