A pandemia tem acelerado muitas transformações ao redor do mundo. A forma como as pessoas consomem conteúdos é uma delas. De acordo com o mais recente relatório da empresa de medição de mídia DoubleVerify, 67% dos consumidores tendem a se envolver com um anúncio no site de um editor que eles conhecem e confiam.
A pesquisa realizada com mais de 10 mil pessoas na França, Alemanha, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos teve por objetivo avaliar os comportamentos e atitudes dos entrevistados em relação ao conteúdo e publicidade durante a pandemia de 2020.
E uma das conclusões do estudo que, em tradução livre para o português, seria "Quatro mudanças fundamentais na mídia e na publicidade em 2020" são que, durante a pandemia, o tempo gasto pelas pessoas consumindo conteúdos, em média, pulou de 3 horas e 17 minutos por dia, para 6 horas e 59 minutos.
Isso ocorreu em todos os tipos de conteúdo e canais pesquisados, mas o maior aumento foi observado nas redes sociais (48%), seguido pelos sites de notícias (47%). A receita de assinatura, tanto nos serviços de streaming de vídeo, como nos setores de mídia online (incluindo jornais e revistas), cresceram, em média, entre 9 e 14% em comparação ao mesmo período do ano passado.
Os leitores também estão dando importância maior a fontes de notícias confiáveis e isso acaba refletindo na forma como as pessoas se relacionam com os anúncios. Para 55% dos entrevistados, por exemplo, ver uma marca anunciada ao lado de conteúdo falso tem um impacto negativo nas compras futuras.
De acordo com o relatório da Double Verify, o uso de segmentação contextual permite que as marcas melhorem o desempenho da campanha, alcançando consumidores com base na relevância do conteúdo que estão consumindo. "Essa precisão também ajuda os editores a monetizarem o conteúdo, potencialmente abrindo escala e alcance adicionais para a campanha", indica o relatório.
Outro dado trazido pela pesquisa é que, apesar de uma abertura maior das pessoas aos anúncios relevantes, há o entendimento que a adequação de marca é fundamental. Para 41% dos entrevistados, por exemplo, é apropriado marcas de saúde anunciarem ao lado de conteúdo relacionado à pandemia, mas apenas 18% disseram o mesmo para marcas de viagens. Entender este alinhamento constituiria uma vantagem competitiva, em termos de fidelidade à marca e de perspectiva comercial.
Na avaliação da consultora de marketing, Gal Kury, essa mudança de comportamento do consumidor se aplica à realidade brasileira. Para ela, como as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa, e na internet, passaram a consumir também mais informação. Mas como nem sempre esse volume de informação é confiável, há uma necessidade de fazer uma melhor triagem, o que tem resultado em uma espécie de "redescoberta" e valorização dos grandes portais de notícia.
"Vejo também que as pessoas estão dispostas a consumir uma diversidade maior de informações. Por exemplo, a quantidade de pessoas que quiseram se informar sobre o debate das eleições norte-americanas no Brasil foi impressionante, isso não acontecia em outros momentos. E as marcas que souberam criaram estratégias de maior interação, criando conteúdos de qualidade, em portais confiáveis, estão conseguindo se sobressair".
Ela destaca que alguns padrões de consumo também estão sendo revistos na pandemia, o que aliada às novas soluções de entrega, e crescimento do e-commerce, têm ampliado o leque de possibilidades de comunicação. "As marcas encontraram novas maneiras de falar com as pessoas".
O professor de publicidade da Universidade Federal do Ceará (UFC), Chico Neto, destaca que um dos reflexos da pandemia são que, diante da busca por soluções aos problemas do dia a dia, as pessoas estão aprendendo a usar melhor as diferentes tecnologias de comunicação. "Assim, passamos a buscar, também no virtual, relacionamentos mais confiáveis e conhecer quais seriam as formas mais seguras de acessar produtos, serviços, pessoas e instituições".
*Da redação do Blog do Farias Júnior, com O Povo +.
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